“Qualquer associação de classe será tão forte quanto os seus membros queiram fazê-la.”

É certo: produção de veículos crescerá menos do que o projetado

Até outubro, Brasil já fabricou 2,23 milhões de veículos leves e pesados, 5,2% a mais

13/11/2025

Por George Guimarães

A Anfavea não reviu nem pretende rever sua projeção inicial de crescimento de 7% da produção de veículos para 2025. Faltando apenas dois meses para o encerramento do ano, Igor Calvet, presidente da entidade, jogou a toalha ao afirmar que esse índice não será alcançado.

Em entrevista coletiva na COP30, em Belém, PA, nesta quinta-feira, 13, Calvet revelou os números de outubro para afirmar: “A produção crescerá, mas menos. Para chegarmos ao índice que estimávamos, teríamos que aumentar a produção em 20% no último bimestre. Isso não vai acontecer”.

No mês passado, saíram das linhas de montagem das associadas da Anfavea 247,8 mil automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus, 1,8% mais do que em setembro e variação negativa de 0,5% frente ao resultado de outubro de 2024.

Indicador mais importante do atual quadro é a somatória dos dez primeiros meses de 2025.  Nesse período, a produção acumulada superou 2,23 milhões de veículos leves e pesados, crescimento de 5,2% diante do resultado de janeiro a outubro do ano passado.

Calvet aponta o programa Carro Sustentável, deflagrado na metade do ano, como fator determinante para que as linhas de montagem não exibissem crescimento ainda menor ou até desempenho negativo. “Ajudou a atenuar a queda, com certeza.”

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Os automóveis beneficiados pelo programa registraram, de janeiro a outubro, 155 mil licenciamentos, 26 mil unidades a mais ou evolução de 20%, muito acima da média de 2,5% do mercado de carros de passeio. “Prova de que o setor é muito sensível a preços”, destaca o presidente da Anfavea.

O ritmo mais lento do que o esperado das linhas de montagem deve-se, segundo o dirigente, a uma longa lista de fatores de ordem econômica, algumas externas e outras pontuais.

A interrupção das atividades da Toyota por mais de 40 dias, em decorrência da destruição de sua fábrica de motores por vendaval no fim de setembro, ajudou a agravar as dificuldades enfrentadas pelo setor com a instabilidade geopolítica, queda de alguns mercados de exportações, como da Colômbia, ou do consumo interno de caminhões pesados, além das taxas de juros elevadas que afetam todos os segmentos.

O crescimento da concorrência e oferta de produtos importados também não de hoje é relacionado por Calvet como  preocupante para a produção brasileira. Enquanto os estoques dos veículos nacionais ficam na casa de um mês, o volume de veículos trazidos de fora é suficiente para algo acima de quatro meses.

No acumulado dos dez primeiros meses do ano, foram emplacados 402 mil unidades importadas, crescimento de 8,9%. Modelos chineses responderam por 143,2 mil emplacamentos, 53% a mais do que em igual período de 2024.

Com esse contingente, a China já se aproxima da Argentina na briga pela liderança dos embarques para o mercado brasileiro. Do país vizinho foram comercializados aqui, até outubro, 167 mil unidades, 5,2% a menos.

Desde meados do ano, a China vem diminuindo a vantagem da Argentina de maneira ainda mais acentuada. Em agosto, setembro e outubro teve mais emplacamentos. No mês passado, por exemplo, foram 19,7 mil chineses contra 16,7 mil argentinos trazidos pelas montadoras instaladas aqui também.

Produção em 2026

Se Calvet não estimou com quantos veículos produzidos as montadoras deverão encerrar 2025, muito menos arriscou qualquer projeção para o ano que vem. Ainda assim, sinalizou:

“Não será um ano fácil. Um pequena queda das taxas de juros deve ocorrer no primeiro trimestre, mas, como se sabe, isso se reflete mesmo depois de seis meses ou mais.”

O dirigente, pelo menos, não vislumbra, no curto prazo, dificuldades semelhantes à eventual escassez de fornecimento de chips que ameaçou paralisar as linhas de montagem nas últimas semanas.

As montadoras, reiterou, foram informadas na semana passada pelos próprios fornecedores que as autorizações para importação começaram a ser retomadas.

“O risco [de desabastecimento] não está totalmente afastado, mas diminuiu bastante com as medidas tomadas pelo governo chinês”, ponderou.

Fonte: AutoIndústria

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