Habituadas a produzir carros elétricos baratos e com foco no uso urbano, as marcas chinesas mostram que o caminho delas mudou mundialmente e, claro, também no mercado brasileiro. Essas marcas resolveram apostar fortemente na transição energética no país e, no lugar de disputar mercado com carros de preço baixo, querem conquistar o consumidor com experiência e conteúdo tecnológico.
Esta foi a conclusão de uma das discussões do #ABX2022 – Automotive Business Experience, principal encontro de negócios do ecossistema automotivo e da mobilidade, que aconteceu no dia 8, no São Paulo Expo.
Participaram do debate os executivos Oswaldo Ramos, Chief Commercial Officer (CCO) da Great Wall, Henrique Antunes, diretor de vendas da BYD, e Mauro Correia, presidente da Caoa Chery.
A apresentação foi marcada pelo consenso sobre a transição dos carros chineses, modelos que eram antes conhecidos pelo custo-benefício, mas que estão se tornando mais luxuosos; e essa transição passa pela eletrificação, seja ela híbrida, híbrida plug-in ou totalmente elétrica.
Nacionalização de híbridos convencionais e do tipo plug-in
A Caoa Chery foi a primeira a investir na fabricação nacional de uma linha eletrificada, gama que inclui todos os três vetores de eletrificação citados acima, um movimento que será implementado até 2023. O fabricante traz da China o subcompacto elétrico iCar, modelo que deve ter a companhia de outros carros pequenos, e o Tiggo 8 Pro Plug-in Hybrid.
Vale ressaltar que os SUVS Tiggo 5 Pro Hybrid e Tiggo 7 Pro Hybrid – ambos nacionais – e o importado Arrizo 6 Pro Hybrid são híbridos do tipo leve. A tecnologia é diferente da utilizada pelo Toyota Corolla Cross, para citar um exemplo, pois usa um super alternador de 48V e não recorre a um motor elétrico tradicional. A função dele é reforçar o desempenho, ao mesmo tempo que garante consumo menor, uma vez que alivia o trabalho do propulsor térmico.
Picapes e SUVs híbridos em alta
A Great Wall é outra marca que aposta pesado na nacionalização dos híbridos.Depois de comprar da Mercedes-Benz a fábrica de Iracemápolis, no interior de São Paulo, o fabricante promete focar em SUVs e picapes eletrificados.
“A Great Wall é especialista nesses segmentos. O primeiro lançamento é o carro chefe da marca, o SUV líder na China, o Haval H6. Ele se destaca por ter ambas opções de híbrido e híbrido plug-in. A Great Wall já tem algumas picapes médias ou maiores na matriz, mas nenhuma delas seria adequada para o mercado brasileiro”, revela Oswaldo Ramos. E complementa:
Papel dos híbridos na adaptação é fundamental
“É muito claro que os híbridos ajudam a fazer o aculturamento do carro elétrico. No Brasil, a gente pode ter vários ciclos de hibridização, mas temos muitas barreiras para romper. Temos que tirar o fantasma do armário para tirar o medo dos consumidores”, explica Henrique Antunes, da BYD. Recentemente, a marca se destacou por ter lançado os BYD Han EV e Tan EV, ambos produtos premium. A proposta é inteiramente diferente, pois os dois são vendidos por mais de R$ 500 mil. A introdução de modelos no segmento premium é outra prova de que os chineses viraram a chave no posicionamento de mercado.
Em março, o fabricante parou de produzir carros a combustão para investir apenas nos eletrificados. A introdução de carros elétricos de luxo ajudou a mudar um pouco o foco da BYD, uma marca habituada a focar em veículos comerciais, exemplos de caminhões e ônibus, que têm uma participação menor no line-up em razão do alto preço de aquisição, segundo Henrique.
Fonte: Automotive Business