Auxílios e ligeira recuperação da renda melhoram projeções para o varejo

Porém, PEC dos Benefícios tende a aumentar gastos públicos, e atividade não será tão robusta em 2023, segundo especialistas do Comitê de Avaliação de Conjuntura da ACSP (Por Karina Lignelli)
Auxílios e ligeira recuperação da renda melhoram projeções para o varejo

A ligeira recuperação da renda, somada à ampliação do Auxílio Brasil para mais famílias, caminhoneiros e taxistas, têm aumentando a confiança do consumidor, trazendo um certo otimismo para o Comércio no segundo semestre de 2022. Com isso, ainda que o desempenho desacelere em termos anuais por conta da alta da Selic, a expectativa agora é de que o setor feche o ano com crescimento de 2,2%. 

A análise, dos economistas do Instituto de Economia Gastão Vidigal, da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), foi apresentada para empresários e outros especialistas presentes à reunião mensal de Avaliação de Conjuntura, realizada nesta quinta-feira, 28/07. 

“Não é algo para dar festa, para abrir champagne, mas no ano passado o crescimento foi de 1,4%, então é um pouco melhor”, afirmou um economista que participou do encontro.

A inflação também está começando a arrefecer, e deve encerrar o ano na casa de 7%, em vez dos 12% projetados inicialmente, menor que a dos Estados Unidos e considerada inédita na história

A pedido da ACSP, os nomes dos demais participantes dessa reunião não são divulgados.   

No quesito emprego, a ocupação está crescendo e há recuperação no trabalho formal, mas também um aumento importante da ocupação informal, e o rendimento está caindo. “Mas no frigir dos ovos, a soma de ocupação e massa salarial cresceram 3%”, destacou o economista.

Todos esses indicadores têm alimentado uma certa recuperação no Índice Nacional de Confiança do Consumidor (INC) da ACSP: mesmo ainda no campo pessimista em nível nacional, ela vem se recuperando.

E é uma recuperação interessante, disse o economista, pois é baseada na expectativa do brasileiro de que o futuro vai ser melhor. “A percepção atual é negativa, e o consumidor continua cauteloso, mas é aquilo: ‘brasileiro profissão esperança’. É o que faz ir adiante, apesar das dificuldades.”

Assim, a projeção da ACSP para o PIB 2022 foi revisada de 1,7% para 2%. “Estávamos prevendo uma desaceleração mais pronunciada, mas agora, por conta dos auxílios, deve fechar o ano nessa casa, mais ou menos.” 

Também houve um crescimento das operações de crédito para pessoa física de mais ou menos 15% até abril (últimos dados por conta da greve dos servidores do Banco Central).

Porém, o indicador deve diminuir até o fim do ano trazendo impactos ao comércio, à medida que as taxas de juros continuem a aumentar. Segundo um representante do setor financeiro presente à reunião, devem ser realizadas mais duas rodadas de alta até o fim do ano, e a taxa deve encerrar em 14%.

Ainda que a atividade esteja se recuperando, a inflação tenha começado a arrefecer, e os auxílios sejam importantes e necessários, em economia existem dois lados, e eles trazem preocupação fiscal futura, alertou o economista.

Até março, o setor público vinha apresentando melhora, gerando superávit primário de 1,5%, destacou. Porém, como esses dados também estão desatualizados devido à greve, não dá para achar que a situação fiscal vai continuar a ser tão favorável.

“Vimos aqui no Impostômetro da ACSP que o aumento da arrecadação tem sido recorde por conta da recuperação da economia, mas também pela alta da inflação, já que há impostos que incidem sobre os preços.” Neste mês de julho, a arrecadação ultrapassou R$ 1,5 trilhão. 

Sem os auxílios, o crescimento de receita futura será menor, e essa série de medidas, que terão impactos no primeiro ano de mandato do novo presidente, tendem a aumentar os gastos públicos e trazem preocupações quanto ao desrespeito ao teto de gastos e o afrouxamento da política fiscal 

“Por isso, a recuperação da economia não será tão robusta nem em 2022, nem em 2023”, concluiu. 

Fonte: Diário do Comércio – Imagem: Newton Santos/DC

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