“Qualquer associação de classe será tão forte quanto os seus membros queiram fazê-la.”

Aumento dos juros tende a reduzir ainda mais as vendas de veículos

08/02/2022

O aumento da taxa de juros é “uma paulada” no mercado de veículos, segundo apontou Luis Carlos Moraes , presidente da Anfavea, associação que representa as montadoras. Em coletiva de imprensa na segunda-feira, 7, ele disse que o reajuste da Selic em 1,5 ponto porcentual para 10,75% ao ano, feito na semana passada, tende a frear ainda mais as vendas de veículos – que já começaram 2022 em patamar fraco.

“Nosso consumidor tem alta dependência de financiamento. Antes da pandemia, em 2019, 64% das vendas de carros foram feitas por Crédito Direto ao Consumidor (CDC)”, lembra o executivo.

Ele reforça que a indústria automotiva entende a necessidade de controlar a inflação, mas enfatiza que encontrar o equilíbrio entre essa busca e o risco de derrubar a atividade econômica é delicado. “Temos muita preocupação com o aumento em um momento em que o endividamento das famílias é elevado, o nível de emprego ainda longe do adequado e o PIB [Produto Interno Bruto] é fraco”, avalia o executivo, lembrando que há sinalização de que a Selic poderá subir mais até o fim do ano.


Leia também:
– SUVs e veículos eletrificados têm recorde de participação de mercado em janeiro
– Exportações de veículos registraram alta superior a 6% em janeiro
– Produção de veículos em janeiro foi a menor dos últimos doze meses


Além da oferta, setor automotivo está preocupado com a demanda

A preocupação da indústria com a elevação dos juros acontece após o resultado fraco de vendas de veículos em janeiro. Foram negociados 126,5 mil automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus, com queda dramática de 38,9% sobre dezembro e de 26,1% na comparação com janeiro de 2021.

Tradicionalmente, os primeiros meses do ano são menos aquecidos para o setor por causa das férias, carnaval e custos que o consumidor têm sazonalmente nesse período. Ainda assim, Moraes lembra que uma série de outros fatores aprofundaram a baixa. Entre eles, o executivo cita o avanço da variante ômicron, que também impactou o mercado automotivo em outros países, e as chuvas mais intensas que provocaram o fechamento de concessionárias e desestimularam o consumidor a sair de casa.

“Tivemos ainda uma mudança no sistema de emplacamentos. Isso fez com que muitos veículos vendidos em janeiro acabassem não sendo registrados naquele mês. É algo que teve um impacto nos números, mas agora está regularizado”, aponta.

Moraes lembra ainda que dezembro foi um mês bastante forte, em que a indústria automotiva acelerou para atender pedidos dos consumidores que estavam atrasados por causa da falta de semicondutores – por isso, a base de comparação fica desequilibrada.

Depois de um ano de crise na oferta de veículos por causa da escassez de componentes, Moraes admite que 2022 será de preocupação mais forte com a demanda. Segundo ele, o aumento dos juros e os fatores elencados pela Anfavea começam a pesar à medida que a oferta de chips eletrônicos passa a se regularizar e virar uma aflição secundária. “No ano passado olhamos muito para a oferta. Este ano, por causa desse conjunto de fatores, precisamos ficar mais atentos à demando por veículos”, resume.

Fonte: Automotive Business

Informes

Abrir bate-papo
SincoPeças - SP
Olá 👋
Podemos ajudá-lo?