Coluna Fernando Calmon nº 1.127
Finalmente, novembro indicou um mês de alento para as três principais referências da indústria automobilística: vendas, exportação e produção. O número mais animador foi a média de vendas diárias de 11.300 unidades entre veículos leves e pesados, a melhor em 2020. Não se trata de grande avanço pois em fevereiro último a média diária atingiu 11.200 unidades, porém é o sexto mês seguido de expansão.
As exportações deram um salto de 38% sobre novembro de 2019 (melhor mês deste ano) e a produção, 4,7% maior que a do mesmo mês do ano passado. Resta ver o cenário em dezembro, mas é provável que as vendas superem 2 milhões de unidades, acima das previsões. No acumulado dos nove primeiros meses a queda é de 28,1%, mas 2020 deve terminar com algo em torno de 25% de recuo, bem menor que os mais de 40% previstos inicialmente. Os estoques somaram apenas 16 dias, metade do normal.
Todavia, será mais difícil encontrar carros para pronta entrega no curto prazo, admite Luiz Carlos Moraes, presidente da Anfavea. “Mesmo com mão de obra disponível pois férias foram antecipadas, algumas linhas de montagem vão parar para manutenção ou alterações. Infelizmente os preços continuarão a subir pelos efeitos do dólar alto e as dificuldades de abastecimento de insumos. Estoques muito baixos também pressionam preços ao consumidor.”
Outro indicador razoável é o mercado de automóveis e comerciais leves usados (95% do total das vendas). Fenabrave constata alta de 14,3% entre novembro de 2020 e o mesmo mês de 2019. No acumulado comparativo entre os dois anos a retração é de 17,4%, bem menor do que em veículos novos, o que pode dar alguma sustentação em 2021.
“O mercado de usados seguiu aquecido em novembro, especialmente se consideramos 20 dias úteis contra 21 em outubro. Observamos aumento dos índices de confiança do consumidor, boa oferta de crédito, taxas de juros estáveis. Faltaram alguns modelos de carros zero-km no mercado”, comenta Alarico Assumpção Júnior, presidente da Fenabrave.
A Fenauto, que congrega lojas independentes, informa que entre 30/11 e 3/12 houve variação positiva de 3,7% sobre a semana anterior nas vendas de modelos usados. É possível, portanto, que 2020 termine com queda entre 10% e 15% em relação a 2019, resultado surpreendente em tempos tão difíceis.
AUDI ESBANJA DESEMPENHO
EM TÉRMICOS E ELÉTRICOS
Não importa qual seja o meio de empurrar as costas dos ocupantes contra os bancos. A marca das quatro argolas entrelaçadas acaba de lançar no Brasil o TT RS que recebeu atualização visual de meia geração e manteve o motor térmico 5-cilindros, 2,5 L, 400 cv e 49 kgfm capaz de acelerar de 0 a 100 km/h em 3,7 s. Além do novo spoiler dianteiro, o aerofólio traseiro recebeu aletas semelhantes aos winglets usados na ponta das asas dos aviões para melhor aerodinâmica. Versão única por R$ 442.990.
Audi continua a importar uma das últimas stations disponíveis no mercado brasileiro. A RS 4 Avant sai por R$ 585.990. O motor V-6 de 450 cv é o mesmo do sedã-cupê RS 5 Sportback de R$ 695.990.
Por outro lado, a empresa anunciou mais um modelo ao seu portfólio de carros 100% elétricos que chegarão ao Brasil ao longo de 2021. Além do e-tron GT (quase 600 cv), cujos dados de desempenho ainda não foram divulgados, a empresa confirmou a importação do RS e-tron GT. A potência será de cerca de 700 cv, a maior já oferecida pela Audi.
ALTA RODA
CAOA CHERY tem planos ambiciosos até 2025 ao completar agora três anos de atuação em conjunto com a marca chinesa. Um deles é se estabelecer entre as dez maiores no mercado brasileiro (hoje é 11ª). Para isso pretende evoluir toda a linha atual e produzir em Anápolis (GO) a Exeed, marca de SUVs mais elaborados da sócia chinesa. Incluirá híbridos em seu portfólio. O grupo brasileiro importa e fabrica modelos Hyundai, mas ainda não resolveu o impasse jurídico com os sul-coreanos.
DURANTE o Web Fórum SAE Brasil, semana passada, um tema dos mais instigantes. Para especialistas os consumidores ainda não sabem bem como tomar decisões sobre mobilidade para melhorar sua experiência, custo-benefício, otimização de trajetos, entre outros. Muitas pessoas pensam em ter transporte próprio e não estão abertas para migrar para outros serviços. Existe dificuldade também em conseguir atenção dos governos para o assunto.
LATIN NCAP continua insistindo em um erro já superado por outros países que avaliam a segurança dos veículos em colisões contra barreiras. Sem nenhum sentido testar o mesmo modelo com protocolos diferentes. Além de tecnicamente errado, leva dúvidas ao consumidor e é contraproducente. Ademais, compete ao Brasil regulamentar os itens de segurança dentro da nossa realidade de relação custo-benefício, totalmente diferente dos países ricos.
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