Demanda por crédito avança pouco e ritmo de crescimento cai

Indicador cresceu apenas 0,6% em março, diz a Boa Vista. Tendência de redução deve continuar, já que o cenário econômico não apresenta melhora, elevando o risco nas operações de crédito (Da equipe de jornalistas do Diário do Comércio)
Demanda por crédito avança pouco e ritmo de crescimento cai

O indicador da Boa Vista de Demanda por Crédito do Consumidor avançou 0,6% entre fevereiro e março, após ter recuado 4,3% no mês anterior. Na comparação dos resultados trimestrais, a demanda por crédito no 1º trimestre de 2022 aumentou 4,2% em relação ao último trimestre de 2021 na série de dados dessazonalizados, e 13,5% em relação ao 1º trimestre de 2021, na série de dados originais. Na comparação interanual, foi observada alta de 6,8%, e o resultado acumulado em 12 meses passou de 12,5% para 13,6%.

De acordo com a Boa Vista, a variação nos números foi maior no segmento financeiro, de 1,0% na comparação mensal e de 12,8% na interanual. Contudo, a curva de longo prazo, medida pela variação acumulada em 12 meses, começou a desacelerar e agora aponta crescimento de 23,2%, ante 24,2% na leitura anterior.

Já o segmento não-financeiro cresceu menos nas duas bases de comparação, 0,4% em relação a fevereiro, e 2,8% ante março do ano passado. Porém, continuou em trajetória de crescimento acelerado em 12 meses acumulados, passando de 4,5% para 7,1%. Isso também se viu na comparação dos trimestres móveis, dado que o segmento não- financeiro subiu 6,1% enquanto o segmento Financeiro subiu 1,4% na mesma base de comparação.

Flávio Calife, economista da Boa Vista, afirma que já era esperada uma redução no ritmo de crescimento do indicador no acumulado em 12 meses – o que já começou a ser percebido no segmento Financeiro.

Em sua avaliação, a tendência continua sendo esta, dado que o cenário econômico não apresentou nenhuma melhora até aqui, e isso só tem elevado os riscos nas operações de crédito. Já as pressões inflacionárias da guerra entre a Rússia e Ucrânia já se transformaram em números, e o primeiro dado não foi bom.

Em março, o IPCA subiu 1,62%, e fez com que o resultado acumulado em 12 meses atingisse a marca de 11,30%. Isso contribuiu para que as projeções de inflação caminhassem para cima e, embora o Relatório Focus mais recente aponte inflação de 6,86% ao fim do ano, “já se fala em aumento dessa projeção para 7,5% na média”, diz Calife.

Ainda de acordo com o economista, soma-se a tudo isso os prováveis impactos da desaceleração da economia chinesa no mundo em função do novo surto de covid-19 no país, e o aperto monetário nos EUA, que já começou, mas deve ganhar mais força nos próximos meses, dado que a inflação também tem sido um problema por lá.

“Todos esses fatores, juntos, tendem a pressionar a taxa básica de juros, a Selic, ainda mais para cima”, avisa.

Fonte: Diário do Comércio – Foto: Thinkstock

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