Aftermarket automotivo no Brasil tem futuro incerto, caso não se ocupe um espaço nas tratativas com o Governo Federal
Introdução: Luiz Sergio Alvarenga
Neste artigo da CLEPA, que é a entidade que reúne as indústrias de autopeças da comunidade europeia junto com a FIGIEFA, que é entidade similar, porém dos distribuidores de autopeças, nos mostra a visão de um estudo realizado pela consultoria internacional Alix Partners. Recentemente a Alix Partners, uma grande consultoria financeira e operacional e de melhoria de desempenho para OEM´s, adquiriu a Berylls, uma das fortes no campo de consultoria digital para os principais OEM´s automotivos do mundo.
Note mais uma vez, pois já foram várias notícias e artigos publicados no website do SINDIREPA BRASIL, que sinaliza o futuro incerto no aftermarket automotivo no Brasil, caso não se ocupe um espaço nas tratativas com o Governo Federal para iniciar discussões que podem comprovar o domínio de mercado futuro por parte das montadoras com o uso da tecnologia de conectividade.
Vamos acompanhar abaixo este artigo, tenham uma excelente leitura e exercitem uma boa reflexão.
A MOBILIDADE ACESSÍVEL REQUER UMA ESTRUTURA REGULATÓRIA ROBUSTA PARA O MERCADO DE REPOSIÇÃO AUTOMOTIVA
Um estudo realizado em conjunto com a Berylls pela Alix Partners, em colaboração com a CLEPA e a FIGIEFA, e lançado na Automechanika, examinou dois cenários potenciais que podem impactar significativamente o custo do serviço e manutenção do veículo para os consumidores.
O estudo ressalta o potencial de aumento dos custos de reparo à medida que as concessionárias autorizadas ganham maior domínio. Essa mudança é impulsionada por crescentes restrições ao acesso de reparadores independentes a dados, informações e peças de reposição essenciais. Para evitar um aumento significativo nos custos de reparo e manter a mobilidade acessível, uma regulamentação adequada é crucial.
O estudo, que analisou a competitividade do mercado de reposição automotivo europeu até 2035, considerou o impacto das novas tecnologias de veículos, os requisitos de segurança cibernética e a mudança para veículos definidos por software. A partir de entrevistas com especialistas com as principais partes interessadas e da própria análise da Berylls, o estudo identifica cinco fatores-chave que moldarão o futuro do mercado de reposição:
- Disponibilidade limitada de certas peças de automóveis apenas para fabricantes de veículos
- A necessidade de codificação ou ativação específica para peças de reposição
- Desafios no acesso a informações técnicas para reparos
- Interfaces desatualizadas para atualizações de software em oficinas independentes
- Acesso limitado aos dados do veículo
O custo do reparo do veículo está aumentando
A substituição de peças defeituosas é um serviço padrão no mercado de reposição. No entanto, a CLEPA e a FIGIEFA observaram um número crescente de peças que só podem ser adquiridas de fabricantes de veículos. Essas peças geralmente requerem codificação ou ativação específica, o que pode adicionar custos significativos aos reparos. Com os novos regulamentos de segurança cibernética da UE em vigor desde julho de 2024, espera-se que o número dessas peças aumente, aumentando ainda mais os custos de reparo para os consumidores.
Além disso, o acesso à informação técnica, que é legalmente exigido, é muitas vezes limitado ou fornecido em formatos difíceis de utilizar. Isso aumenta os custos e os atrasos nos reparos, tornando a legislação atual ineficaz. Para atualizações de software, os reparadores independentes ainda são forçados a usar interfaces de veículos desatualizadas, em vez de interfaces de última geração baseadas em protocolos ethernet.
O Consultor Sênior de Assuntos de Mercado da CLEPA, Frank Schlehuber, afirma: “Para garantir que os consumidores mantenham a liberdade de escolher seus prestadores de serviços de veículos, é essencial uma legislação robusta que aborde a segurança cibernética, o acesso às informações e a disponibilidade de peças. Tal ajudará a garantir uma mobilidade acessível para os cidadãos da UE.”
Cenários potenciais de mercado e seu impacto
O estudo examinou dados de sete países, com um volume total de mercado de 150,2 mil milhões de euros para peças e mão-de-obra a nível da oficina. No cenário base de crescimento anual do mercado de 0,7%, espera-se que esse mercado cresça € 161,9 bilhões até 2035. No entanto, se os fabricantes de veículos aumentarem seu domínio, os especialistas preveem que os custos de reparo e manutenção podem subir para € 197,9 bilhões – um adicional de € 35 bilhões por ano para os consumidores desses países. Isso tornaria a mobilidade acessível cada vez mais inacessível.
Num cenário mais equilibrado, em que a concorrência leal é mantida, as despesas dos consumidores com reparações e manutenção poderiam ser ligeiramente reduzidas para 159,8 mil milhões de euros. Essa redução seria particularmente benéfica para a adoção de veículos elétricos a bateria, garantindo que a mudança para uma mobilidade mais sustentável permaneça acessível.
O papel da legislação
O desenvolvimento contínuo de tecnologias de veículos está fortalecendo a posição proprietária dos fabricantes de veículos, tornando crucial que os legisladores ajam. A prorrogação e revisão do Regulamento de Isenção por Categoria para Veículos a Motor (MVBER) para além de 2028 é fundamental para garantir que todas as peças sobressalentes permaneçam disponíveis para o mercado de reparações independente. Além disso, um Regulamento de Homologação (TAR) inteligentemente alterado que considera a segurança cibernética e garante acesso irrestrito às informações de reparo e manutenção pode ajudar a reduzir os custos para os consumidores. Por último, são necessários regulamentos sobre a utilização de dados a bordo dos veículos e o acesso aos recursos dos veículos para garantir que os consumidores mantêm a liberdade de escolher onde obter os serviços.
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Fonte: Sincopeças Brasil