Por Gustavo Queiroz
Em um evento marcado pelo anúncio de um investimento de ciclo completo em eletromobilidade, a Sany oficializou sua entrada no mercado brasileiro de transporte pesado. A fabricante, que detém a liderança nas vendas de caminhões elétricos na China, não se limitou a apresentar uma linha de veículos, mas sim um ecossistema integrado de transporte sustentável, incluindo infraestrutura de carregamento rápido, geração de energia fotovoltaica e sistemas de gestão.
A cerimônia de lançamento foi coroada com o anúncio da primeira venda comercial no país: cinco unidades dos modelos pesados 437 Super e 588, ambos elétricos, para a transportadora Gelog, um operador logístico que validou a tecnologia em testes operacionais rigorosos que se estenderam desde 2023.
“O que estamos trazendo não é apenas tecnologia, é uma mudança de paradigma. É a entrada definitiva de uma nova força no transporte pesado“, declara Dieter Lammer, diretor de Vendas e Marketing da Sany Brasil. “Trabalhamos de ponta a ponta para a operação, desde a infraestrutura, painéis fotovoltaicos, sistemas BES e estações de carregamento rápido, garantindo que o cliente tenha tudo funcionando do início ao fim“, complementa.
Segundo o executivo, este modelo de negócio visa eliminar um dos principais obstáculos para a adoção em massa de veículos elétricos pesados, que é a falta de infraestrutura de suporte. A oferta de um pacote completo assegura ao operador logístico que a frota elétrica terá a energia necessária para funcionar de forma contínua e eficiente.

em contrato assinado minutos antes do evento
De acordo com Blancher Sousa, representante da transportadora, a parceria começou há dois anos, com a empresa em busca de soluções para sua meta de emissão zero de carbono. “Foram dois anos trocando informações com relação à altimetria, capacidade da bateria, dirigibilidade e conforto do veículo. O caminhão Sany conseguiu entregar tudo isso de uma forma muito completa para nós“, revela.
Os testes de validação incluíram rotas de alto grau de dificuldade, como a subida da Serra do Mar, no trajeto do Porto de Santos até Paulínea (SP), carregado. A validação final veio com uma visita às instalações industriais da montadora em seu país de origem. “Conhecer as 46 fábricas espalhadas por toda a China nos traz ainda mais confiança. A Sany tem toda a capacidade de tomar conta do mercado brasileiro“, diz Sousa.
Linha de caminhões
A Sany revelou um portfólio diversificado formado por seis caminhões, sendo quatro modelos elétricos e dois pesados a diesel. Para 2026, a marca lançará os modelos de 3,5 toneladas e 11 toneladas elétricos. Há ainda a expectativa pela introdução do modelo com autonomia para 800 km com uma única carga de energia até a Fenatran 2026, evento que contará com a participação da marca chinesa em estande próprio.
- Sany 588 Super (6×4 Elétrico): Apontado como o “gigante da autonomia elétrica”. Capacidade de PBT de 120 toneladas, com autonomia declarada de até 500 km. Potência de 470 kW, sistema de regeneração de energia em cinco níveis e capacidade de carregamento de 20% a 80% em menos de 55 minutos. Destinado a operações dedicadas de longo curso, mineração e celulose.
- Sany 437 Super (6×4 Elétrico): Também com PBT de 120 toneladas e autonomia de até 350 km. Desenvolve 480 kW (equivalente a 650 cv) foi aprovado em testes de subida na rodovia Anchieta com carga total, com capacidade de rampa que excede 10º.
- Modelo a Diesel: Com 560 cv na configuração 6×4 ou com potência de 490 cv na versão 4×2 para aplicações no transporte florestal e como cegonheiro, entre outras possibilidades.
- Light Truck Elétrico: Um veículo de 6 toneladas de PBT, com desenho da Pininfarina, autonomia de até 300 km e cabine com piso plano. Focado na distribuição urbana de cargas fracionadas, bebidas e frigoríficos.
Capacidade industrial
Um vídeo corporativo exibido durante o evento detalhou a capacidade industrial da Sany, posicionando-a como uma força global em inovação. A empresa afirmou dominar o mercado chinês de caminhões pesados elétricos por quatro anos consecutivos (2021-2024) e operar a “maior base de produção de caminhões pesados elétricos do mundo“, com uma unidade saindo da linha de montagem a cada seis minutos.
A fabricante também destacou marcos tecnológicos, como o recorde mundial de 800 km percorridos com uma única carga pelo modelo mais avançado de sua linha, e o desenvolvimento de soluções próprias para baterias (tecnologia MTB – Module to Body), estações de troca de baterias não tripuladas e um ecossistema integrado de produção e reabastecimento de hidrogênio.
Fonte: Frota&Cia

































