Por Victor Bianchin
Durante o evento Smart City Expo Curitiba, que aconteceu na capital paranaense na última semana de março, os Correios realizaram a primeira entrega simbólica via drone do Brasil. O momento é um marco importante do projeto, que pretende desenvolver rotas para a entrega via drones em todo o país.
O transporte de cargas via drone é uma parceria entre a Atech, empresa da Embraer que desenvolve sistemas de gestão e controle de tráfego aéreo, e a Prefeitura de Curitiba, por meio da Agência Curitiba de Desenvolvimento e Inovação.
Os Correios foram convidados a entrar no projeto em janeiro – eles, junto com a Speedbird Aero, fabricante do drone, vão participar com informações necessárias para a criação de um sistema de entregas.
Drone de entregas foi desenvolvido no Brasil
O drone utilizado na entrega simbólica tem tecnologia 100% nacional e suporta até 35 quilos. Por enquanto, as regras da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) não permitem que esse tipo de drone voe sobre pessoas
Portanto, a rota escolhida evitou os caminhos usados por pedestres, decolando da Praça Afonso Botelho e sobrevoando a Ligga Arena com o uso do sistema BVLOS (sigla para Beyond Visual Line of Sight, em que o piloto não tem contato visual direto com o veículo).
O pouso foi feito no local previsto na área externa do estádio, onde estava a exposição do Tomorrow Mobility, evento dentro do Smart City Expo Curitiba, que debate e apresenta soluções para a mobilidade do futuro. Dois carteiros participaram da entrega da encomenda, na decolagem e no pouso do drone.
A Atech já desenvolve a tecnologia há três anos e pretende, no longo prazo, operar comercialmente em Curitiba fazendo entregas com drones. Para isso, precisa desenvolver a tecnologia.
“É como se a gente estivesse pavimentando as estradas do céu”, afirmou no evento Rodrigo Persico, CEO da empresa.
“A gente vai ter aerovias definidas, rotas definidas e qualificadas, seguras e homologadas para que a gente consiga ter o trânsito de drones, e com isso as operações, que também precisam ser sustentáveis comercialmente, de maneira mais adequada. Então o projeto, em Curitiba, é conseguir estudar essas rotas, fazer testes piloto e aprimorar o software”, disse ele.
A revolução dos drones
No mundo todo, já começam a aparecer exemplos de operação comercial de entrega com drones. Nos EUA, a Amazon oferece o Prime Air em alguns estados, enquanto o Walmart, em parceria com a Wing (empresa do Google), já atende 60 mil residências com drones no Texas.
Outros países, como China, Irlanda e Noruega, também têm projetos. No Brasil, o iFood foi autorizado pela Anac a testar a entrega de alimentos com drones em Aracaju.
A adoção das entregas por drones pode revolucionar a mobilidade ao tirar veículos das ruas. Só na cidade de São Paulo, por exemplo, são 807 mil viagens diárias relacionadas ao transporte de cargas e entre 3,36 milhões e 4,2 milhões as viagens diárias feitas de moto ou bicicleta para entregas.
“O delivery por drones vai se tornar realidade em todas as cidades do mundo e vai diminuir o tempo de entrega, tirar veículos das ruas, melhorar a mobilidade urbana e a segurança no trânsito. Por isso, temos de trabalhar em conjunto, os governos e as entidades privadas para que se desenvolva esse sistema dentro da regulamentação”, disse Eduardo Pimentel.
A parceria da Prefeitura com a Atech foi possível pelo Sandbox Regulatório de Curitiba, criado por decreto municipal em 2021 e que autoriza, de forma experimental e temporária, testes de produtos e serviços inovadores na cidade, sem a necessidade da totalidade de licenças e alvarás normalmente exigidos.
Fonte: Automotive Business