Por Vitor Matsubara
A Renault fez fama por muitos anos com seus carros compactos. Desde o Gordini até o Clio, vários modelos contribuíram para bons resultados pelo mundo.
Não foi diferente no Brasil, onde o próprio Clio, Sandero e, mais recentemente, Kwid se tornaram carros de volume. Só que vender compactos nem sempre significa ser rentável. É o que diz Ivan Segal, diretor global de vendas e operações da Renault.
“Não podemos ter um desempenho sustentável vendendo carros só dos segmentos A e B. Mais de 40% das vendas na Europa estão no segmento C, e é isso que queremos buscar em outros mercados”.
América Latina é um dos mercados mais importantes para a Renault

O mercado latino-americano exerce papel de protagonismo para a Renault.
O Brasil, por exemplo, é o segundo maior mercado da marca no mundo – fica atrás apenas da França, onde a Renault é líder em todos os segmentos em que atua, inclusive de automóveis de passeio e comerciais leves.
“A América Latina tem um peso estratégico dentro do plano de vendas da Renault, inclusive pela história. É muito mais complicado começar um mercado do zero do que ter uma história. Então, a ideia é crescer onde já temos presença, ainda que seja necessário corrigir alguns pontos”, disse.
Crescimento na região foi de 24% no semestre
Os resultados financeiros do Grupo Renault serão divulgados apenas no fim de julho. Mesmo assim, Ivan antecipou alguns números interessantes.
O volume de vendas na região cresceu 24%, e chegou a 128,4 mil unidades no primeiro semestre.
No Brasil, as vendas aumentaram 9%, em relação ao mesmo período de 2024. Em contrapartida, a participação de mercado teve discreto incremento de 0,2 ponto percentual.
Ivan atribuiu parte do êxito no mercado brasileiro ao Kardian. O SUV compacto da Renault foi lançado em 2024 e, segundo o executivo, foi o primeiro passo para mudar a imagem da marca no país.
“Começamos nosso plano pelo segmento B e conseguimos uma revolução. O carro (Kardian) foi o primeiro passo de reposicionamento da marca e agora vamos para o segmento C (com o Boreal)”.
“Dentro da América Latina o Brasil é o país mais competitivo. Não me surpreende que o mercado brasileiro seja mais duro, porque existe uma oferta maior de marcas e modelos”.
Argentina e Colômbia (onde a marca lidera o mercado) também foram apontados pelo executivo como mercados estratégicos. Não foi à toa que jornalistas destes países acompanharam a recente apresentação global do Boreal.
Boreal será vendido em 80 países

O Boreal marca a entrada da Renault na categoria de C-SUVs, ou de utilitários esportivos médios. Atualmente, este segmento tem nomes como Jeep Compass, Toyota Corolla Cross e Volkswagen Taos.
Após estrear no Brasil no último trimestre de 2025, o Boreal será vendido no restante da América do Sul e na Turquia a partir de 2026. A Renault pretende comercializá-lo em 81 países, sendo que Brasil e Turquia serão os únicos a produzirem o SUV.