O resultado do PIB no segundo trimestre do ano aponta para um “ganho de tração” da atividade econômica, que deverá ser beneficiada durante os próximos trimestres pelos novos auxílios governamentais e pelas desonerações fiscais, que contribuirão para desacelerar a taxa de inflação.
Essa expectativa é dos economistas da Associação Comercial de São Paulo (ACSP). Eles esperam, contudo, arrefecimento do crescimento econômico no segundo semestre, devido ao maior impacto dos aumentos da taxa de juros e das incertezas internas e externas.
Assim, a projeção para o ano de 2022, segundo o modelo econométrico desenvolvido pela ACSP, mostra crescimento do PIB de 2%, mais intenso do que projetado anteriormente.
De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Produto Interno Bruto (PIB) aumentou 1,2% durante o segundo trimestre do ano, em relação aos três meses anteriores, livre de efeitos sazonais. Nessa mesma base de comparação, trata-se do quarto aumento consecutivo, cuja intensidade tem aumentado desde o terceiro trimestre do ano passado.
No contraste com o mesmo período de 2021, houve crescimento de 3,2%, mais intenso do que o registrado para o primeiro trimestre (1,7%), o que refletiria, por um lado, um “ganho de tração” da atividade econômica e, por outro, o efeito positivo da retomada das atividades presenciais após o fim do isolamento social.
No acumulado dos últimos quatro trimestres, o PIB cresceu 2,6%, em linha com a expansão projetada pela ACSP, que previa 2,5%.
Na comparação com o segundo trimestre do ano passado, o consumo das famílias, principal componente da atividade econômica pelo lado do gasto, acelerou em relação ao período janeiro-março, ao apresentar crescimento de 5,3%, em decorrência do aumento da massa de rendimento, da recuperação da confiança do consumidor e dos efeitos positivos da antecipação do 13º salário para aposentados e pensionistas e do saque do FGTS.
O investimento produtivo (formação bruta de capital fixo) mostrou leve aumento (1,5%), na mesma base de comparação, impulsionado pelo avanço da construção civil e pelo desenvolvimento de software, enquanto o consumo do governo se elevou em 0,7%.
Houve diminuição de 4,8% nas exportações de bens e serviços, explicada pela queda nos embarques de produtos agrícolas e minerais, em decorrência da desaceleração da economia chinesa, afetada negativamente por lockdowns e pela crise no setor imobiliário. Também houve queda nas importações, embora menor (-1,1%), devido principalmente às menores compras no exterior de máquinas e aparelhos elétricos.
Assim, o desempenho do setor externo como um todo redundou em contribuição negativa para o PIB.
Pelo lado da oferta, houve alta de 1,9% na produção industrial, devido fundamentalmente à expansão do segmento Eletricidade e gás, água, esgoto, atividades de gestão de resíduos, beneficiado pelo desligamento das termoelétricas.
A construção civil e a indústria de transformação também deram contribuições positivas.
O setor serviços, principal segmento produtivo da economia, foi o que mais contribuiu para a aceleração da atividade econômica, em decorrência do fim das restrições de mobilidade social.
Transporte, armazenagem e correio e as demais atividades do setor também se expandiram.
No caso do comércio, a alta foi de apenas 1,3%, em função da elevação da inflação e das maiores taxas de juros.
A agropecuária, por sua vez, sofreu queda de 2,5%, na mesma base de comparação, causada fundamentalmente pelos problemas climáticos que afetaram negativamente as safras de soja e arroz, embora o recuo tenha sido menor do que o registrado no primeiro trimestre do ano.
Fonte: Diário do Comércio – Imagem: Freepik