A indisponibilidade de componentes ao longo deste ano atrapalhou as montadoras de veículos comerciais no processo de engorda do estoque de Euro 5, a fim de atender à habitual antecipação de compras nas mudanças de legislações de emissões. Neste cenário, mesmo com modelos de 15% a 20% mais caros em 2023 por causa da entrada do Euro 6, o mercado deverá ser movimentado por demanda que ficou reprimida em 2022.
Foi o que analisou Joel Alberto Beckenkamp, presidente da Assobens, Associação Brasileira dos Concessionários Mercedes-Benz, durante o quarto dia do Congresso Perspectivas 2023, realizado pela AutoData Editora, de forma online, até sexta-feira, 28.
“Está havendo procura por modelos Euro 5, mas nós não estamos dando conta de fornecê-los. Estamos, portanto, com demanda represada. Se tivéssemos movimento de pré-compra o mercado em 2023 seria muito mais reduzido. Mas, devido a esse não atendimento, há a possibilidade efetiva de termos mercado ligeiramente menor do que em 2022. E não tão menor do que imaginávamos logo que foi confirmada a tecnologia do Euro 6.”
Se por um lado há pressão global nos preços, o que deverá refletir nos insumos, por outro a agricultura permanece pujante, embora remunere menos, devido à menor procura por commodities. E existem diversos contratos de infraestrutura em andamento, citou o dirigente, o que faz com que o segmento extrapesado fora de estrada, este ano, seja 15% ou 16% maior do que em 2021: “Estamos otimistas com essa possibilidade, mas com cautela, pois o cenário está mais turvo do que nos outros anos”.
O presidente da Assobens disse que os segmentos que mais deverão movimentar o mercado no ano que vem serão os mesmos mais ativos de agora. Com destaque para as entregas urbanas, puxadas pelo e-commerce, e para a distribuição de veículos regionais: “O mercado de semipesados este ano está 6% a 7% maior do que no ano passado. O setor agrícola e de infraestrutura também devem seguir demandando”.
Fonte: AutoData