Por Fernando Miragaya
Nos anos 1990 e 2000 a Audi tinha um protagonismo no mercado premium no Brasil. Tanto em termos de volume, como de marketing. Na parte de vendas, a marca alemã viu sua participação diminuir – hoje, em 11%. Só que a fabricante não será afoita para retomar qualquer market share.
Mesmo com 13 lançamentos previstos para 2025, a Audi quer primeiro voltar a ter presença em categorias estratégicas dentro do mercado de premium. Com volume, obviamente, mas sem abrir mão da lucratividade da operação e de um crescimento sustentável.
O primeiro desses lançamentos foi o A3 Sedan em janeiro. Agora, em março, a marca acaba de apresentar o renovado RS3 Sedan. E para o começo do segundo semestre confirmou a importação do elétrico A6 e-tron.
Audi retoma com força categorias do mercado
Porém, a preocupação é com os segmentos de mercado onde a Audi se considera “carente”, no qual estão os Q7 e Q8 lançados em dezembro. E especialmente na categoria dos sedãs, o que pode ser reforçado pelo novo A5 mais para a frente.
“Temos oportunidades com SUVs grandes com o Q7 e o Q8, e já estamos retomando uma boa participação neste mercado”, garante Renato Celiberti, head de vendas da Audi Brasil.
A marca considera estas duas categorias importantes dentro de sua estratégia. Mesmo assim, o executivo garante que não há qualquer pressa em ser líder em participação de mercado.
“Seremos protagonistas no momento em que entendermos para onde o mercado vai. Mas, sem dúvida, essas duas categorias são as maiores e mais estratégicas neste momento”, completa o head de vendas.
Mesmo assim, na visão da Audi, um aumento de participação de mercado deve vir na carona da enxurrada de lançamentos.
“Com a renovação do portfólio esses carros vão ocupar um posicionamento, mas sempre respeitando o compromisso de rentabilidade”, explica Marcos Quaresma, head de estratégia de produto da Audi.
Eletificação passa por novos híbridos
A renovação, lógico, passa pela eletrificação. A empresa não detalha os produtos, mas além da linha e-tron (que será reforçada com o A6 elétrico) e do Q5 híbrido plug-in, existem estudos para trazer eletrificados mais “acessíveis”.
“Começamos pelos segmentos mais altos, mas não temos uma total visibilidade desse segmento. Mas entendemos que existem oportunidades, e estudamos onde nos podemos encaixar e o comportamento do consumidor. Um exemplo é que estamos testando o segmento B com o Q6 e-tron”, diz Marcos.
Neste universo, a Audi faz coro de que a hibridização será o caminho mais natural para o mercado brasileiro. Inclusive, a marca dispõe de versões de modelos médios híbridos lá fora, como o Q4 e o A5.
“Estamos trabalhando a transição do portfólio e híbridos podem aparecer no meio do caminho”, adianta o head de produto.
“Seguimos as diretrizes da matriz, que determina a velocidade dessa transição e olhando as oportunidades do mercado”, completa Renato Ceriberti.
Todavia, tendo em vista que o Programa Mover vai privilegiar principalmente o uso do etanol, a questão agora é fazer as contas. Com isso, o desafio é fazer um futuro híbrido flex caber na planilha do Excel.
“É preciso ver quanto custa o desenvolvimento, preço, volume. Uma ginástica para caber na conta”, pondera Marcos Quaresma.
Fonte: Automotive Business