Por Bruno de Oliveira
A sobretaxa de 50% aplicada por Donald Trump sobre todos os produtos brasileiros vendidos nos Estados Unidos acendeu o alerta no setor automotivo nacional. Mais um.
Afora as agruras domésticas, como alta dos juros e crédito restrito, o setor deverá enfrentar ainda mais dificuldades para vender veículos comerciais, sobretudo caminhões.
Isso porque a pressão do tarifaço sobre as commodities brasileiras aumenta as tensões entre as empresas do agronegócio, grandes clientes de veículos pesados no país.
“Não exportamos quase nada aos Estados Unidos, mas haverá impactos secundários se essa medida permanecer, sobretudo sobre vendas e produção de caminhões e máquinas agrícolas”, disse Fernando Trujillo, consultor da S&P Global.
O segmento de caminhões já enfrenta uma estrada árdua apesar do tarifaço. As vendas no primeiro semestre caíram 3,5%. A produção cresceu 3%, com as linhas de leves compensando as perdas de produção de modelos pesados, que transportam grãos, cana, dentre outras commodities.
No caso das montadoras de leves, os impactos devem ser menores, mas não menos preocupantes, como indicou Ciro Possobom, CEO da Volkswagen.
“O dólar vai subir e isso sempre é algo desafiador para nós. Vai mexer no preço dos componentes importados, como eletrônicos, telas”, comentou o executivo na quinta-feira, 10.
Montadoras aguardam desdobramentos
Pelos lados da Anfavea, a associação que representa as montadoras com operação no país, o momento é de avaliação dos impactos.
“Hoje não representa um impacto grande para o setor porque não exportamos carros pra lá e as peças chegam de diferentes mercados. Confiamos no diálogo e na diplomacia”, disse o presidente da entidade, Igor Calvet.
“O Brasil não é um problema para os Estados Unidos”, afirmou Geraldo Alckmin, vice-presidente da república e ministro da Indústria. “A balança comercial deles tem superávit com o Brasil em bens e serviços”, completou.