“Qualquer associação de classe será tão forte quanto os seus membros queiram fazê-la.”

Chineses voltam as atenções ao mercado brasileiro de caminhões

Após tentativa frustrada na década passada, empresas da China retornam com planos mais concretos e aposta no diesel

15/12/2025

Por André Barros

Embora em queda, de 9% até novembro na comparação com os onze primeiros meses do ano passado, o mercado de caminhões brasileiro, em mais um ano com volume superior a 100 mil unidades, voltou a chamar a atenção de empresas fabricantes chinesas. Após tentativa infrutífera na década passada, quando marcas como Shacman, Sinotruk, Effa e Foton, dentre outras, testaram o mercado, saíram quando os volumes começaram a cair, e deixaram clientes na mão, os asiáticos retornam com planos aparentemente mais robustos e concretos.

A primeira a retornar foi a Foton, desta vez sem representante: são os próprios chineses que tomaram a frente da operação. Desde abril caminhões leves e médios vendidos no mercado são montados, em regime CKD, dentro da Agrale em Caxias do Sul, RS. No passado eles vieram em parceria com o empresário Luiz Carlos Mendonça de Barros, hoje fora do negócio.

De janeiro a novembro, segundo a Fenabrave, foram emplacados 862 caminhões Foton. Ainda é menos do que 1% do mercado, mas o volume vem ascendendo – só em novembro foram 117 unidades, representando 1,3% dos licenciamentos do mês. A empresa ainda comercializou 335 picapes Tunland, híbridas.

O atrativo da eletrificação é limitado ao segmento de comercial leve: nos planos das marcas chinesas de caminhão já aqui instaladas o foco não são os veículos elétricos. A Foton tem um, o caminhão iBlue. A Jac, por meio do Grupo SHC, já mantinha uma tímida operação de caminhões 100% elétricos e vendeu, de acordo com a Fenabrave, 128 unidades de janeiro a novembro.

Mas, sob o controle da matriz, a Jac Caminhões anunciou, no início do mês, a chegada de sua operação com foco no diesel. Quatro modelos chegam ao mercado em janeiro e a meta é alcançar 5% de participação, com plano de fábrica local.

Outra marca que, segundo a reportagem da Agência AutoData apurou, está estudando retornar é a Sinotruk. Representantes da empresa estiveram na inauguração da Pace, Planta Automotiva do Ceará, e, apesar da operação não estar adaptada à montagem de caminhões, existem conversas com os empresários cearenses. É possível haver novidades em breve.

Concorrentes olham com atenção

O discurso das fabricantes com décadas de operação local é o mesmo: a competição é bem-vinda desde que com as mesmas regras, afirmaram executivos de montadoras à reportagem. Para circular por aqui é preciso obedecer às normas de emissão P8 do Proconve, equivalente ao Euro 6, e aos importados é incidida, ainda, tarifa de importação de 35%.

Os chineses, ao menos neste primeiro momento, estão mirando os segmentos de leves e médios, de menor volume – mas que estão em alta.

Hoje as marcas de origem chinesa respondem por menos de 1% do mercado mas há dois anos eram pouco mais do que isto no segmento de automóveis e comerciais leves. Atualmente estão beirando os 10% das vendas.

Fonte: AutoData

Informes