- FecomercioSP acredita que elevação continuará no início deste ano, em razão da inflação de carnes e leite; momento é de alerta para o consumo, mesmo com desemprego baixo
O custo de vida das famílias mais pobres da Região Metropolitana de São Paulo (RMSP) subiu acima da média geral em 2024, segundo dados da pesquisa Custo de Vida por Classe Social (CVCS), elaborada mensalmente pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP).
Considerando todos os estratos sociais em conjunto, a alta foi de 4,97% na região — taxa que foi de 5,14% para a classe E, idêntica à da classe D. Já entre os mais abastados, a variação foi de 4,7% (classe A) e 4,87% (classe B) [tabela1]. Na análise da Federação, isso se explica, sobretudo, pela alta expressiva do grupo de alimentos e bebidas (7,42%) no acumulado do ano, cujos itens pesam mais no orçamento das famílias mais vulneráveis. Pelos dados da Entidade, a categoria compromete cerca de 30% dos rendimentos da classe E.
[TABELA 1]
Custo de vida na Região Metropolitana de São Paulo (2024)
Recorte por classe social
Fonte: IBGE/FecomercioSP
Só em dezembro, os preços dos alimentos e das bebidas subiram 1,81%, estimulados pelas festas de fim de ano, que pressionam alguns itens. Foi o caso das carnes, que ficaram 7,03% mais caras no último mês do ano passado, assim como o óleo de soja (6,3%) e o leite em pó (2,1%). Considerando a tendência do mercado, esses aumentos devem permanecer pelos próximos meses [tabela 2].
[TABELA 2]
Custo de vida na Região Metropolitana de São Paulo (2024)
Recorte por grupo
Fonte: IBGE/FecomercioSP
Mas não é apenas isso. Os preços do grupo de transportes também subiram substancialmente ao longo do ano passado, fechando o ano com elevação de 4,91%. Da mesma forma, é um tipo de despesa que afeta mais as classes baixas, que gastam recursos com combustível e com o sistema público, como ônibus e trens, principalmente.
[GRÁFICO 1]
Variação do custo de vida na Região Metropolitana de São Paulo (2023–2024)
Fonte: IBGE/FecomercioSP
Para se ter uma ideia, em dezembro, a alta no custo dos transportes para a classe E foi três vezes maior do que para a classe A: 1,16% contra 0,40%. Isso se explica pelos reajustes nos preços do etanol e nos bilhetes do sistema coletivo, que pesam no bolso dos mais pobres. É assim, então, que, para a classe E, a variação do grupo de alimentos e bebidas foi de 8,24% no acumulado de 2024, enquanto para a classe A foi de 7,26%. No caso dos transportes, a alta foi de 5,53% para a E e de 4,12% para a A.
Diante desse cenário, as perspectivas da FecomercioSP para 2025 não são tão animadoras: com carnes, leite e derivados em alta, sem contar as frutas, a expectativa é de que o custo de vida siga em alta. É um momento de alerta para o consumo em geral, mesmo considerando a conjuntura de desemprego baixo (6% no fim do ano passado), porque a inflação de produtos e serviços tendem a diminuir o ímpeto das famílias de consumir.
Nota metodológica CVCS
O Custo de Vida por Classe Social (CVCS), formado pelo Índice de Preços de Serviços (IPS) e pelo Índice de Preços do Varejo (IPV), utiliza informações da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) do IBGE e contempla as cinco faixas de renda familiar (A, B, C, D e E) para avaliar os pesos e os efeitos da alta de preços na região metropolitana de São Paulo em 247 itens de consumo. A estrutura de ponderação é fixa e baseada na participação dos itens de consumo obtida pela POF de 2008/2009 para cada grupo de renda e para a média geral. O IPS avalia 66 itens de serviços, e o IPV, 181 produtos de consumo.