“WALL-E”, filme de 2008 dos estúdios Pixar, conta a história de um simpático robozinho, que dá nome à película. Solitário, o pequenino é responsável por otimizar o armazenamento de lixo de um planeta Terra com recursos praticamente esgotados e já considerado inabitável.
Ainda não chegamos ao fictício ano de 2805 de WALL-E, mas mesmo aqui, no real 2022, já convivemos com a escassez de matéria-prima e com montanhas e montanhas de resíduos. A Citroën partiu justamente dessa premissa para projetar o Oli, veículo conceitual que tem capô e teto feitos de papelão.
Calma: Citroën de papelão não é o “Leite Glória”

Claro que o material utilizado não é similar àquele das caixas de leite que você está habituado a encontrar no mercado. Desenvolvido em parceria com a Basf, o papelão tem formato de favo de mel e é reforçado por um revestimento plástico.
Assim, é capaz, de acordo com a Citroën, de resistir a impactos e suportar carga – ou seja: não vai desmanchar como falavam do Renault Gordini, que tinha o maldoso apelido de Leite Glória.
O Oli tem ainda um para-brisa vertical. Não, ele não é feito de papelão, mas foi projetado de forma a reduzir a quantidade de vidro necessária e, por conseguinte, deixar o carro mais leve.
Oli é conceito trabalhado na economia

De forma a seguir a proposta calcada na escassez de componentes, a Citroën poupou (e muito) na construção do Oli. Não à toa, o utilitário pesa menos de 1 tonelada.
Para economizar chicotes, a Citroën tratou de remover todos os comandos elétricos das portas. Algo similar ao que a mesma fabricante fez em um veículo de produção muito conhecido: o novo C3.
As portas do Oli, segundo informa a Citroën, têm apenas oito partes. Além disso, para espanto da imprensa europeia, para abri-las, se faz necessário o uso do belo e conhecido casamento chave e fechadura.
Painel e multimídia são supérfluos

Para deixar o carro ainda mais leve, o painel se utiliza do celular do condutor para comunicação e entretenimento. Nada de cluster digital ou central multimídia com tela gigantesca.
De acordo com a fabricante, o para-brisa vertical e os vidros das portas, de abertura manual, reduzem o impacto da radiação solar no habitáculo. Dessa forma, passageiros e motoristas não sentem tanto a falta do ar-condicionado em tempos de aquecimento global. Engraçado, diziam o mesmo sobre os quebra-ventos do Fusca 1968 do meu avô…
Para fechar, a Citroën diz que o Oli foi projetado para ser reciclável e também para ser bom de reparo. Ele não pode exceder os 110 km/h.
É como se o Fusca 1968 do meu avô fosse repensado para aguentar as intempéries de um planeta que precisará de alguns WALL-E no futuro. Ou seria o utilitário um exercício a fim de aumentar ainda mais o ticket médio das montadoras em detrimento da qualidade do produto?
Só pode ser a primeira opção. Não é?
Não é?



