Por Giovanna Riato
Para a industria automotiva, já é parte da rotina ver os carros vendidos em determinados mercados serem submetidos a testes de segurança como Euro NCAP e Latin NCAP. O próximo passo agora é criar uma nota de cibersegurança para os carros.
“As montadoras são radicalmente contra isso. Mas, com o tempo, o consumidor vai pressionar e exigir mais transparência”, avaliou Jennifer Tisdale, CEO da Grimm, empresa especializada em ciberseguranca.
Ela participou de debate sobre o tema no South by Southwest (SXSW), festival de inovação que acontece no Texas, nos Estados Unidos, até 15 de março.
Cibersegurança dos carros deve pautar a indústria
Ela defende que as fabricantes de carros precisam abraçar a conversa sobre cibersegurança publicamente. Só assim vão gerar confiança no consumidor e mapear todas as vulnerabilidades.
Erin Relford, engenheira de privacidade do Google, lembra que os carros têm muitos pontos de contato e possíveis riscos à segurança de dados.
“Há as informações de geolocalização, a sincronização com o smartphone e tudo o que você faz dentro do veículo. Precisamos conduzir o consumidor para entender onde estão os riscos para que ele decida se concorda”, aponta.
Para a especialista do Google, acima de toda a tecnologia, a verdadeira inovação quando se trata de cibersegurança no setor automotivo está na maneira como tudo será regulamentado. Nos Estados Unidos, por exemplo, há legislações estaduais, mas não existe uma visão federal para o tema.
Investidores exigirão cibersegurança nos carros
Além do consumidor, há uma outra pressão para que as empresas garantam a segurança de dados dos seus veículos: os investidores.
“Eles serão um vetor importante para o compromisso das fabricantes de veículos com o tema”, aponta Regina Savage, managing diretor do Morgan Stanley.
Ela lembra que o mercado financeiro tende a fugir de riscos e um eventual escândalo de segurança de dados no setor automotivo pode afugentar o capital do segmento. Segundo Regina, o momento é delicado para o tema.
“Até agora, as montadoras buscam cibersegurança até porque sempre têm interesse em fazer uma nova venda para o mesmo cliente. Mas não sabemos o que pode acontecer se os dados dos clientes começarem a gerar mais receitas para essas empresas do que a própria venda dos carros.”
Fonte: Automotive Business