Comissão de Estudos de Qualificação de Balconistas de Peças e Acessórios para Veículos inicia aprimoramentos nos processos dos comércios de componentes automotivos regidos por parâmetros de qualidade e eficiência
Na primeira reunião de trabalho da Comissão de Estudos de Qualificação de Balconistas de Peças e Acessórios para Veículos, realizada on-line pela ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas, órgão responsável pela normalização técnica no Brasil, 17 profissionais do setor automotivo, entre eles representantes da indústria, distribuição, varejo, reparação, consultores, imprensa especializada, entidades e lideranças do varejo de autopeças do Brasil, encaminharam as primeiras decisões para a sequência dos trabalhos da norma.
Coordenada pelo presidente da Associação dos Sincopeças do Brasil, Ranieri Leitão, com secretaria do diretor da Alvarenga Projetos Automotivos, Luiz Sergio Alvarenga, encarregado de liderar o processo de elaboração da norma, a Comissão de Estudos definiu de imediato, por unanimidade, a mudança do nome “Balconista” para “Vendedor” de autopeças. Como explicou Alvarenga, essa determinação, embora pareça simplória, identifica a mudança de patamar alcançada pelo profissional balconista em sua atividade diária, especialmente a partir da introdução das novas tecnologias digitais, que expandiu a função de simples atendente para uma área mais relevante envolvendo a parte comercial.
Outros detalhes do texto-base definido pela Comissão de Estudos serão discutidos na próxima reunião, agendada para 24 de março, quando se espera a participação de maior número de profissionais envolvidos com o tema.
Ouça a íntegra do depoimento de Luiz Sergio Alvarenga sobre a primeira reunião da Comissão de Estudos de Qualificação de Balconistas de Peças e Acessórios para Veículos:
Breve histórico
A Comissão de Estudos de Qualificação de Balconistas de Peças e Acessórios para Veículos foi instalada pela ABNT em janeiro deste ano, na Câmara Brasileira de Comércio de Peças e Acessórios para Veículos da CNC – Confederação Nacional do Comércio, com a presença de representantes do Sincopeças-SP, Associação dos Sincopeças do Brasil, Associação Nacional dos Distribuidores de Autopeças e Alvarenga Projetos Automotivos. O objetivo é definir a primeira NBR para o varejo de autopeças que, na prática, representará um pontapé inicial para futuros aprimoramentos nos processos internos dos comércios de componentes automotivos regidos por parâmetros de qualidade e eficiência providos pela ABNT.
Como explicou Luiz Sérgio Alvarenga, a importância de uma norma para o balconista de autopeças é a criação de padrões e requisitos no campo da organização. “Do ponto de vista do profissional, o balconista já começa a interagir com uma palavra mágica que é a organização. Ele terá mais controle do passo a passo da atividade e do papel que ele desempenha”, diz.
Segundo Alvarenga, o mercado brasileiro de reposição já está acostumado com normas ABNT para serviços técnicos e a norma específica para o balconista também está ligada ao tema. “Tivemos um pioneirismo com a primeira norma de qualificação do mecânico que, de alguma forma, entra no campo de algumas habilidades e capacitações necessárias que a norma do balconista irá seguir, como por exemplo recomendações de nível de instrução e capacitação, que não são técnicas, mas conferem um norte sobre as competências que se deve ter para assumir as funções de balconista de autopeças”, avalia.
Ganho de qualidade para empresas e profissionais
Entre os benefícios imediatos que a normalização trará para esses profissionais está uma política mais clara de cargos e salários, com uma relação muita mais transparente entre empresários do varejo e seus colaboradores balconistas. “De imediato cria-se uma situação de meritocracia que pode ser construída nessa relação, como também de capacitação profissional, identificando habilidades ou deficiências que determinado profissional tenha e assim direcionar com maior assertividade sua capacitação, seja por iniciativa da empresa ou do próprio profissional, o que gera um ganho de qualidade entre as partes”, define Alvarenga.
Como complemento dessa base estruturada entre profissional e empresa, Alvarenga detalha que a qualificação cria uma certificação de competências, também chamada de certificação profissional, acreditada pelo governo brasileiro, promovida pela Organização Internacional do Trabalho, onde o Brasil é signatário. “Existem vários testes para certificação de competência que proporcionarão forte impulso ao balconista e na projeção da sua ocupação, bem como na atividade do varejo de autopeças no Brasil”, acredita.
Ponta do iceberg para nova normas
Para as próximas reuniões, previamente agendadas para as últimas quartas-feiras de cada mês, serão convidados a participar todos os elos da cadeia, desde indústrias, distribuidores, varejistas, oficinas, até entidades como IQA, Senai, Senac, além da imprensa especializada e do próprio profissional balconista de autopeças.
Alvarenga adiantou que a CE já tem um texto-base, que é o ponto inicial para os trabalhos, e a criação dessa norma é do interesse do profissional e principalmente das lojas de autopeças porque todos ganham nesse processo. “Com isso criamos uma da cadeia de valor. O objetivo é elevar a categoria do comércio varejista de autopeças e estamos iniciando esse trabalho valorizando o balconista. Essa é a ponta do iceberg para criação de novas normas do setor. Entendemos que essa é uma das formas de profissionalizar o setor. As grandes corporações sempre se valeram de normas, as oficinas de reparação andaram mais rápido porque se utilizam de muitos dados técnicos de substituição de componentes e agora chegou a hora do varejo de autopeças, que manuseia e tem um grande trabalho de logística e comercialização de produtos, com extensa capilaridade no Brasil, que requer uniformização. A ideia é elevar o patamar para cima, valorizar o profissional, a atividade econômica e consequentemente o País, além de potencializar projetos e ações de melhoria para os dois lados, seja para o empresário criar um programa de cargos e salários, seja para o profissional se capacitar melhor”, assegura Alvarenga.
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