Com elétrico Han, BYD quer roubar consumidores das marcas premium
Sedã de luxo é o segundo modelo da marca chinesa no Brasil e promete 550 km de autonomia (Por Fernando Miragaya, AB)
A BYD deu o segundo passo em seus objetivos de ser referência no segmento de elétricos de luxo. Em evento no Rio de Janeiro (RJ), a marca chinesa apresenta o Han, seu sedã zero combustão que quer ser uma opção às montadoras premium. O que já pode ser conferido no preço de R$ 539.990 .
O lançamento oficial no mercado teve a presença da vice-presidente Global da BYD, Stella Li. A executiva destacou que o Han já figura entre os três sedãs elétricos de luxo mais vendidos do mercado chinês e que há uma expectativa de emplacar 10 mil unidades do modelo mundialmente, inclusive em mercados como o dos EUA.
Stella Li também destacou o investimento da BYD no desenvolvimento das baterias do tipo Blade, a base de lítio, fósforo e ferro. A peça equipa o Han e o SUV Tan, lançado no Brasil no início do ano.
Essas baterias prometem baixo peso e autonomia elevada. O Han tem alcance de 500 km pelos padrões do NEDC.
Foco nos clientes das marcas de luxo
No Brasil, o Han obviamente estará posicionado como um produto bastante segmentado. A começar pelo tamanho, com 4,99 metros de comprimento e 3 metros de entre-eixos.
O pacote de equipamentos tenta reforçar isso. O modelo vem.com itens de auxílio à condução, como piloto automático adaptativo, frenagem autônoma de emergência, assistente de permanência em faixa, alerta de tráfego cruzado, entre outros.
No conforto, um dos destaques é a gigantesca central multimídia com aplicativos nativos e até a plataforma Zoom, que permite videoconferências com uso da câmera interna da cabine. Para os passageiros de trás, uma tela no descansa braço permite regular ar, teto solar, aquecimento dos bancos e luz ambiente.
Bancos e volante com ajustes elétricos, quadro de instrumentos eletrônico, sete airbags e freios Brembo são outros equipamentos de destaque.
O sedã de luxo é movido por um motor de 494 cv e quase 70 kgfm de torque, distribuído nas quatro rodas pela tração integral. Desta forma, promete o 0 a 100 km/h em 3,9 segundos – no modo de condução Sport.
As baterias de 76,9 kWh podem ser carregadas em até 12 horas em tomadas convencionais de 220V e garantem 550 km de autonomia. Em carregadores rápidos, segundo a BYD, bastam 25 minutos para carregar até 80% – a partir de 30%.
Com este conjunto, a BYD acredita que o Han vai brigar com sedãs grandes e cupês de marcas como Audi, Porsche, Mercedes-Benz, Lexus e BMW.
“O Han é um representante de tudo que podemos ofertar em design, conforto e luxo. Não é um carro de volume, e sim de nicho, mas que pode surpreender nas vendas pelo pacote que oferece a um custo interessante”, acredita Henrique Antunes, diretor de vendas da BYD Brasil.
Ao volante, entrega o que promete?
Falar que o Han tem a pegada de um Porsche seria exagero. Fato que os dois motores elétricos – um em cada eixo – entregam uma pegada até esportiva, com arrancadas e retomadas divertidas, mas o sedã chinês ainda deve aquele arrojo das marcas premium alemãs. Em termos de conforto, contudo, a BYD fez o dever de casa direitinho.
A reportagem da AB teve o primeiro contato com o Han no lançamento ocorrido no Rio. Um contato curto, mas em quase duas horas foi possível verofocar o comprotamento do carro em seu habitat natural, o trântiso da cidade, e em um pouquinho de estrada.
O sedã já dá as boas vindas ao se aproximar do carro. Com a chave presencial no bolso, basta um toque que as maçanetas embutidas se “abrem”. Dentro do carro, muito requinte nos materiais e revestimento de bncos, portas e painéis.
Chama a atenção logo a central multimpidia com tela de deixar muito notebook no chinelo. Com mais de 15″, ela ainda é giratória, ou seja: aciona-se uma tecla no volante e o display vira um tablet na vertical. Vale destacar ainda apps nativos no sistema, como Waze e Zoom. Ou seja, não é preciso cabear o celular para usá-lo e ainda é possível deixá-lo para carregar no tapetinho com carregamento por indução à frente do gigantesco console central.
Outra tela que merece destaque é o do quadro de instrumentos eletrônicos. Longe de ser “apenas um painel digital”, ele tem ótima qualidade de resolução e é bastante intuitivo para operar.
Performance e conforto
Pausa nas percepções iniciais, hora de ver o que esse carro entrega em desemprenho e conforto… e ele entrega os dois. De Copacabana, zona sul carioca, foi possível percorrer diferentos tipos de tráfego e ruas do Rio até o centro da Cidade Maravilhosa para comprovar o conforto que o Han entrega.
A cabine é perfeitamente silenciosa e não se ouve barulhos de pneus, ventos e mesmo o som dos blocos do carnaval fora de época mais parecem uma música de fundo. Os bancos são extremamente confortáveis e a direção tem ótimo diâmetro de giro para qualquer manobra. Em situações para estacionar ou mesmo no semáforo, a tela gigantesca do multimídia mostra tudo que se passa à volta.
O rodar também é bastante confortável. A suspensão é bem trabalhada para os constantes buracos das vias cariocas, e o volante pouco relfete as imperfeições.
No pequeno trecho de estrada, hora pisar fundo no acelerador. Ao sentir a lombar beijar forte o encosto do banco, passa-se a crer no 0 a 100 km/h abaixo dos 4 segundos prometidos pela marca. As respostas ao pedal da direita são imediatas. Mas o Han oferece retomadas sem ser extremamente bruto.
Nas curvas, a carroceria entrega um pouco das dimensões e entre-eixos longo e rola um pouco além do que se está acostumado para um sedã com essa proposta. Porém, a direção se mantém precisa e obediente, as baterias garantem um centro de gravidade baixo e, de forma geral, o carro não prega sustos.
O patrão vai bem
No fim da avaliação, pausa para ver o que quem paga de patrão vai usufruir no banco traseiro. Pessoas com 1,75 m de ltura conseguem cruzar as pernas sem dramas, os bancos acomodam melhor que uma poltrona de classe executiva e o passageiro ainda tem um display no descansa-braço central para operar o ar (que é automático com quatro saídas independentes), aquecimento e ventilação dos assentos, teto-solar e funções do multimídia.
E quanto consumiu de bateria? A partir da saída com 77% de bateria, foram cerca de 30 km e 1h30 mesclando evias expressas, trechos de serra e trânsito para chegar de volta com 68%. Nada mal.
O BYD Han, como dito, em termos de requinte e conforto já pode ser comparado aos modelos de luxo da Mercedes e BMW. Só não entrega o status que uma estrela ou uma hélice no capô. Isso ainda demanda tempo. Porém, os chineses costumam ser rápidos. Então, atenção nunca é demais para as fabricantes alemãs.
Fonte: Automotive Business