CEO do grupo na América Latina diz estar confiante em aumentar produção da fábrica de Araquari (PEDRO KUTNEY, AB)
O BMW Group comemora bons resultados na América Latina e o Brasil lidera o desempenho, após elevar as vendas em quase 43% em 2020 e escapar da crise trazida ao País pela pandemia de coronavírus, liderando com folga o mercado de automóveis premium com participação superior a 30% nas vendas do segmento. Nos primeiros sete meses de 2021 a performance segue aquecida, com crescimento superior a 30% sobre o ano passado e market share que encosta nos 40%. “Enquanto muitos países da região vão levar de dois a três anos para se recuperar, o Brasil é o único lugar do mundo onde já crescemos mais do que no período pré-pandemia”, comemora Alexander Wehr, CEO do grupo alemão na América Latina.
O executivo aponta que o resultado tão positivo, com a maior participação de mercado (35%) da história do grupo na América Latina, comprova o acerto da BMW nos investimentos feitos nos últimos oito anos na região, que somam US$ 1,5 bilhão em produtos, rede de distribuição e produção, especialmente no Brasil, onde ele acredita que o mercado tem potencial para voltar a crescer acima dos 3 milhões de veículos por ano, puxando junto o segmento premium.
“É verdade que o Brasil já entregou mais, mas é de longe o mercado de maior potencial na América Latina, com população jovem, economia diversificada e receptividade a novas tecnologias. Estamos confiantes no País. Temos capacidade para produzir mais na fábrica de Araquari, mas não nos arrependemos de ter feito o investimento porque ele é estratégico no longo prazo, e vamos investir de novo assim que o crescimento voltar”, afirma Alexander Wehr.
A fábrica brasileira do BMW Group em Araquari (SC), inaugurada em 2014 com investimentos de € 200 milhões, recentemente atingiu a marca de 70 mil veículos produzidos em sete anos, nunca chegou nem metade do potencial de 36 mil unidades/ano, mas fabrica os modelos (Série 3, X1, X3 e X4) que respondem por mais de 70% das vendas da marca no País, equivalente a 4,6 mil carros em 2020 e 5,6 mil de janeiro a julho de 2021.
EXPORTAÇÃO E NOVOS PRODUTOS PARA A FÁBRICA BRASILEIRA
Wehr endossa que a planta catarinense foi pensada para atender prioritariamente as vendas no Brasil, mas exportações também estão nos planos – como já aconteceu em 2016 e 2017, quando 10 mil unidades do X1 foram exportadas para os Estados Unidos. Segundo o executivo, já foram iniciados programas piloto de embarque de carros montados para países vizinhos. “Só não iniciamos as vendas na Argentina por causa das condições adversas de mercado”, diz.
Está no horizonte a introdução de mais modelos em Araquari e Wehr avalia que existem “boas chances” de incluir os novos carros híbridos e elétricos da BMW na planta brasileira do grupo. “Temos linhas muito flexíveis, começamos a fazer elétricos em apenas uma fábrica em Leipzig e hoje já expandimos para outros lugares na Alemanha e outros países como China e México. Podemos fazer no Brasil também assim que houver demanda”, afirma.
Wehr reconhece que os mercados latino-americanos ainda tem maior demanda por veículos a combustão, mas antecipa um crescimento gradual e constante das vendas de modelos híbridos e elétricos. O BMW Group anunciou que pretende lançar globalmente mais de uma dúzia de BEVs (Battery Electric Vehicles) até 2023, que serão vendidos em 27 países, “nove deles aqui na América Latina, incluindo Brasil, Costa Rica, México e Peru, entre outros”, ele destaca.
ELETRIFICAÇÃO EM CURSO
O BMW Group estima que até 2030 mais de 50% de suas vendas no mundo serão de modelos elétricos, mas o executivo aponta que o objetivo é vender quantos elétricos e híbridos forem demandados pelo mercado – e não será diferente no Brasil ou outros países da região. “Existe potencial para eletrificação [da frota] na América Latina, onde 80% da população vive em grandes cidades como São Paulo ou Cidade do México. Isso eleva a necessidade de soluções de mobilidade limpa. As expansão dos elétricos nesses mercados será maior entre os modelos premium, que lideram a introdução de novas tecnologias”, avalia Wehr.
No entanto, o executivo não vê muito futuro para a participação do etanol nos planos de eletrificação do grupo. “Na nossa visão, o futuro é elétrico com algumas tecnologias de transição no caminho. O etanol brasileiro é uma solução local que não atende as necessidades globais, acredito que com o tempo ficará para trás diante da eletrificação”, prevê.
Wehr acredita que o Brasil pode contribuir de outras formas para a evolução tecnológica do BMW Group, principalmente com o desenvolvimento de aplicativos. Recentemente o centro brasileiro de engenharia do grupo desenvolveu diversas as funções que integram os programas de infoentretenimento My BMW App e Mini App, que equipam carros de ambas as marcas no mundo todo.
DO MÉXICO PARA O BRASIL, SEM IMPOSTO
A fábrica mexicana da BMW em San Luis Potosí inaugurada há cerca de dois anos, onde o grupo investiu US$ 1 bilhão para erguer a planta com capacidade para produzir 150 mil veículos/ano, atualmente direciona mais de 80% de sua produção aos Estados Unidos, mas também já começou a exportar para o Brasil, aproveitando o acordo comercial com o México que isenta de imposto de importação os carros comercializados entre os dois países.
A versão híbrida plug-in do sedã Série 3, 330e, que começou a ser vendida este ano no Brasil vem importada do México. O próximo BMW mexicano a chegar por aqui, ainda sem data definida, deve ser o Série 2 Gran Coupé, já que a fábrica de San Luis Potosí será a única do grupo no mundo a produzir o modelo, a partir de setembro próximo.
“Podemos explorar algumas oportunidades de exportar ao Brasil a partir do México, mas a fábrica brasileira foi concebida para abastecer o mercado brasileiro com os modelos mais vendidos no País”, diz Wehr.
Fonte: Automotive Business