Bosch cresce no mercado de reposição e vai ampliar rede de oficinas

Bosch cresce no mercado de reposição e vai ampliar rede de oficinas

Número de franqueados deve superar 1,8 mil pontos de atendimento na América Latina até 2028 (PEDRO KUTNEY, AB)

No ano em que a Bosch completa um século desde que a primeira oficina de reparação de veículos colocou sua marca na fachada, em 1921 na cidade alemã de Hamburgo, a divisão de reposição automotiva da maior fabricante de autopeças do mundo comemora crescimento expressivo dos negócios no Brasil e na América Latina, onde atua desde os anos 1950, agora com planos de ampliar sua rede franqueada de atendimento na região para 1,8 mil pontos até 2028. A Bosch opera atualmente no segmento de pós-venda automotivo com um variado portfólio de 14 linhas de peças de reposição, fornece equipamentos e programas de diagnóstico e tem a maior rede global de oficinas independentes, 30 mil em 150 países, sendo 1.430 só no mercado brasileiro.

Segundo Delfim Calixto, presidente da divisão de aftermarket automotivo da Robert Bosch América Latina, após o susto inicial da pandemia que paralisou boa parte das atividades, a retomada foi rápida e os negócios ganharam escalada crescente desde o segundo semestre de 2020, fechando o ano com crescimento de 8% nas vendas da unidade em comparação com 2019. Este ano ele espera por novo e ainda mais robusto avanço.

“Podemos considerar espetacular o resultado da divisão de aftermarket no ano passado diante das dificuldades da pandemia. Tivemos de reaprender a operar e estamos sendo bem-sucedidos. Este ano esperamos por crescimento sobre 2020 de 10% a 12% no Brasil e 27% na América Latina, em países onde o tombo do mercado foi maior do que aqui”, afirma Delfim Calixto.

A empresa não divulga a participação da divisão de aftermarket no faturamento regional da Bosch, mas Calixto admite que o segmento aumentou sua fatia com a queda da produção dos fabricantes de veículos e da consequente redução no fornecimento para as linhas de montagem. Além desse impacto estatístico, o executivo afirma que as condições de mercado seguem favorecendo a venda de peças de reposição e o fluxo maior de veículos nas oficinas. “Muitas pessoas começaram a usar mais o carro próprio para evitar o risco (de contágio pela Covid-19) do transporte público, o que aumenta as necessidades de manutenção. Há também alguma demanda represada do ano passado, de gente que está fazendo agora a manutenção do veículo”, avalia.

Calixto admite que ainda existem dificuldades com a distribuição de algumas peças, mas diz que até agora o problema não afetou muito o setor de reposição da Bosch. “Como temos fábricas no mundo inteiro, há muitas opções e isso facilita. Estamos bem preparados e até agora conseguimos manter o atendimento. Mas ninguém está comprando para fazer estoque, o crescimento é por alta da demanda”, afirma.

AMPLIAÇÃO DA REDE DE OFICINAS BOSCH
Parte da estratégia para aumentar o faturamento da divisão de aftermarket está na ampliação do volume de serviços e da rede de oficinas credenciadas. Cerca de R$ 40 milhões deverão ser investidos até 2028 não só na expansão da rede no Brasil, mas também em marketing, qualificação e programas de treinamento – para por exemplo incluir novas tecnologias automotivas no rol de serviços, como carros híbridos e elétricos, além do modernos sistemas de conectividade e auxílio à condução, cada vez mais presentes nos veículos. “Apesar do volume para esses atendimentos ainda ser baixo, precisamos deixar a rede preparada”, indica Calixto.

O plano é ampliar a rede na América Latina para 1,8 mil pontos credenciados. O Brasil de longe segue sendo o País da região com o maior número de franqueados: são 1.430, sendo 950 Bosch Car Service para atendimento geral de veículos leves, 390 Bosch Truck Service e Diesel Center para caminhões, vans e ônibus, além de 97 Centro de Direções, especializados em sistemas de direção de veículos pesados.

O foco maior de ampliação são os Bosch Car Center para atender automóveis, pois segundo Calixto o investimento em oficinas para motorização diesel é muito alto (alguns equipamentos de diagnose podem custar R$ 600 mil) e o número atual de oficinas é considerado adequado. Também está no plano a abertura de pontos de atendimento expresso para serviços rápidos de menor complexidade, como troca de óleo e filtros, por exemplo. Já foram abertos cinco desses pontos e a previsão é chegar a 20 até o fim do ano. “São estabelecimento independentes, mas que podem direcionar carros para as oficinas maiores se algum problema maior for diagnosticado”, explica Calixto.

Em 2022 a Bosch vai lançar um sistema integrado de gerenciamento de oficinas que deverá interconectar toda sua rede de reparação. O projeto está sendo desenvolvido em conjunto entre Brasil, Alemanha e Estados Unidos.

A Bosch investe em marketing, consultoria e treinamento, mas o investimento de cada oficina em fachada, equipamentos e qualificação são dos proprietários. O valor pode variar muito, superando R$ 700 mil no caso de abertura de um estabelecimento completamente novo, ou algo na casa de R$ 20 mil se precisar só comprar alguns equipamentos de diagnose, por exemplo. Todas as oficinas passam por auditorias anuais e precisam manter padrões de qualidade e atendimento pré-estabelecidos. Quando algum franqueado não se enquadra nesses padrões, deve passar por treinamentos de requalificação, e se continuar fora é descredenciada.

A primeira oficina credenciada Bosch em 1921 na cidade de Hamburgo, na Alemanha, e a rápida expansão internacional da marca no segmento de reposição automotiva, com abertura de ponto de atendimento na Inglaterra na mesma década

Cem anos após credenciar sua primeira oficina parceira, hoje a Bosch tem 30 mil oficinas credenciadas no mundo todo e 16 mil delas são estabelecimentos franqueados Bosch Service em 150 países, que empregam 180 mil funcionários. Essa rede fatura algo em torno de € 10 bilhões por ano com atendimento de 420 mil carros por dia, gerando 2 milhões de contatos diários com clientes, 530 milhões por ano. “Esse volume de troca de informações que mantemos com os consumidores é um ativo muito importante para a empresa, pois nos orienta sobre quais tendências devemos seguir e que tipos de serviços precisamos oferecer”, diz Calixto.

O Brasil representa um dos mais importantes mercados de aftermarket para a Bosch, por isso foi o primeiro país fora da Alemanha a introduzir o conceito de oficina franqueada Bosch Car Service, lançado pela matriz no ano 2000 e já instalado por aqui em 2001.

O mercado brasileiro de reposição automotiva movimenta milhões de peças Bosch. O centro de distribuição da empresa em Itupeva (SP) tem cerca de 8,9 milhões de itens em estoque e processa 6,5 mil linhas de pedidos por dia (130 mil/mês). Entre janeiro e maio de 2021, foram despachadas aproximadamente 4,6 milhões de componentes para distribuidores e oficinas em todo o País.

Fonte: Automotive Business

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