A Localiza, uma das principais redes de locação de veículos do Brasil, adotou uma estratégia para usar oficinas próprias para cuidar de sua frota de cerca de 600 mil veículos alugados por ano.
A informação foi revelada por Rafaela Nascimento, diretora de estratégia e performance comercial da Localiza, durante o #ABX25 – Automotive Business Experience.
A executiva participou do painel “Como as locadoras planejam expandir frotas e conquistar usuários”, que integrou a programação da trilha Gestão de Frotas.
Localiza tem dois formatos de oficinas para seus veículos

A diretora revelou que a Localiza trabalha com dois formatos de oficinas próprias para cuidar da frota de veículos.
O primeiro se chama Pit Stop e atende aos clientes do Zarp, serviço dedicado ao aluguel de veículos para motoristas de aplicativos de transporte, como Uber e 99.
São unidades destinadas à realização de serviços de manutenção rápida, como troca de óleo, pneus, alinhamento, balanceamento, substituição de pastilhas de freio, lâmpadas, etc.
O outro sistema de oficinas, denominado Centro de Desativação, prepara os veículos que saíram dos serviços de locação para venda nas unidades de seminovos da própria Localiza.
Segundo a executiva, estão em funcionamento 15 destas oficinas, que são bem maiores do que as unidades Pit Stop e fazem serviços mais complexos e demorados, tais como revisão completa, funilaria, pintura e outras. O tempo médio de “estadia” de cada carro nessas oficinas é de cerca de 14 dias.
Os Centros de Desativação da Localiza reúnem cerca de 1,5 mil funcionários, que nas oficinas preparam os veículos para venda. A média gira entre 310 mil e 340 mil carros por ano.
Todas as oficinas também à manutenção de veículos de outros serviços da Localiza, como, por exemplo, o de carros por assinatura.
Oficinas próprias na busca por rentabilidade

A adoção de oficinas próprias foi uma das saídas encontradas pela Localiza para assegurar a rentabilidade da operação, explicou Rafaela.
“Temos mais de 50 anos de mercado e aprendemos a atuar com foco em três objetivos: comprar bem, alugar bem e vender bem, com liquidez e rentabilidade. É isso que nos ajuda nas tomadas de decisão de renovação de frota”.
Fazer a manutenção do veículo em oficinas próprias tem várias vantagens para a Localiza.
Uma delas ajuda, inclusive, a de planejar as próximas compras: como a Localiza tem uma frota grande, a empresa pode identificar, por exemplo, um desgaste anormal de um componente qualquer em um determinado modelo em relação aos similares da categoria.
Esses dados podem fazer até com que a Localiza evite a aquisição de determinado modelo específico dali por diante.
Rafaela Nascimento explicou, ainda, que uma interação com as fabricantes de veículos ocorre em diversos níveis.
“Temos um relacionamento de longo prazo com as montadoras, somos parceiros, é uma via de mão dupla, precisamos deles e eles de nós. Cerca de 20% dos nossos clientes respondem pesquisas bastante abrangentes sobre o carro que alugaram, e esses resultados são compartilhados com as montadoras.”
Empresa segmenta serviços para diferentes clientes
A Localiza partiu para a segmentação dos seus serviços devido aos vários perfis de clientes. Os principais são os esporádicos em viagem de turismo ou negócios, os de uso frequente (motoristas de app, por exemplo), os de assinatura e os de terceirização de frota.
Nos clientes dos apps de transporte, uma prática comum é não deixar o veículo acumular quilometragem demais. A solução é oferecer um carro novo antes de o modelo alugado atingir um limite de rodagem que prejudique a venda como seminovo.
Ainda dentro da mesma lógica, a empresa agora evita alugar veículos para uso considerado severo, como atividades nas quais a aplicação fora de estrada é comum. É o caso das atividades relacionadas ao agronegócio.
Toda a força ao etanol
Rafaela ainda revelou que 97% da frota da Localiza é flex. O etanol é o combustível escolhido para abastecer todos os carros. A ideia é ajudar a neutralizar a emissão de CO2.
Mas não é só: segundo ela, “o cliente está pedindo veículos eletrificados” – são atualmente 7 mil unidades na frota, entre elétricos e híbridos.
A executiva revelou que os maiores pedidos para os modelos elétricos vêm das pessoas jurídicas que terceirizam frotas. Aí entram tanto caminhões leves quanto automóveis de passeio para a diretoria, em consoante com agendas ESG das empresas clientes.
A diretora de estratégia ainda rebateu o mito de que as locadoras têm evitado comprar novos veículos eletrificados por conta de eventual depreciação mais acentuada do que a de modelos a combustão.
“Já passamos por três ciclos anuais de compra e venda de modelos híbridos e elétricos, e posso dizer que elas funcionaram a contento para nós”, garantiu.
Fonte: Automotive Business