Em tese o menos importante em um implemento rodoviário deve ser o padrão estético: estariam à frente outras características mais relevantes, tais como peso, capacidade, facilidade de operação, durabilidade e afins. Mas os clientes – de forma até surpreendente – têm prestado atenção também ao design na hora de decidir por um produto ou outro.
A revelação foi feita por Simone Martins, CEO da Librelato, durante entrevista com o tema “Como a liderança do setor de pesados planeja o futuro”, parte da trilha Transporte e Agro do Automotive Business Experience – #ABX25, realizado em 17 de setembro, no São Paulo Expo.
A executiva – que, cabe salientar, é a única liderança feminina neste segmento – explicou. “Pode até não parecer, mas o mercado de implementos se importa muito com a aparência, com o desenho e a beleza do produto, além, obviamente, da qualidade”.
Neste contexto, acrescentou, os clientes pedem, por exemplo, que o implemento tenha a mesma cor do cavalo mecânico. O que forma um conjunto de visual mais integrado e harmonioso.
“Costumamos dizer que a montadora fica mais com o visual dianteiro do caminhão e o implementador mais com o traseiro, e é onde procuramos inovar e oferecer produtos com estilo e tecnologia, usando, por exemplo, lanternas de led”.
Fabricantes de implementos em compasso de espera
Quanto ao mercado de implementos rodoviários, Simone Martins considera que 2025 tem representado exercício desafiador para os fabricantes.
Segundo a Anfir, as vendas até agosto caíram 5,5% na comparação com o mesmo período de 2024, mas a baixa está concentrada nos reboques e semirreboques, em retração de quase 21%, enquanto nas carrocerias sobre chassi há crescimento de 15%.
“No nosso caso específico, da Librelato, o principal segmento de atuação era justamente o do agronegócio, com basculante e graneleiro, então passamos por uma adaptação de mix de produção, pois no momento os implementos de carga fechada são os mais demandados, e é um mercado que não era tão conhecido por nós”, explicou.
Ainda de acordo com a CEO, o cliente está comprando menos agora em função dos juros. Mas que a curto prazo isso tende a mudar.
“Mais para a frente ele precisará renovar a frota. As compras vão voltar, talvez não com o mesmo ímpeto de antes, mas vão. As oportunidades estão aí e precisamos estar próximos do cliente para entender suas necessidades e os movimentos de mercado”.
Simone Martins ainda trouxe um interessante dado: pelos seus cálculos, para cada caminhão 0 km vendido no país, de 1,3 a 1,5 implemento novo é comercializado.
Isso porque a durabilidade do implemento é naturalmente inferior à do veículo, dada sua própria característica, afinal é nele que vai depositado todo o peso transportado.
Além disso, em muitos casos um transportador usa um mesmo implemento ora em um cavalo mecânico ora em outro, fazendo com que sua utilização em rodagem seja superior à de um único caminhão.
Expectativas para o futuro
Em sua apresentação a executiva ainda considerou que o mercado de implementos rodoviários, além da questão do design, deve continuar, tecnologicamente falando, na direção da redução de peso dos produtos.
Uma busca, principalmente, por menor consumo de combustível dos caminhões, o que, consequentemente, também significa menores índices de emissão de poluentes.
Neste sentido o uso de eixos eletrificados (que ajudam na tração) também está no radar, ainda que hoje, acredita, não exista escala necessária. Também desponta nesse caminho o controle eletrônico do implemento, para melhorar os resultados no consumo de freios e pneus do reboque.
O maior desafio, complementou, é um considerado “apagão de mão de obra”, ou seja, dificuldade na contratação de pessoas para cargos essencialmente industriais, tais como soldador ou montador.
“Buscar talentos em áreas como automação, por exemplo, é mais fácil, pois os jovens se interessam mais por esse tipo de desafio”, concluiu.
Fonte: Automotive Business