Volume fabricado no Brasil entre janeiro e outubro aponta alta de 9% em relação ao mesmo recorte do ano passado
Por Bruno de Oliveira
Faltam pouco mais de 300 mil unidades para as montadoras de veículos instaladas no país alcançarem a meta projetada para o ano, algo em torno de 2,4 milhões de unidades.
No acumulado do ano até outubro, saíram das linhas 2,123 milhões de unidades, dentre modelos leves e pesados. O resultado representou alta de 9% ante o volume registrado em janeiro-outubro de 2023.
O resultado foi impulsionado pelo desempenho das montadoras de caminhões, cuja produção cresceu 41% no acumulado do ano na comparação com igual período em 2023, somando 117 mil unidades.
LEIA TAMBÉM:
– Produção de veículos encerra o semestre estagnada
– Produção de veículos no país é a maior desde 2019
A performance das linhas de leves também foi positiva no período, com a produção de automóveis e comerciais com crescimento de 24% até outubro, com 1,9 milhão de unidades saindo das linhas.
Apenas em outubro, as fabricantes produziram 249 mil veículos, resultado que representou alta de 25% ante outubro do ano passado, e 8,3% maior do que a produção vista em setembro deste ano.
A indústria comemora o desempenho visto até agora porque, ao que tudo indica, o volume produzido no ano deverá ser maior do que o ano passado.
As empresas ainda afirmam que o volume de produção poderia ser maior não fossem velhos entraves conhecidos, como acesso ao crédito, exportações e, mais recentemente, as importações de veículos elétricos chineses.
Produção de 2 milhões é o novo normal
De todo modo, a indústria brasileira segue sem produzir além do patamar de 2 milhões de unidades, cenário que pode ser considerado “um novo normal” para o setor automotivo se olharmos em retrospecto.
Dados da Anfavea, a associação que representa as montadoras no país, mostram que pelo menos nos últimos 10 anos a produção de veículos ficou abaixo do nível de 3 milhões de unidades.
Ainda que as montadoras ainda defendam que é preciso – e possível – registrar volumes maiores de produção, o que se vê é mais uma indústria buscando se adaptar ao novo cenário do que efetivamente lutar contra ele.
Não apenas o processo de readequação das linhas de montagem indica isso, como também a mudança do perfil da oferta de veículos leves no mercado interno, com o lançamento constante de modelos com tíquete médio acima dos R$ 100 mil.
Considerando o volume de investimentos anunciados neste ano, na esteira do Programa Mover, é possível cogitar que a estratégia vem dando resultados às matrizes, que apostam no Brasil com a nova onda de injeção de recursos.
No entanto, a presença chinesa no mercado local poderá de alguma forma quebrar essa estrutura recém montada com o binômio preço baixo/produto atrativo.
Algo que já preocupa as montadoras locais. Não a toa, mensalmente, a Anfavea insiste no alerta de que as importações de veículos elétricos chineses exercem pressão nas linhas de montagem do país.
Fonte: Automotive Business