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Situação do acordo Mercosul e União Europeia e o impacto no Aftermarket Automotivo 

Acordo prevê a redução gradual das tarifas de importação de autopeças, o que trará tanto oportunidades quanto desafios para a indústria sul-americana

23/09/2025

Artigo de Luiz Sergio Alvarenga  

Em setembro de 2025, o acordo de livre comércio entre o Mercosul e a União Europeia estará com as negociações concluídas, mas ainda aguarda aprovação nos parlamentos europeus e do Mercosul para entrar em vigor. 

A expectativa é que o pacto seja assinado em dezembro de 2025, durante a cúpula do Mercosul.  

O acordo inclui termos específicos para o setor automotivo, buscando preservar os investimentos e empregos existentes, mas deve intensificar a concorrência no mercado de autopeças. 

Situação atual do acordo 

  • Negociação concluída: Após mais de 20 anos, a fase de negociações está finalizada desde dezembro de 2024, após ajustes incorporados ao texto de 2019. 
  • Resistência europeia: Há forte oposição de setores agrícolas em países como França, Irlanda e Polônia, que temem a concorrência dos produtos do Mercosul. No entanto, a necessidade de diversificar mercados devido a tensões geopolíticas (como a guerra tarifária com os EUA) tem impulsionado a aprovação. 
  • Tramitação em curso: O texto foi encaminhado ao Conselho Europeu e ao Parlamento Europeu para ratificação, além dos parlamentos dos países do Mercosul. Para a aprovação no Conselho, é necessária uma maioria qualificada de 15 dos 27 países. 
  • Possível entrada em vigor: Se não houver novos impasses, a entrada em vigor pode ocorrer a partir de 2026. 

Impacto no setor de autopeças 

O acordo prevê a redução gradual das tarifas de importação de autopeças, o que trará tanto oportunidades quanto desafios para a indústria sul-americana e isto pode mudar radicalmente o cenário que conhecemos hoje no mercado de reposição brasileiro. 

Impactos positivos: 

  • Redução de custos: A eliminação gradual de tarifas pode baratear os custos de importação de insumos e componentes da UE, melhorando a competitividade da produção local, beneficiando diretamente oficinas independentes e parte do comércio de autopeças; 
  • Ampliação do mercado: Empresas do Mercosul terão acesso facilitado ao mercado europeu, com a eliminação de 100% das tarifas da UE em até 10 anos para a indústria, o que pode beneficiar indústrias nacionais e com dificuldade de acompanhamento tecnológico; 
  • Investimento e tecnologia: O acordo busca atrair investimentos europeus para o setor automotivo do Mercosul e pode acelerar a modernização tecnológica, especialmente para a produção de veículos eletrificados. 

Impactos negativos e desafios: 

  • Aumento da concorrência: A principal preocupação é a concorrência com as autopeças europeias, que tendem a ter maior escala de produção e tecnologia. Um estudo do Instituto de Energia e Meio Ambiente (IEMA) já indicou que a UE provavelmente melhorará sua balança comercial no setor, mas o mais preocupante serão as montadoras ingressando suas autopeças produzidas nas matrizes das indústrias instaladas fora do país de seus fornecedores globais e desestabilizando o mercado doméstico. 
  • Déficit comercial: O setor já apresenta um alto déficit comercial com a UE. Sem a preparação adequada, a indústria local pode sofrer para competir com produtos importados mais baratos e de maior valor agregado. 
  • Desindustrialização: Alguns analistas, como o IEMA, alertam para o risco de desindustrialização e perda de empregos no Brasil, caso a indústria não consiga se adaptar à nova concorrência. 

Mecanismos de proteção e adaptação 

Para mitigar os impactos negativos, o acordo inclui medidas específicas: 

  • Salvaguardas: Foram criados mecanismos de salvaguarda para o setor automotivo, acionáveis em caso de grande aumento nas importações que prejudiquem a indústria local (afetando emprego, produção e vendas). Essas medidas podem suspender a redução de tarifas ou até revertê-las por um período. 
  • Cronograma estendido: Para veículos e tecnologias de ponta, o cronograma de redução de tarifas é mais longo, levando de 18 a 30 anos para a alíquota zero. Para autopeças, a eliminação de tarifas pela UE será em até 10 anos.

Fonte: Sincopeças Brasil

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