Brasil carece de mão de obra para se tornar fonte de peças

Com a falta de chips, só as montadoras do Brasil deixaram de produzir 345,5 mil automóveis em 2021
Brasil carece de mão de obra para se tornar fonte de peças

No Brasil, as 20 empresas de encapsulamento de semicondutores atendem a 10% da demanda local, informa a Associação Brasileira da Indústria local (Abisemi). Em 2021, o setor faturou R$ 4,5 bilhões.

Com a falta de chips, só as montadoras do Brasil deixaram de produzir 345,5 mil automóveis em 2021. No mundo todo a perda foi de 10,2 milhões de carros. Para este ano estão previstas perdas globais de até 8 milhões de unidades. No País já deixaram de ser feitos 100 mil carros neste ano, até abril. Para o analista de mercado automotivo da consultoria Globaldata, José Augusto Amorin, o investimento na fabricação de microchips é “altíssimo” e a demanda na América do Sul é baixa frente aos EUA e a países da Ásia e da Europa.

“O Brasil não tem como competir com os mercados maiores e, infelizmente, não tem uma política séria de exportação para produtos de alto valor agregado”, avalia Amorin.

Carlos Libera, da Bain & Company, diz duvidar “que saia uma fábrica de semicondutores aqui; talvez saia uma pressão para o governo dar um incentivo adicional para comprar algo de fora”.

Para o sócio da KPMG, Márcio Kanamaru, além de escala, o Brasil tem déficit de mão de obra qualificada. “O País teria de criar uma força-tarefa grande de investimento massivo no ensino para capacitação de profissionais.” Ele acredita, porém, que o País tem uma série de oportunidades e demandas que estão surgindo, principalmente com o 5G. “O Brasil deveria ser um candidato natural de um programa suprapartidário para atração de empresas.”

A Intel afirma que o Brasil é um dos dez mercados prioritários para ela, mas seguirá “com a estratégia para atender ao mercado global e olhando para novas oportunidades de investimento”. O presidente da Bosch no Brasil, Gastón Diaz Perez, diz que hoje o grupo não tem planos de fábrica local de chip, assim como a Samsung.

“O Brasil deveria ser candidato natural de um programa para atração de empresas”, diz Márcio Kanamaru.

Fonte: O Estado de S. Paulo/Cleide Silva

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