Por Lucas Torres
O varejo brasileiro se prepara para a melhor Black Friday (BF) dos últimos anos. Em pesquisa realizada pelo Opinion Box, 61% dos consumidores do país afirmaram que pretendem comprar no evento deste ano, maior percentual registrado desde o início da série histórica da pesquisa, em 2020. O levantamento projeta ainda que, além do maior número de compradores, a BF 2025 terá um aumento do ticket médio. Isso porque 60% da amostra esperam gastar mais ou o mesmo em relação ao ano passado, enquanto apenas 18% pretendem reduzir os gastos (22% ainda estão indecisos).
Entre as categorias que têm mais razão para compartilhar o otimismo geral do setor para a data, destacam-se beleza e cosméticos, roupas e acessórios e eletroeletrônicos, apontadas pelo Opinion Box como as mais desejadas pelos consumidores locais.
Tradicionalmente, as categorias em que os produtos são alvo de desejo dos clientes tendem a ter mais sucesso em datas promocionais como a Black Friday. Ainda assim, segmentos como o varejo farma, cujas compras são prioritariamente movidas por necessidade, ainda conseguem surfar no aumento de demanda característico do evento. Esse não é, porém, o caso das lojas de autopeças.
Ouvidas pela reportagem do Novo Varejo Automotivo, grandes empresas do setor como MercadoCar (SP), Somar + (RS), Jocar (SP) e Bom Preço Autopeças (GO) afirmaram que não planejam nenhuma ação específica para a Black Friday 2025. A última, aliás, foi além. E, na figura de seu diretor Renato Passaglia, destacou que as experiências anteriores simplesmente mostraram que o espírito da data e a reposição automotiva não formam um match satisfatório.
“Já fizemos ações e não tivemos resultados satisfatórios em termos de aumento de vendas. Minha visão é que a Black Friday sempre foi relacionada à oportunidade de compras de produtos de ponta de estoque a preços bem reduzidos, o que não se aplica ao nosso negócio, que é movido por demanda pontual”, afirmou o executivo.
A mesma visão é compartilhada por especialistas do varejo como o presidente do IBEVAR, Claudio Felisoni, e o assessor econômico da FecomercioSP, Fábio Pina. Ambos ressaltam que o aumento das vendas durante o fim de ano não acontece de forma homogênea entre os diferentes segmentos do comércio.
“Em geral, ninguém espera uma promoção de Black Friday para comprar alguma peça sem a qual o carro não funciona. Se eu fundi o motor em maio, eu vou lá e dou meu jeito de consertar”, apontou Pina. “É uma questão de natureza do consumo. As categorias de desejo crescem, as de necessidade se estabilizam”, concluiu Felisoni.
Em 2024, promoções de acessórios mostraram que itens podem inserir o aftermarket na Black Friday
Durante a Black Friday 2024, o segmento de acessórios de estética automotiva rompeu barreiras e demonstrou que parte do aftermarket pode, sim, dialogar com a data promocional. Segundo dados da BigDataCorp sobre mais de 20 milhões de produtos em 1,9 milhão de sites, o segmento foi agressivo na política dos preços e liderou todos os nichos do varejo com um desconto médio de 60% em e-commerces e marketplaces. Thoran Rodrigues, CEO da BigDataCorp, afirmou que produtos como faróis, para-choques e calotas ficaram também entre os mais vendidos, mostrando que podem ser uma alternativa em relação à dificuldade de mexer no ponteiro da demanda das peças de reposição propriamente ditas. “Além disso, vale dizer que incentivar o consumo online desses produtos não é uma atividade incomum que vai ser feita só em uma Black Friday. Quando falamos da estética do automóvel, sabemos que esse é um produto que já costuma ter um consumo online significativo”, destacou.
Fonte: Novo Varejo



























