“Qualquer associação de classe será tão forte quanto os seus membros queiram fazê-la.”

Indústria de pneus critica governo e pede fim de tarifa zero para importados

26/10/2022

A Anip (Associação Nacional da Indústria de Pneumáticos) pleiteia uma revisão na tarifa de importação de pneus de carga. A associação diz que “está buscando abertura de diálogo com o Ministério da Economia” para reverter a tarifa zerada pelo Governo Federal em janeiro de 2021.

Para os representantes do setor, a medida gera “perda de receitas das indústrias com operações no Brasil, de investimentos em novos projetos produtivos no país, revisão de planejamento produtivo e crescimento do passivo ambiental, uma vez que os importadores não realizam a logística reversa, não atingindo assim a meta estipulada anualmente, conforme resolução que regulamenta a coleta e destinação dos pneus inservíveis”.

Em comunicado, a Anip ressalta que criou em 2007 a Reciclanip, entidade responsável pela logística reversa de pneu que não podem ser reciclados.

De acordo com a associação, as vendas de pneus de carga nacionais para o mercado de reposição em 2022 estão bem abaixo do registrado em 2021 no ano passado. Além disso, o resultado acumulado de junho a setembro foi o pior dos últimos sete anos. A associação afirma que, no mesmo período, a importação de pneus de carga atingiu o maior valor dos últimos 22 anos.

“É incompreensível a política de alíquota zero adotada pelo governo brasileiro. Ao invés de estimular a produção, o emprego e os investimentos, o Ministério da Economia opta por uma estratégia que, em última instância, acentua o processo de desindustrialização do país”, declarou Klaus Curt Müller, presidente da ANIP.

Vendas devem encolher

Citando dados do próprio governo, 432 mil pneus foram importados apenas em agosto de 2022 – o maior volume mensal dos últimos 12 anos. Durante todo o ano de 2016, 835 mil unidades vieram para o mercado brasileiro.

“No ritmo em que estamos, o setor estima um encolhimento das vendas de pneus nacionais de carga de 503,4 mil unidades em 2023, o que representaria uma perda de receita da ordem de R$ 500 milhões para a indústria que opera no país”, prevê o executivo.

Em 2021, a Anip diz que a perda de vendas em unidades por conta da competição dos importados foi de 300 mil unidades.

“Enquanto os custos de produção extra cresceram 28% em 2021 para quem produz no Brasil, os custos de importação caíram pelo menos 17%, no mesmo período. Caso o imposto de importação continue a zero e mantendo o surto de importação atual, o cenário fica bastante complexo e revisões em relação a produção e investimentos produtivos serão inevitáveis”, disse Müller.

A Anip afirma que a situação também levou a uma reversão na balança comercial de exportação do setor. Até 2021, o Brasil era um exportador líquido de pneus, ou seja, apresentava um número de exportações maior do que o volume de importações. Esse cenário se inverteu em 2021, quando o país passou à condição de déficit da balança comercial do produto.

Crescimento zero em 2022

Para defender seu argumento, a entidade alega que usar o pneu importado não representa um benefício significativo para os caminhoneiros. Estimativas mostram que o custo do pneu nacional para rodar 300 mil km é de R$ 5,8 mil, enquanto o produto importado, que tem menor durabilidade e permite menor número de reformas, sai por R$ 9 mil.

Com base em metodologia da ANTT (Agência Nacional de Transporte Terrestre), a ANIP afirma que o custo do pneu importado é R$ 0,35 maior para o caminhoneiro por quilômetro rodado. “O preço pode até ser menor na largada, mas no médio prazo o importado onera mais o caminhoneiro”, afirmou Müller.

Diante da situação atual, a Anip projeta crescimento zero para a indústria brasileira de pneu em 2022.

“O cenário piorou nos últimos seis meses, de modo que a estimativa atual do setor é fechar o ano no zero a zero em relação a 2021. Alguns segmentos estão com vendas mais fortes, como é o caso do (setor de) comercial leve. Contudo, segmentos como o de pneus para veículos de passeio estão abaixo dos valores de 2019, principalmente nas vendas para montadoras. Mas o destaque mais negativo fica mesmo para os pneus de carga, por conta da alíquota zero dos importados”, concluiu o presidente da ANIP.

Fonte: Automotive Business

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