“Qualquer associação de classe será tão forte quanto os seus membros queiram fazê-la.”

Mercado de reposição: diferentes perspectivas em diferentes países

09/09/2022

Claudio Milan: claudio@novomeio.com.br

Recentemente a Nexus encomendou um abrangente estudo ao BCG – Boston Consulting Group. Uma das questões apuradas diz respeito ao futuro do aftermarket automotivo a partir das transformações disruptivas já em curso. Somando o que existe hoje ao carro elétrico, tendo como base comparativa os resultados de 2019, o mercado de reposição nos seis países mais ricos da Europa encolherá 7%. “E nos anos seguintes só vai piorar”, adverte Gerson Prado, CEO da SK e presidente da Nexus Internacional, em palestra inaugural da Autop 2022.

O palestrante também chamou atenção para os inovadores modelos de negócios trazidos pelos novos players. “A Tesla só vende o carro online, controla 100% da venda, não tem revendedor. Já matou a concessionária. E controla 100% do canal de manutenção, determina quem vai cuidar da lataria, da mecânica. Somente aquele cara pode mexer no Tesla porque ela não compartilha dados do veículo com ninguém, apenas para quem é autorizado”.

A Tesla representa a face mais conhecida destes newcomers, mas há outras empresas praticando transformações igualmente disruptivas para o aftermarket. “Quero falar de outro modelo interessante, chinês, a NIO. Essa empresa nasceu totalmente focada em atender o consumidor, não tem intermediários. Diferente da Tesla, que na reparação nomeia empresas, a NIO controla 100% da manutenção, tem serviço 24 horas de resgate, dá garantia de conectividade até o fim da vida do carro e garantia eterna do veículo enquanto ele não for vendido. Outra coisa das mais inteligentes que a NIO criou: 40% do custo de um carro é a bateria. Tem gente que roda 150 quilômetros. Pra que cobrar o preço de um carro que roda 1.000 quilômetros? Ela vende o carro sem a bateria, na hora da compra o consumidor escolhe a bateria e sai com ela instalada. Se precisar fazer uma longa viagem, entra num box e em dois minutos e meio um sistema mecanizado troca a bateria por outra de maior autonomia e o cliente paga pelo uso, um
aluguel. Quando retornar, vai ao box e recebe sua bateria de volta”.

Nos mercados que migrarão para os carros elétricos, a revolução no aftermarket automotivo será drástica. Mas o Brasil não ficará livre dessas transformações, mesmo adotando a solução híbrida. “O que acontece com os fabricantes de autopeças? Se a cadeia de fornecimento atual para Europa, Estados Unidos e China não é a mesma do carro elétrico, as plataformas atuais desaparecem. E vocês acreditam que uma fábrica gigante vai querer produzir só os 18% que o aftermarket representa no mundo? Não vai. A gente estima que marcas globais importantes de fabricação de autopeças desaparecerão. Mas, em consequência da frota gigante que existe no planeta, outras marcas surgirão”, prevê Gerson.

Outro desafio crescente é o carro conectado. “Todos os carros novos que a Ford traz para o Brasil já leem a falha, contatam o motorista e informam onde ele vai arrumar e qual é o preço do serviço. O veículo conectado pode acabar com as marcas, o carro vai dizer para o dono do carro onde ele pode arrumar. E você não vai perguntar marca, você
confia no seu carro”, finaliza Gerson Prado.

Tempos de mudanças profundas que precisam ser acompanhados com atenção extrema por todos aqueles que vivem em função do carro.

Fonte: Novo Varejo

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