O IX Congresso Internacional de Lubrificantes e Graxas, realizado pela Associação dos Produtores e Importadores de Lubrificantes (SIMEPETRO), em Campinas (SP), nos dias 3 e 4 de setembro, abordou o potencial do mercado de lubrificantes, considerando a participação de motores a combustão no país.
Na abertura do evento, o presidente Executivo da entidade, Nilson Morsch (foto), citou os desafios do setor, como a transição energética, a descarbonização, novas regras e a busca por profissionais.

O superintendente de Abastecimento da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), Júlio Nishida, mencionou a Operação Carbono Oculto e a relevância da fiscalização para assegurar que as empresas cumpram as regras, evitando que companhias regulares deixem o mercado ou atuem na ilegalidade.
Iniciando as apresentações, o CEO da FactorK, Sérgio Rebelo, afirmou que em um mercado global de óleos lubrificantes sem crescimento, o Brasil se apresenta como uma exceção. Essa situação decorre da queda nas vendas de veículos leves em nações desenvolvidas, da expansão do transporte público e da preferência por serviços de compartilhamento. “A Europa vendeu em 2024 cerca de 15% menos veículos leves do que em 2014. Nos EUA, 8% menos e no Japão, 22% a menos”, disse.
Com mais de 200 marcas que buscam expansão ao mesmo tempo, o segmento de lubrificantes é considerado por analistas como um dos de maior competição no Brasil. A extensão territorial e questões de infraestrutura tornam a distribuição uma tarefa complexa. Para os integrantes do Painel “Distribuição e seus Desafios”, tais fatores indicam a necessidade de uma logística com colaboração, onde os fabricantes usem o serviço dos distribuidores.
Fraudes e Irregularidades
Responsável pelo painel “Combate a fraudes e irregularidades no mercado de lubrificantes”, o superintendente da ANP, Julio Nishida, informou que a mudança de método usada pela Agência para obter resultados mais eficientes é resultado de um trabalho prévio de inteligência. Essa abordagem foi fundamental para o resultado da última operação, elevando a taxa de acerto em 40% em 2023, na comparação com o ano anterior, e em 80% em relação à média dos últimos cinco anos.
“A ANP não realiza fiscalizações sem planejamento. Fizemos um trabalho prévio de inteligência para definir os alvos. Desenvolvemos um sistema chamado SIFA, o Sistema Integrado de Fiscalização do Abastecimento. Ele utiliza dados de bases que antes eram analisadas de modo separado. Inserimos regras e inteligência no sistema. Agora, ele combina informações e obtém resultados que não eram possíveis antes”, explicou.
Sobre a qualidade dos óleos lubrificantes, a conclusão é a necessidade de atuação conjunta do mercado contra irregularidades. Entre as ações citadas pela Coordenadora de Petróleo, Lubrificantes e Produtos da ANP, Maristela Lopes, está um acordo com o Mercado Livre para remover anúncios de produtos irregulares na plataforma. “No relatório que estamos finalizando, já tivemos 1.640 anúncios irregulares de lubrificantes e metanol removidos”, afirmou.
Importações
O primeiro dia do evento também tratou da Reforma Tributária e segurança dos lubrificantes. No segundo dia, houve a apresentação do gerente executivo de óleos básicos da Iconic, Marcelo Guimarães. De acordo com ele, o papel do Brasil como importador de óleos básicos é importante. A tendência para o país é de redução da dependência de importações, beneficiando empresas com operação no país, que possuem infraestrutura para suprir o mercado.
Rodrigo Abramof, Gerente Executivo de Tecnologia de Refino, Carlos Antonio Machado, Gerente de Desenvolvimento de Refino, e Ulysses Donadel, Gerente de Produtos Especiais, falaram sobre a estratégia da Petrobras nas Refinarias e o futuro dos óleos básicos. Abramof explicou que a produção da Petrobras não seguiu o crescimento do mercado de lubrificantes devido à necessidade de petróleo importado.
Descarbonização do setor
A descarbonização no setor automotivo foi o tema de Everton Lopes da Silva, diretor de Tecnologia para a América do Sul da Mahle. A empresa projeta que em 2035 o Brasil terá apenas 15% de suas vendas de veículos leves em modelos elétricos à bateria. O cenário mais provável é de 30% de híbridos e 55% com motores a combustão. Lopes concluiu que, embora o mercado de veículos elétricos e híbridos no Brasil esteja em expansão, o setor de lubrificantes e refino manterá seu valor para os motores a combustão, que ainda predominarão por um longo período.
Carl Kernizan, sócio diretor da KV Tech Consulting, representando o NLGI (National Lubricating Grease Institute), apresentou conceitos de confiabilidade para que o setor brasileiro avance em certificação. “Minha definição de confiabilidade é um conceito com várias facetas, que vai além do desempenho. Não se trata apenas de a graxa funcionar após a aplicação. Inclui critérios de sustentabilidade, confiabilidade econômica, redundância, relubrificação a longo prazo e viabilidade.”
Fonte: Frota&Cia