Por Vitor Matsubara
A Leapmotor vai reforçar o time das montadoras chinesas estreantes no Brasil. A marca de carros elétricos do grupo Stellantis estreia por aqui no segundo semestre, ainda sem data confirmada.
Entretanto, Automotive Business aproveitou a estadia na China para conhecer (e dirigir) os carros da Leapmotor, que se intitula “a única marca chinesa com mais de 50 anos de Brasil”.
Esse discurso, evidentemente, pega carona na expertise da Stellantis no mercado brasileiro. Afinal, a dona de marcas como Fiat e Jeep entende bastante do nosso mercado e suas peculiaridades.
C10 será um dos carros da Leapmotor no Brasil
A Leapmotor vai lançar quatro carros no Brasil nos primeiros dois anos de operação. Destes, três serão SUVs e dois deles já são conhecidos: B10 e C10 estão com passaporte carimbado para cá.
O C10 foi o primeiro modelo da Leapmotor a ganhar projeção internacional. Também foi flagrado em testes pelas estradas brasileiras com uma leve camuflagem.
Pertence à categoria dos D-SUVs, a qual tem modelos como Jeep Commander e Toyota SW4 no Brasil. O C10 tem 4,74 metros de comprimento, 1,68 m de altura e 1,90 m de largura. A distância entre eixos é de ótimos 2,82 m, que lhe rende um generoso espaço traseiro.
O design é minimalista ao extremo e carece até de um pouco de identidade. Há um pouco de generalismo em suas linhas, mal que acomete a maioria dos recentes SUVs elétricos chineses. De toda maneira, nota-se inspiração nos novos Porsche Macan e Cayenne.
Porém, vale ressaltar que o resultado final não é ruim – muito pelo contrário. O C10 tem visual elegante e até sofisticado. Há quem veja alguma semelhança com os Stormtroopers da saga “Star Wars” na dianteira. Atrás, as lanternas ocupam toda a largura da carroceria e abaixo há apenas o nome “Leapmotor” grafado por extenso.
Cabine do C10 tem poucos botões e acabamento sofisticado
O minimalismo se repete do lado de dentro. Há pouquíssimos botões físicos e duas telas bem vistosas: a do painel digital tem 10,25 polegadas e a da central multimídia é de 14,6 polegadas.
Curiosamente, não há suporte a Android Auto nem Apple CarPlay. Isso certamente vai mudar (espero) nos veículos vendidos no Brasil.
Várias funções são acessadas apenas pela tela maior. Algumas são controladas pelos dois botões rotores que ficam no volante, exatamente como nos carros da Tesla. Muita gente não liga em ajustar os espelhos retrovisores sem os tradicionais comandos físicos. Mas outros não gostam disso – inclusive eu.
Fiquei impressionado pelo acabamento de qualidade superior. Destaque para os materiais empregados, inclusive com superfícies macias ao toque dos dedos por todos os lados.
Os bancos são extremamente confortáveis, sobretudo o do motorista. Parece que você está sentado em uma poltrona, de tão aconchegante. Pense em um nível de sofisticação semelhante aos modelos mais caros da BYD. Até o som do fechar das portas é mais abafado para transmitir solidez.
B10 pode ser campeão de vendas entre os carros da Leapmotor no Brasil
O B10 é um utilitário esportivo médio (da categoria C-SUV), embora seja ligeiramente maior do que Jeep Compass e Toyota Corolla Cross. São 4,52 m de comprimento, 1,89 m de largura, 1,66 m de altura e uma distância entre eixos de 2,74 m.
O design segue a identidade do C10. A cabine repete a temática externa com linhas limpas e poucos botões. O par de telas chamam atenção: a do painel de instrumentos tem 8,8 polegadas e a da central multimídia é de 14,6 polegadas. Ambas são gerenciadas por um chip Qualcomm Snapdragon 8295.
Até agora, o B10 fez sucesso nos mercados onde foi lançado. Na China, ele teve mais de 15 mil pedidos apenas na primeira hora de pré-venda.
Por lá, o B10 tem um motor elétrico de 218 cv e 24,5 kgfm. É oferecido com duas opções de bateria: a de 56,2 kWh tem autonomia de 380 km pelo ciclo WLTP e a de 67,1 kWh faz o SUV rodar até 460 km.
C16 tem conforto de carro de luxo
Apesar de ter confirmado o C10 e o B10, a Leapmotor disponibilizou apenas o C16 (cuja venda no Brasil não está oficializada) para test-drive.
O primeiro contato aconteceu no Autódromo de Zhejiang, que fica a pouco mais de uma hora de Hangzhou. Vale ressaltar que, mesmo sendo uma pista regional, o autódromo tem homologação de grau 2 pela FIA, a única abaixo da graduação máxima exigida nas provas de Fórmula 1.
Sendo assim, o local pode receber várias categorias do automobilismo. Dias antes, por exemplo, a Ferrari havia organizado um evento com clientes.
Bom, mas voltando ao C16, ele é um D-SUV com três fileiras de bancos e seis lugares individuais. São poltronas com apoio de braço e densidade bastante apropriada de espuma para acomodar os mais diversos biotipos.
O carro tem 4,91 m de comprimento, 1,90 m de largura, 1,77 m de altura e 2,82 m de entre-eixos. No teto fica instalado uma vistosa tela para servir às duas fileiras de bancos de trás.
Na China, o C16 usa motor elétrico traseiro de 292 cv e 36,7 kgfm de torque instantâneo. Esse deve ser o conjunto do C10 importado para o Brasil – as unidades chinesas tinham um propulsor de 218 cv e 32,6 kgfm.
Ambos são oferecidos com a tecnologia REEV, sigla para veículo elétrico de autonomia estendida, em tradução livre do inglês. Ela usa um motor de combustão que não traciona as rodas, e sim opera como um gerador de energia para o motor elétrico.
A autonomia do C16 é de 520 km com a bateria de 67,7 kWh e 580 km se a bateria for de 74,9 kWh.
Desempenho agrada, mas suspensão é mole demais
Nosso test drive aconteceu sob uma chuva torrencial, o que prejudicou consideravelmente a experiência ao volante do C16. Mesmo assim, percebi um veículo com rodar bastante suave e silencioso. Desempenho agrada, com respostas prontas e aceleração de 0 a 100 km/h em 6,4 segundos.
Apenas o comportamento nas curvas ficou abaixo da expectativa – e isso vale com ou sem pista molhada. A suspensão tem calibragem bem ao gosto do consumidor chinês, ou seja, excessivamente mole e que deixa a carroceria inclinar demais.
Assim como várias marcas chinesas fazem antes de importar seus carros, a engenharia da Stellantis deve realizar uma calibragem mais precisa para chegar a um ajuste adequado à preferência do brasileiro.
Fonte: Automotive Business
