Volume pode chegar a 87 mil unidades, mais do que as 83 mil previstas pela Anfavea (SUELI REIS, AB)
A produção de caminhões deve fechar 2020 melhor do que o previsto pela Anfavea, devendo chegar a 87 mil unidades no ano. A nova estimativa foi feita pela própria entidade na segunda-feira, 7, durante sua coletiva mensal de imprensa para divulgação dos números de novembro. Em outubro, quando a associação das fabricantes havia divulgado revisão das projeções, indicou que encerraria o ano com 83,5 mil caminhões produzidos.
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Ainda assim, o novo volume previsto pelas montadoras vai representar uma queda de 13% sobre o resultado de 2019, melhor que a retração de 18% esperada anteriormente.
Segundo o vice-presidente da Anfavea, Marco Saltini, após as paralisações das fábricas março, abril e maio, o segmento de caminhões já vinha com uma recuperação ao longo dos meses, demonstrando ter sido o menos impactado pela crise do coronavírus. Em novembro, o setor demonstrou maior fôlego com 11,5 mil unidades montadas, volume 5,2% maior que o de outubro. O melhor indicativo veio na comparação anual: sobre novembro de 2019, este volume de produção representou aumento de quase 31%.
“Este foi o melhor novembro desde 2014. Isso já mostra que a previsão que a gente fez, na última revisão de outubro e que apontava uma queda de 18% em caminhões, pode ser um pouco melhor, pode ser uma queda de 14%. Claro que isso também vai depender principalmente da questão de abastecimento de matéria-prima que temos visto na indústria em geral, mas a tendência é de que continue nesse ritmo, que é muito positivo”, diz Saltini.
Apesar de comemorar o resultado de novembro, a Anfavea reforça que o desempenho do acumulado do ano ainda significa queda com relação a 2019. Em onze meses, as fábricas brasileiras montaram 80,5 mil caminhões, 25% menos do que em igual período do ano passado.
“Ainda está muito aquém da nossa capacidade, mas não se pode esquecer que isso ainda é reflexo da paralisação de um mês ou mais por causa da Covid-19. É um alento para uma recuperação da produção, ainda que seja com essa queda de 25% e sendo o pior acumulado janeiro-novembro desde 2017”, disse o vice-presidente da Anfavea.
Ele lembrou ainda que o setor de caminhões está com ociosidade em torno dos 60%. “Já foi pior, chegamos a rodar dois anos num nível de 4 mil unidades por mês em toda a indústria. Hoje, algumas fábricas até estão trabalhando com dois turnos, mas não por causa de volume, mas por devido aos protocolos de segurança e distanciamento, que mudaram a velocidade da produção, tornando necessária a adoção desses novos turnos para atender a demanda atual.”
Os dados da Anfavea mostram que a produção é claro reflexo de um mercado que voltou ao seu ritmo mais rápido que o esperado. Em novembro, com mais de 9 mil emplacamentos, as vendas de caminhões aumentaram 15,6% com relação a outubro. No entanto, no acumulado de onze meses, ainda há queda de 14% no comparativo anual: o mercado brasileiro consumiu 79,8 mil caminhões este ano contra os 92,7 mil comprados até novembro do ano passado.
Para Saltini, com a melhora significativa dos volumes de caminhões ao longo dos últimos meses, o setor de veículos pesados – que considera a soma de caminhões e ônibus – deverá fechar 2020 com uma queda entre 14% e 15%, melhor que o índice de queda esperado anteriormente, que era de 21%. Ele acrescenta que em outubro, a Anfavea esperava fechar o ano com 97 mil veículos pesados, entre caminhões e ônibus.
“Em termos de produção, é capaz da gente bater nas 100 mil unidades, talvez até um pouquinho mais, não por causa dos ônibus, mas por causa da melhora dos caminhões”, conclui Saltini.