“Qualquer associação de classe será tão forte quanto os seus membros queiram fazê-la.”

Com Lula, Salão do Automóvel ressurge em São Paulo após sete anos

Inauguração do autoshow foi marcada por forte presença popular em solenidade organizada pela indústria automotiva

21/11/2025

Por Bruno de Oliveira

O auditório do teatro Celso Furtado, no Anhembi, estava tomado por interlocutores da indústria automotiva, do setor de distribuição de veículos e, em maioria, um contingente de líderes e membros ligados aos diversos sindicatos dos metalúrgicos de São Paulo, na inauguração do Salão Internacional do Automóvel, que voltou à agenda de eventos oficiais da cidade depois de sete anos.

No palco, a alta cúpula da Anfavea, a associação dos fabricantes com produção local, do Sindipeças e da Fenabrave, escoltavam o grupo de representantes do governo federal encabeçado pelo presidente da república, Luiz Inácio Lula da Silva. Ainda que as montadoras e a RX, organizadora do evento, tenham se esforçado nos últimos três anos para a volta do salão, foi a partir do seu aval que o movimento pela retomada ficou mais forte.

Salão aconteceu por meio da chancela presidencial

E a indústria sabe disso e o incentivou – não foram poucas as vezes em que o presidente, em eventos realizados por montadoras, ouviu o discurso de que a volta do salão só seria possível se o coro ganhasse o peso do executivo em Brasília (DF). Isso acabou acontecendo e, na quinta-feira, 20, o principal autoshow da América Latina começou e deverá receber ao longo de nove dias cerca de 700 mil visitantes.

“Disse que o salão voltaria na posse do penúltimo presidente da Anfavea. Quero agradecer a Anfavea por trazer de volta uma coisa que eu tenho certeza de que o povo gosta, apesar do preço atual dos carros. Agora vocês precisam permitir que essas pessoas possam comprar os seus carros”, disse o presidente da república na inauguração do evento, se dirigindo aos representantes das montadoras presentes. Já tinha feito algo semelhante na abertura da fábrica da BYD, em outubro.

Mas as chancelas presidencial e industrial não foram suficientes para ressuscitar o salão. É preciso lembrar que o retorno do evento também foi potencializado pelos recursos de montadoras chinesas que viram no ali uma oportunidade de se apresentarem ao público brasileiro – ou mostrar poderio frente as chamadas fabricantes veteranas.

Veteranas ficaram de fora do autoshow

Veteranas que perceberam o movimento e também decidiram marcar território no evento. Afora Volkswagen e General Motors, que declinaram do investimento, Toyota, Honda, Hyundai, Renault e a gigante Stellantis resolveram entrar na dança e mostrar suas credenciais nessa espécie de guerra fria que existe hoje no mercado envolvendo marcas ocidentais e chinesas.

“Uma pena a ausência dessas montadoras. Nós que trabalhamos desde o princípio para que o salão fosse o evento das fabricantes com produção local… acabou sendo o salão dos importadores”, disse um executivo à Automotive Business, em off, nos corredores do Anhembi. A reportagem observou também que representantes dessas fabricantes ausentes estiveram na solenidade de abertura. Como integrantes dos quadros da Anfavea na oportunidade, claro, mas estar ali também foi uma forma de ver para crer.

Reerguer o Salão do Automóvel também envolveu convencimento. O modelo feira perdeu a atratividade há algum tempo e não apenas no Brasil. E por causa disso a organização teve de apostar em uma fórmula que expande as atrações para além do centro de exposições, com oferta de testes em pista para os visitantes, dentre outras ativações. Se deu certo, ou não, só saberemos após o encerramento, em 30 de novembro.

“A história da indústria automobilística será marcada entre antes e depois desse salão do automóvel. Quem vier aqui vai perceber que o Brasil efetivamente é um país competitivo, de oportunidade, cansado de ser um país em desenvolvimento”, finalizou Lula

Fonte: Automotive Business

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