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7 fatos sobre o Fiat Fastback: da estratégia da empresa à condução do SUV-cupê

03/10/2022

Não faz muito tempo que SUV-cupê era coisa para consumidor endinheirado, carroceria presente no portfólio de marcas premium, mas distante das possibilidades da classe média brasileira. Esse cenário começou a mudar e, em setembro, a Fiat passou a vender o Fastback e engrossou o coro das montadoras que apostam nos utilitários esportivos cupê.


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Esse é o principal lançamento da empresa para 2022 e uma das grandes novidades da Stellantis para o ano – o grupo que engloba, além da marca italiana, Jeep, Peugeot e Citroën. Não à toa, o modelo chegou às concessionárias cercado de expectativas.

Para enumerar algumas, está o fato de ser um inédito SUV-cupê da marca e por colocar fim a quatro anos de suspense. Isso porque a primeira menção ao Fastback remonta ao distante Salão do Automóvel de 2018, quando a fabricante apresentou um carro-conceito com este nome e que fundia elementos de design da picape Toro com, adivinhe, um SUV e um cupê. 

A reportagem da Automotive Business dirigiu o Fastback por quatro dias e cerca de 220 km em ciclo urbano. A seguir, reunimos sete fatos sobre o modelo e as suas expectativas de chegada ao mercado.

Fiat Fastback atira para todos os lados

O lançamento chega em três versões ao mercado:
– Audace 1.0 T200: R$ 129.990
– Impetus 1.0 T200: R$ 139.990
– Limited Edition Powered by Abarth 1.3 T270: R$ 149.990

Com esse posicionamento de preços, o Fastback concorre diretamente com o topo de gama de uma série de SUVs pequenos e com versões de entrada de modelos médios. Entram no alvo do modelo Renault Duster, Nissan Kicks, Volkswagen Nivus e Chevrolet Tracker.

O novo SUV-cupê da Fiat, inclusive, canibaliza versões do Renegade, modelo da Jeep, marca que pertence ao mesmo grupo. Se brincar, configurações mais completas do irmão Fiat Pulse também aparecem na linha de tiro. 

Design é um dos pontos fortes do modelo

Nesse contexto, a novidade entra na briga com vantagem estética por adotar o design cupê, antes visto com alguma frequência em modelos de marcas como Audi, Mercedes-Benz e BMW. Aliás, seria o Fastback um similar (bem) menos abastado do X4? 

Se na dianteira o modelo é praticamente idêntico ao irmão Pulse, na traseira as coisas são bem diferentes. As lanternas afiladas e as linhas mais robustas dão a impressão de que o SUV tomou como musa inspiradora o veículo da BMW. Assim, mesmo sendo feito sobre a mesma plataforma MLA do outro modelo da Fiat, isso lhe confere aspecto de utilitário esportivo mais, digamos, parrudo.

Com Fastback, Fiat segue mesma estratégia da Volkswagen

Antes da Fiat lançar o Fastback, a Volkswagen fez o mesmo movimento com o Nivus, que pavimenta o terreno dos SUVs-cupê entre as grandes marcas no Brasil com boa recompensa: as vendas do carro somaram 23 mil unidades até agosto, colocando o modelo entre os 10 mais vendidos do Brasil no período. Isso mesmo com as interrupções na produção da VW por causa da falta de componentes.

Durante os dias de avaliação, o Fastback provocou algo raro até então para um modelo de uma marca popular: algumas viradas de pescoço curiosas na rua. Também teve frentista de posto de gasolina e manobrista de estacionamento que rasgaram elogios ao carro e questionamentos sobre qual era o modelo em questão.

SUV-cupê vai causar “alvoroço no mercado”

O Fastback chega para balançar o mercado. Esse é o objetivo da Fiat e também a visão de especialistas do setor automotivo. A fabricante não se conteve a bater o bumbo após os primeiros 10 dias de vendas para anunciar que o ritmo de emplacamentos ficou acima das expectativas: foram 5 mil unidades, o que supera em cinco vezes a projeção mais otimista da montadora de 3 mil vendas por mês.

Claro que existe aí o efeito do marketing mais pesado do lançamento, mas o bom potencial é confirmado por Fernando Trujillo, consultor e diretor da S&P Global. “O veículo tem tudo para cair no gosto do consumidor, com um design arrojado, motores 1.0 e 1.3 turboaspirados e bom posicionamento de preço. Projetamos uma média de vendas na casa das 40 mil unidades por ano”, estima o especialista. 

Nesse patamar, ele afirma que o carro deve se manter com ligeira vantagem em relação ao Volkswagen Nivus no ranking de vendas. Se confirmada a projeção, o SUV-cupê da Fiat também estará à frente de Nissan Kicks e Corolla Cross, e poderá balançar ainda as vendas do Chevrolet Tracker. Nada mal para o recém-chegado.

Milad Kalume Neto, consultor da Jato Dynamics, concorda com o volume potencial e entende que o modelo “vai causar alvoroço no mercado”.

Fastback consolida reposicionamento da Fiat

Com tanta expectativa em torno do carro, a chegada do Fastback consolida o reposicionamento da marca Fiat, que começou em 2020 com a chegada da nova geração da picape Strada e uma nova identidade visual. Sai de cena a fabricante do saudoso Mille, do Palio e do Uno, tão populares nas ruas brasileiras. Entra uma montadora que pretende se destacar como jovem, moderna e tecnológica.

A promessa é traduzida em modelos com bom apelo com o consumidor, mas com preços bem mais salgados, distantes daquele cliente do passado – um movimento que é seguido pela maioria das montadoras presentes no Brasil, que focam em oferta de produtos com melhores margens.

Com isso, o portfólio de veículos de passeio da Fiat começa com o Mobi, modelo com futuro mais incerto no Brasil, já que, apesar dos bons volumes de vendas, tem menor rentabilidade. Em seguida estão o hatchback Argo e o sedã Cronos, o SUV pequeno Pulse acompanhado do recém-chegado Fastback, a picape campeã de vendas Strada e a médio-compacta Toro.

Ainda que deixe um vácuo na camada de entrada do mercado, a estratégia é vista como acertada. “Com o lançamento do Fastback, a Fiat fortalece seu reposicionamento e deixa de ser uma marca de entrada para focar em produtos com mais tecnologia, qualidade e com um portfólio que vai de encontro com a demanda atual”, analisa Trujillo.

Milad lembra que o modelo consolida a posição não apenas da Fiat, mas também é mais um passo da estratégia da Stellantis para cobrir todos os segmentos com suas marcas, além de reorganizar o portfólio de veículos. “É curioso ver a Citroën, que sempre teve um posicionamento mais premium, buscar um consumidor mais popular com o novo C3, enquanto a gama da Fiat sobe um degrau”, observa o especialista.

Plataforma reaproveitada: baixo custo e algumas limitações

O Fastback é produzido na fábrica da Stellantis em Betim (MG) e recebeu parte do generoso aporte de R$ 16,2 bilhões que a organização aplica no Brasil desde 2018 – mas que terminará em breve. O modelo é construído, como já mencionamos, sobre a plataforma MLA, mesma do Pulse. No entanto, compartilha peças com Argo e Cronos.

O plano foi aproveitar parte da arquitetura do hatch e do sedã para fazer modelos mais incrementados, poupando o investimento elevado em uma plataforma 100% nova. Assim, a MLA passou a servir de base tanto para o Fastback, quanto para o Pulse.

A solução exigiu que a equipe de design adaptasse as grandes ambições para o SUV-cupê a uma plataforma mais compacta. Com isso, o Fastback garantiu um amplo porta-malas de 516 litros, típico de sedãs de maior porte e um destaque na categoria. Por outro lado, no habitáculo, enquanto motorista e passageiro da frente se acomodam de forma confortável, o espaço para quem vai no banco traseiro é limitado.

O acabamento interno é condizente com a proposta do carro: está longe de surpreender pelo luxo, mas também não deixa a desejar. O painel conta com plásticos de boa qualidade, com diferentes texturas, e o console central, imponente, abriga o freio de estacionamento eletrônico com a função Auto Hold – este é o primeiro modelo feito pela Fiat no Brasil a contar com a tecnologia.

A configuração testada pela reportagem foi a Limited Edition, que traz a assinatura “by Abarth”, já carregando a marca do escorpião que volta ao Brasil tanto em versões dos modelos nacionais, quanto com promessa de veículos importados. 

A motorização 1.3 turbo, também usada nos Jeep Renegade, Compass e Commander, sobra no Fastback, garantindo agilidade e boas respostas ao modelo em combinação com a transmissão automática de seis velocidades da Aisin.

Evolução da experiência digital

Aqui cabe a menção honrosa à central multimídia do Fastback. Não é nada de outro mundo: solução simples, com bluetooth que conecta facilmente no smartphone, Apple CarPlay e Android Auto sem fio e carregamento do celular por indução. A plataforma é a Connect Me, lançada na Toro em 2021 e também presente no Pulse. 

O tempo curto de teste do modelo não permitiu o desenvolvimento de grande intimidade com o sistema, mas, segundo a marca, é possível integrar a solução à Alexa, smartphone ou smartwatch. Entre algumas funções, estão alertas de manutenção e diagnóstico do carro, atualização remota de software, chamada de emergência automática em caso de acidente com acionamento dos airbags, rastreamento do automóvel em caso de furto, além de funções como abertura de portas, acionamento do ar-condicionado, de luzes e buzinas de forma remota, pelos dispositivos integrados à central multimídia do carro.

Cabe lembrar que há não muito tempo modelos da Fiat e da Jeep com grande presença no mercado eram equipados com sistema multimídia nada intuitivo, difícil de parear com o celular e com outros tropeços inaceitáveis em tempos de hiperdigitalização. Assim, apesar de não ser nova, a central que equipa o Fastback indica uma boa evolução.

Resta saber qual será o próximo passo da experiência digital dos clientes dentro dos veículos da marca. Há tempos a Fiat promete atrelar serviços de conveniência ao infoentretenimento de seus carros, inclusive com anúncios de parceria com empresas como o McDonald´s e a Visa.

Apesar do alarde, nenhuma das iniciativas ganhou corpo o bastante para redefinir a experiência dos condutores e passageiros. Sigamos à espera do próximo salto tecnológico no tão falado mundo digital.

Fonte: Automotive Business

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