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Corolla Cross é maior aposta da Toyota para crescer na América Latina


Primeiro SUV da marca fabricado em Sorocaba será o modelo mais exportado da marca no País, preços partem de R$ 140 mil (WILSON TOUME E PEDRO KUTNEY, AB)

Após muita expectativa, a Toyota finalmente lançou o seu primeiro SUV fabricado no Brasil, o Corolla Cross, um utilitário esportivo médio-compacto que aumenta a competitividade da marca no segmento de veículos que mais cresce no País e em todo o mundo. O modelo, que terá como principais concorrentes aqui Jeep Compass e Volkswagen Taos, foi apresentado oficialmente ao público brasileiro na noite da quinta-feira, 11, e chega às concessionárias brasileiras da marca em 25 de março. As vendas já começaram com uma edição especial mais equipada, limitada a 1.200 unidades, por R$ 184 mil. A linha regular tem quatro versões, duas com motor a combustão bicombustível e duas híbridas flex, que custam de R$ 140 mil a R$ 180 mil.

Após anos de indefinição da montadora sobre qual utilitário esportivo poderia ser fabricado na região, o Corolla Cross nasce de investimentos de R$ 1 bilhão realizado na fábrica de Sorocaba (SP) desde o fim de 2019 – mesmo com a pandemia, o projeto não foi atrasado e a planta passou por alterações durante todo o ano passado para receber o novo modelo, que se junta ao Yaris e Etios também fabricados na unidade.

“Durante um bom tempo estudamos qual seria o melhor SUV para fabricar aqui, não só para o Brasil, mas também para exportar. Na América do Norte já temos o RAV-4, um pouco grande e caro para esses mercados. Na Europa temos o C-HR feito na Turquia, mas tem pouco espaço na traseira e no porta-malas para o gosto brasileiro. Escolhemos o Corolla Cross que acreditamos ser o balanço perfeito para nossa região”, explica Masahiro Inoue, CEO da Toyota Latin America.

PLATAFORMA GLOBAL
A plataforma do novo SUV é a GA-C (sigla de Global Architecture – Compact), projetada sob os rigores da nova arquitetura global da Toyota (TNGA), a mesma já aplicada ao híbrido Prius e na nova geração do sedã Corolla, também produzido no Brasil desde 2019 em Idaiatuba (SP). Por isso os dois modelos compartilham muitos componentes, especialmente no interior e no powertrain, igual para ambos.

O Corolla Cross já é produzido na Tailândia e em Taiwan e o modelo que estreia no Brasil é praticamente o mesmo oferecido nos mercados asiáticos, com exceção do porta-malas, que por causa do estepe possui capacidade ligeiramente menor por aqui, mas o espaço para 440 litros de bagagem não é pequeno – especialmente em comparação com os 375 litros do C-HR, que por isso mesmo perdeu a concorrência para ser fabricado aqui.

BRASIL SERÁ MAIOR POLO DE PRODUÇÃO DO COROLLA CROSS
O Brasil será o maior polo de produção do Corolla Cross no mundo. A Toyota pretende produzir 55 mil unidades neste primeiro ano, portanto em nove meses a expectativa é que o modelo vai ocupar metade da capacidade de 110 mil veículos/ano da fábrica de Sorocaba, onde também são produzidos as linhas Etios (agora só para exportação) e Yaris, hatch e sedã.

A previsão é destinar 42 mil unidades do SUV para o mercado brasileiro e 13 mil para exportações a 22 países da América Latina e Caribe (exceto o México) – tornando-se assim o modelo mais exportado pela montadora a partir do Brasil. “Nossa intenção é produzir no Brasil produtos cada vez mais exportáveis”, afirma Inoue.

As vendas externas do Corolla Cross brasileiro tem como destino Argentina, Aruba, Bahamas, Belize, Bolívia, Chile, Colômbia, Costa Rica, Curaçao, República Dominicana, Equador, El Salvador, Guatemala, Haiti, Honduras, Nicarágua, Panamá, Paraguai, Peru, St. Marteen, Uruguai e Venezuela. Na Argentina, aliás, o modelo já está disponível, pois foi lançado simultaneamente com o Brasil.

EXPECTATIVAS MODERADAS DE DESEMPENHO NO BRASIL
A média de vendas esperada pela Toyota ao ritmo de 3,5 mil/mês no mercado brasileiro não vai fazer do Corolla Cross o líder de vendas do segmento de SUVs médios-compactos – posto hoje é ocupado pelo Jeep Compass, que emplacou 4,6 mil unidades em fevereiro. Mas o novo SUV pavimenta o caminho para que a marca participe de uma fatia importante do mercado onde não era competitiva só com produtos importados e mais caros.

A Toyota dedicou atenção especial a esse lançamento no Brasil, tanto que, mesmo reconhecendo a dificuldade atual com falta de componentes – especialmente os semicondutores, que afetam outros setores da indústria – explicou que a produção do Corolla Cross foi priorizada a fim de garantir que não vão faltar veículos nas lojas, ao menos no início das vendas.

Segundo Rafael Chang, presidente da Toyota no Brasil, a primeira estimativa é que 30% dos Corolla Cross vendidos sejam híbridos, seguindo a mesma tendência do que acontece atualmente com o sedã, que entre o fim de 2019 e começo de 2020 chegou a ter mais de 40% da demanda concentrada nas versões híbridas, o dobro que que esperava a montadora no lançamento do carro em setembro de 2019. “Erramos daquela vez, mas agora esperamos que a preferência dos clientes tenha se estabilizado com a procura pelo híbrido em torno de 30%”, avalia o executivo.

A expectativa é também que o SUV não deverá roubar muitos clientes do Corolla, o sedã médio mais vendido do Brasil há mais de cinco anos. “Avaliamos que poderá haver alguma migração, mas há espaço para os dois, os clientes de sedãs seguem sendo muito fieis ao modelo e à marca”, diz Chang. A Toyota prevê produzir 50 mil unidades do sedã em Indaiatuba este ano, ocupando perto de 70% da capacidade da planta, comando mercado interno e exportações para apenas meia dúzia de países da América do Sul.

SEMELHANÇAS E DIFERENÇAS COM O IRMÃO SEDÃ

Com 4,46 m de comprimento, 1,82 m de largura, 1,62 m de altura e 2,64 m de entre-eixos, o Cross tem porte semelhante ao do “irmão sedã” e, segundo a Toyota, oferece bom espaço para a utilização familiar. O visual do mais novo SUV brasileiro deve agradar o público brasileiro, já que não traz nenhuma ousadia estética. O resultado é sóbrio e elegante, tanto na parte externa quanto na interna, que, aliás, é idêntica à do Corolla sedã.

Da mesma maneira, as opções de conjunto motriz são as mesmas. Duas das quatro versões são equipadas com motor de combustão interna flex 2.0 Dynamic Force, fabricado na planta de motores em Porto Feliz (SP), com comando de válvulas variável inteligente VVT-iE e sistema de injeção de combustível direta e indireta (comutada automaticamente de acordo com a aceleração), que desenvolve 177 cavalos e torque máximo de 21,4 kgfm (com etanol ou gasolina), combinado com câmbio automático tipo CVT (polias continuamente variáveis) de 10 marchas virtuais e uma engrenagem na primeira marcha para assegurar arrancadas mais rápidas.

Outras duas versões são híbridas, combinando motor a combustão 1.8 flex de ciclo Aktinson (privilegia o consumo), com 101 cavalos e 14,5 kgfm, combinado com dois motores elétricos que entregam 72 cavalos e 16,6 kgfm, tudo acoplado a um câmbio CVT com quatro modos de utilização. O powertrain híbrido que inclui a bateria híbrida de níquel-hidreto metálico é importado do Japão.

Estruturalmente, a principal diferença do Corolla Cross em relação ao sedã está na suspensão traseira, com eixo de torção em vez de multibraço, que foi adotada, de acordo com os técnicos da montadora, por proporcionar mais espaço ao porta-malas.

VERSÕES, EQUIPAMENTOS E PREÇOS
O Corolla Cross será oferecido em quatro versões, sendo duas com motor 2.0 flex e duas híbridas. Todas trazem sete airbags, rodas de liga leve, ar-condicionado, central multimídia com tela de oito polegadas, saídas de ventilação e retrovisores externos com rebatimento elétrico como itens de série. O modelo de entrada com motor 2.0 é o XR, que traz os equipamentos listados e tem preço sugerido de R$ 139.990.

A configuração XRE, com o mesmo powertrain e os mesmos itens da XR, tem bancos revestidos de couro, chave presencial com partida por botão, faróis de LED, sensor de chuva, borboletas para trocas de marcha junto ao volante e controlador de velocidade de cruzeiro, além de rodas de liga leve de 18 polegadas, com preço sugerido de R$ 149.990.

O primeiro modelo híbrido é o XRV, que vem com o mesmo pacote do XRE acrescido de alerta de ponto cego, alerta de tráfego cruzado traseiro e sensor de manobras dianteiro, além do pacote de itens de assistência ao condutor Toyota Safety Sense (TSS), composto por sistema de alerta e frenagem autônoma de emergência, alerta e assistente de permanência em faixa, sensor de farol alto automático e controlador de velocidade de cruzeiro adaptativo. O preço sugerido é R$ 172.990.

O Corolla Cross topo de linha é o XRX, também híbrido flex, que custa R$ 179.990, possui os itens do XRV e mais: ar-condicionado automático de duas zonas, banco do motorista com ajustes elétricos, teto solar, quadro de instrumentos digital de sete polegadas, rodas de liga leve com desenho exclusivo e acabamento interno na cor bege.

No Brasil, a expectativa da Toyota é que as versões com motor de combustão interna respondam por 70% das vendas do Corolla Cross, com a XRE sendo a mais comercializada, com 65% do total. A configuração XRX deve responder por 25% das unidades, enquanto os modelos de entrada XR (2.0) e XRV (híbrido) ficarão com 5% cada. A garantia do veículo é de cinco anos sem limite de quilometragem, enquanto o conjunto híbrido possui garantia estendida de oito anos.

Fonte: Automotive Business

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