Medida válida até 16 de março foi tomada diante do aumento de casos e internações, em uma situação de ‘quase colapso’ segundo o prefeito
Campinas (SP) decretou a adoção da fase vermelha, a mais restritiva do Plano SP, a partir desta quarta-feira (3) até o dia 16 de março (assista ao vídeo acima). Nesse período, poderão funcionar com atendimento presencial apenas serviços considerados essenciais. A medida foi anunciada pelo prefeito Dário Saadi (Republicanos), que tratou a situação como de “quase de colapso”.
VEJA OS PRINCIPAIS PONTOS ABORDADOS NA ENTREVISTA
O que fica fechado com a fase vermelha:
– Comércio de rua e shoppings
– Bares e restaurantes (presencialmente)
– Salões de beleza, cabeleireiros e similares
– Academias e centros esportivos
– Escolas e faculdades, com exceção dos cursos superiores da área de saúde
– Parques e espaços públicos
– Eventos públicos
- As atividades liberadas na classificação da fase vermelha são:
– Saúde: hospitais, clínicas, farmácias, clínicas odontológicas, lavanderias e estabelecimentos de saúde animal;
– Alimentação: supermercados, hipermercados, açougues e padarias, lojas de suplemento, feiras livres. É vedado o consumo no local;
– Bares, lanchonetes e restaurantes: serviços de entrega (delivery) e que permitem a compra sem sair do carro (drive-thru). Válido também para lojas em postos de combustíveis;
– Igrejas: permitido o atendimento presencial, restrito até às 20h, e com 30% da capacidade.
– Abastecimento: cadeia de abastecimento e logística, produção agropecuária e agroindústria, transportadoras, armazéns, postos de combustíveis e lojas de materiais de construção;
– Logística: estabelecimentos e empresas de locação de veículos, oficinas de veículos, transporte público coletivo, táxis, aplicativos de transporte, serviços de entrega e estacionamentos;
– Serviços gerais: lavanderias, serviços de limpeza, hotéis, manutenção e zeladoria, serviços bancários (incluindo lotéricas), serviços de call center, assistência técnica de produtos eletroeletrônicos e bancas de jornais;
– Segurança: serviços de segurança pública e privada;
– Comunicação social: meios de comunicação social, inclusive eletrônica, executada por empresas jornalísticas e de radiodifusão sonora e de sons e imagens;
– Construção civil, agronegócios e indústria: sem restrições.

Pressão na saúde
A adoção da medida ocorre diante da pressão por novos casos e internações por Covid-19. As redes público e privada de Campinas somam 290 leitos de UTI exclusivos para tratamento de pacientes com o coronavírus, sendo que 263 estão ocupados, uma taxa de 90,69% – o maior número de internados em seis meses.
Covid-19: veja a ocupação dos leitos de UTI em Campinas
Nesta terça-feira (2), a cidade confirmou mais 12 mortes por Covid-19, e totaliza 1.884 vidas perdidas para a doença desde o início da pandemia. Já o total de infectados chegou a 70.286 com mais 380 confirmações em 24 horas.
“Entre uma situação de quase colapso e adotar uma medida dura, de restrição, nos vamos agir. Sabemos que o poder público precisa agir, mesmo que as decisões sejam difíceis, amargas, e possam impactar numa parcela considerada da população. (…) A omissão pode nos levar a um colapso jamais visto no nosso sistema de saúde”, disse Dário.
‘Pior semana’
A adoção da fase vermelha por Campinas ocorre logo após o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), afirmar que o estado está na pior semana desde o começo da pandemia, após registrar o maior número de mortes por Covid-19 em 24h.
“Entramos na pior semana da Covid-19 da história da pandemia desde 26 de fevereiro. Isso não apenas em São Paulo, os demais estados também, eu tenho falado com governadores de outros estados. Há uma preocupação generalizada”, disse o governador.

Sem leitos para comprar
De acordo com Andrea Von Zuben, diretora do Departamento de Vigilância em Saúde, Campinas conta com 616 pessoas internadas com Covid (entre leitos de UTI, enfermaria e observação) nesta terça-feira, o que indica uma pressão, inclusive, na rede privada.
Campinas decreta uso do Hospital Metropolitano para internações de pacientes SUS com Covid-19
Esse aumento, segundo o prefeito, justifica a adoção da medida para requisitar o uso do Hospital Metropolitano. Segundo Dário, não há leitos para compra na rede privada.
Escolas fechadas
O decreto municipal da fase vermelha que será publicado nesta quarta (3) traz a determinação para que todas as escolas, públicas e privadas, além de faculdades deixem de realizar atividades presenciais, com exceção dos cursos superiores da área de saúde.
Secretário de Justiça, Peter Panutto explicou que o prefeito, como autoridade máxima sanitária do município, tem a “determinação legal de poder ser mais restritivo que as regras estaduais”.
Drive-thru e delivery
Por determinação da prefeitura, todas as atividades podem realizar atendimentos via delivery ou drive-thru. A única regra nesse sentido é para que, no caso de retirada de produtos, o comércio deve providenciar um sistema que o consumidor não tenha que descer do veículo para retirar as compras.
Transporte público
Apesar do anúncio de medidas mais restritivas, a prefeitura informou que não irá reduzir, inicialmente, a frota do transporte público.
“Vamos analisar dia a dia, e só terá redução se não for comprometer a população. Nos últimos tempos, fizemos um esforço para aumentar o número de ônibus nas linhas, então, a princípio, não haverá redução”, explicou o prefeito.
Festas, multas e fiscalização
Ao falar sobre fiscalização para cumprimento das regras da fase vermelha, o prefeito de Campinas disse que haverá um esforço das autoridades, mas destacou que é necessário a colaboração da população.
“Vamos aumentar a fiscalização, mas nós precisamos da compreensão e adesão da população. A gente sabe que a população está cansada, mas não podemos brincar. A grande maioria, sem dúvida, colabora, é consciente”, disse.
Diretora do Devisa, Andrea Von Zuben disse que a Vigilância e a Segurança Pública estudam uma forma de penalizar de forma mais forte quem promove festas e aglomerações na cidade, tanto na área administrativa (multa) quanto penal. Isso, entretanto, está em estudo e definição.
“Organizar uma festa em Campinas hoje é quase criminoso na situação que estamos vivendo”, disse Andrea.