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Alimentos seguem em alta, mas custo de vida desacelerou em São Paulo em janeiro

Energia elétrica é o principal alívio momentâneo das famílias, mas expectativas são de pressões fortes nos próximos meses; acumulado de 12 meses está perto de 5%

07/03/2025

O grupo de alimentos e bebidas apresentou elevação significativa de 0,42%, segundo a pesquisa (Arte: TUTU)

Com a diminuição da conta de luz, famílias de renda mais baixa tiveram um alívio momentâneo no custo de vida em janeiro. Segundo dados da pesquisa Custo de Vida por Classe Social (CVCS), elaborada mensalmente pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP), foi registrada uma variação tímida de 0,06% em janeiro — menor taxa para o mês desde 2018, quando a variação foi de 0,05%. No acumulado de 12 meses, o índice está em 4,76% [gráfico 1]

O grupo de alimentos e bebidas, itens que têm pautado o debate público desde o fim de 2024, apresentou elevação significativa de 0,42%, segundo a CVCS. Alguns produtos ficaram especialmente mais caros, como o café moído (8,8%), o tomate (18,9%) e a cenoura (16,8%). As carnes, por sua vez, tiveram um primeiro recuo (-0,79%) após cinco meses de aumento, seguindo a estabilização da arroba do boi.

[GRÁFICO 1]
Variação do custo de vida na Região Metropolitana de São Paulo (2023–2025)
Fonte: IBGE/FecomercioSP

A estabilidade observada em janeiro não reflete, porém, uma mudança estrutural na tendência de alta dos preços, mas sim fatores pontuais, como a forte redução do preço médio da energia elétrica. Na verdade, a Federação prevê que a inflação volte a ser maior em fevereiro, porque, além dos alimentos, o grupo de transportes deve aumentar com o ajuste no preço da gasolina e do óleo diesel. A Entidade reforça, assim, a importância de políticas voltadas ao controle da inflação e ao corte de gastos públicos, fatores que geram mais elevação de preços e trazem incertezas ao mercado.

Ao contrário dos últimos meses, o custo de vida ficou mais baixo para as camadas mais pobres. No caso da classe E, a deflação foi de -0,17%, enquanto ficou em -0,13% para a classe D. Para as classes A e B, houve aumentos de 0,25% e 0,16%, respectivamente.

O principal fator para essa desaceleração foi a queda no grupo habitação (-2,63%), afetando mais as classes de menor renda (-3,31% na classe D contra -1,25% na classe A). A energia elétrica residencial teve um recuo de 15,9% — contribuindo positivamente —, influenciado pela distribuição de bônus para os consumidores da empresa Itaipu, efeito que não deve se repetir nos próximos meses [tabela 1].

[TABELA 1]
Custo de vida na Região Metropolitana de São Paulo (2025)
Recorte por classe social
Fonte: IBGE/FecomercioSP

O grupo vestuário também apresentou queda (-0,46%), influenciando o resultado geral. Peças como bermudas infantis (-3%), vestidos (-2,8%) e calças femininas (-1,1%) registraram os maiores recuos.

Por outro lado, o grupo transportes registrou uma elevação de 1,52% em janeiro, pois os combustíveis pressionaram os preços, com aumento do etanol (1,8%) e da gasolina (0,8%). O segmento de serviços também apresentou forte impacto, com passagens aéreas subindo 8,1% e reajustes na tarifa do transporte público, de ônibus municipais (+5,2%) e intermunicipais (+4%). As famílias de menor renda foram as mais afetadas, com o grupo transportes subindo 2,17% na classe E, e 1,19% na classe A [tabela 2].

[TABELA 2]
Custo de vida na Região Metropolitana de São Paulo (2025)
Recorte por grupo
Fonte: IBGE/FecomercioSP

O grupo saúde também registrou aumento, de 0,85%, sendo os principais responsáveis pela alta, influenciados pela desvalorização cambial, os perfumes (3,4%), os produtos dermatológicos (2,7%) e os remédios oftalmológicos (1,8%).

O Índice de Preços ao Consumidor por Faixa de Renda (IPV) aponta que o custo de vida teve maior alta no acumulado de 12 meses para as classes B (4,73%) e D (4,72%), enquanto as variações foram de 4,70% para a classe C e 4,68% para a classe E. No recorte mensal, as classes A e C registraram aumentos de 0,48% e 0,38%, respectivamente, enquanto para as classes D e E, a alta foi de 0,36% para cada uma.

[TABELA 3]
Custo de vida na Região Metropolitana de São Paulo (2024)
Recorte por classe social
Fonte: IBGE/FecomercioSP

A diferença na percepção da inflação entre as faixas de renda está diretamente ligada à distribuição dos gastos. As classes de menor poder aquisitivo concentram seus orçamentos em itens essenciais, tornando os aumentos desses produtos mais perceptíveis. Já os grupos de renda mais alta enfrentam variações de preços em uma cesta de consumo mais diversificada, o que dilui o efeito da inflação.

Nota metodológica CVCS

O Custo de Vida por Classe Social (CVCS), formado pelo Índice de Preços de Serviços (IPS) e pelo Índice de Preços do Varejo (IPV), utiliza informações da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e contempla as cinco faixas de renda familiar (A, B, C, D e E) para avaliar os pesos e os efeitos da alta de preços na Região Metropolitana de São Paulo, em 247 itens de consumo. A estrutura de ponderação é fixa e baseada na participação dos itens de consumo obtida pela POF de 2008/2009 para cada grupo de renda e para a média geral. O IPS avalia 66 itens de serviços, e o IPV, 181 produtos de consumo.

Sobre a FecomercioSP

Reúne líderes empresariais, especialistas e consultores para fomentar o desenvolvimento do empreendedorismo. Em conjunto com o governo, mobiliza-se pela desburocratização e pela modernização, desenvolve soluções, elabora pesquisas e disponibiliza conteúdo prático sobre as questões que afetam a vida do empreendedor. Representa 1,8 milhão de empresários, que respondem por quase 10% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro e geram em torno de 10 milhões de empregos.

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