Volvo prevê forte expansão de 40% nas vendas de caminhões pesados e semipesados na América Latina. Brasil deve puxar crescimento em 2021; fabricante tem filas de espera de 3 a 5 meses (PEDRO KUTNEY, AB)
O impacto da pandemia de coronavírus na operação de caminhões da Volvo no Brasil e na América Latina poderia ter sido de uma gripe leve, não fosse a paralisação da produção na fábrica de Curitiba (PR) por mais de um mês e a desorganização provocada na cadeia de suprimentos, que restringiu as entregas diante de retomada do mercado muito rápida, alongando a carteira de pedidos por esperas de três a cinco meses, dependendo do modelo do veículo. Com essa extensa fila de clientes, expectativa de crescimento econômico e vacinação no horizonte, a Volvo projeta um ano de forte expansão na região, com alta em torno de 40% na venda de modelos pesados e semipesados, ainda que o cenário seja de algumas incertezas.
Em 2020 as vendas de caminhões da Volvo na América Latina caíram 13% na comparação com 2019. O Brasil, maior mercado da região e segundo maior do grupo sueco no mundo, reduziu bastante a intensidade do tombo com a menor queda regional, de 11%, com quase 15 mil unidades vendidas, enquanto outros países como Peru (-29%), Argentina (-25%)e Chile (-14%) registraram desempenho pior com volumes muito menores, entre 800 e 1 mil veículos em cada mercado no ano.
Com o resultado acima da média dos demais países da região, o Brasil aumentou para 80% sua participação nas vendas da Volvo na América Latina. “O resultado de 2020 é pode ser considerado bom diante da situação que vivemos. O mercado brasileiro [de caminhões] foi o que menos sofreu na região e estamos otimistas, vemos condições que sustentam o crescimento no País, como juros baixos e expansão do agronegócio, construção civil, mineração e obras de infraestrutura. Mas ainda continuamos a enfrentar os efeitos da pandemia, o momento é de volatilidade e exige atenção, com incertezas aliadas a problemas econômicos que já existiam no período pré-pandemia. Além disso, a cadeia de fornecedores também enfrenta perturbações que podem limitar a produção”, pondera Wilson Lirmann, presidente do Grupo Volva América Latina.
“O momento é como estar voando no melhor e mais moderno avião, com a tripulação preparada e muito atenta, mas o céu não é de brigadeiro, esse voo está sujeito a turbulências e desvios de rota”, avalia Wilson Lirmann.
O executivo destaca que apesar do cenário adverso a empresa continuou a entregar resultados positivos, o que confirmou os planos de investimento na região de R$ 1,25 bilhão no período 2020-2023.
BONS RESULTADOS EM 2020
Em 2020 a Volvo perdeu para a Mercedes-Benz a liderança do mercado de caminhões pesados no mercado brasileiro e anotou queda de vendas entre os modelos semipesados – os dois únicos segmentos que atua. Segundo explica Alcides Cavalcanti, diretor executivo da divisão de caminhões da empresa no Brasil, o resultado negativo não foi por falta de clientes, mas de produtos.
“Em oito dos últimos 12 anos a Volvo liderou as vendas de caminhões pesados no Brasil, mas em 2020 não conseguimos atender todos os pedidos. Temos uma carteira robusta a entregar nos próximos meses e deveremos recuperar terreno”, avalia Cavalcanti.
O executivo avalia que dentro das possibilidades a Volvo conseguiu algumas conquistas importantes em 2020, incluindo a inauguração de três novas revendas que fizeram a rede da marca alcançar 100 concessionárias no País.
Com 5.870 emplacamentos o FH 540, maior e mais caro modelo da marca no País, foi novamente o caminhão mais vendido do mercado brasileiro no ano passado entre todas as categorias acima de 3,5 toneladas de PBT; enquanto o “irmão menor” FH 460, com 3.936 unidades emplacadas, foi o terceiro mais vendido e o vice-líder entre os modelos pesados. Com isso, a marca obteve participação de 29% no segmento.
Também ajudou o bom desempenho da linha VM de semipesados e pesados, ao registrar 3.530 emplacamentos e crescimento de 24% sobre 2019, graças ao lançamento de novas versões pesadas de 32 toneladas 8×4, 8×2 e 6×4. “Perdemos participação no segmento de semipesados porque tivemos mais vendas de VM pesados”, explica Cavalcanti.
Outro foco de crescimento em 2020 foi a expansão 34% nas vendas de caminhões vocacionais, com 1.825 veículos vendidos especialmente preparados para aplicações severas como colheita de cana, construção civil e mineração. Esses modelos representaram 12% dos negócios da Volvo no Brasil no ano passado e Cavalcanti avalia que a tendência é de novo avanço em 2021.
Também houve significativo incremento de negócios no setor de pós-vendas. As vendas de peças avançaram 9% no ano, enquanto o mercado caiu 4%. Perto de 80% dos caminhões vendidos já saem atualmente da concessionária amarrados a planos de manutenção, que atingiram a cobertura recorde de 27 mil veículos.
Por fim, a operação de vendas de caminhões seminovos da Volvo disparou em 2020, registrando recorde histórico de 1.592 veículos negociados.
FORD PLANEJA INVESTIR US$ 29 BILHÕES EM ELETRIFICAÇÃO E VEÍCULOS AUTÔNOMOS
Em mensagem ao mercado, a Ford indica que espera reduzir prejuízos e retornar ao lucro nos próximos anos com sua transformação global, dobrando a aposta na eletrificação e desenvolvimento de veículos autônomos, conforme promete Jim Farley, CEO global do grupo.
“A transformação da Ford está acontecendo assim como nossa liderança na revolução de veículos elétricos e desenvolvimento de direção autônoma. Estamos agora alocando US$ 29 bilhões em capital e talentos a estas duas áreas, para oferecer aos clientes altos volumes de picapes, vans e SUVs elétricos e conectados”, disse Jim Farley.
Os investimentos mencionados pelo executivo envolvem US$ 22 bilhões no desenvolvimento e lançamento de veículos conectados e eletrificados até 2025. O valor é o dobro do que estava previsto anteriormente. “Estamos acelerando nossos planos, quebrando barreiras, aumentando a capacidade de baterias, melhorando os custos e colocando mais modelos elétricos no nosso planejamento de produtos”, afirmou Farley.
O foco será em SUVs, picapes e vans movidos a bateria. O primeiro da lista de lançamentos será o SUV elétrico Mustang Mach-E, que chega ainda este semestre. Ele será seguido até o fim de 2021 pela van elétrica E-Transit e pela versão BEV (Battery Electric Vehicle) da picape F-150, que chega no meio de 2022. Também está prevista a eletrificação de modelos Lincoln, marca de luxo da Ford.
Conforme cresce a importância de veículos elétricos no portfólio, a Ford está aumentando a capacidade de produção dedicada aos BEVs em suas plantas. Até o momento, a empresa já está produzindo ou irá produzir modelos elétricos nos Estados Unidos, em Michigan a picape F-150 e no Missouri a van E-Transit, duas fábricas no Canadá (SUVs), além de México e China onde será fabricado o Mach-E.
A fabricante prevê aumentar significativamente a oferta de carros conectados com novas funcionalidades. Nesse sentido, o contrato assinado recentemente de parceria de seis anos com a Google deverá desenvolver novas experiências em produtos e serviços, além de abrir oportunidades de negócios baseados em dados.
Para o desenvolvimento de sistemas de direção autônoma dentro das iniciativas da Ford Mobility, a empresa vai direcionar US$ 5 bilhões adicionais entre 2021 e 2025, que se somam aos US$ 2 bilhões já investidos nos últimos cinco anos.
Após forte queda em 2020, Volvo Bus espera crescimento de 13% em 2021
Mercado de ônibus foi o mais afetado pela pandemia e vendas da marca no Brasil caíram 40% no ano (PEDRO KUTNEY, AB)
O mercado de ônibus foi o mais afetado pela pandemia de coronavírus em 2020 e os negócios da Volvo Bus foram ainda mais impactados, porque a fabricante atua com os produtos que registraram as maiores quedas. Agora as perspectivas são de retomada gradual e lenta do setor de transporte público de passageiros urbano e rodoviário, com expectativa de crescimento de 13% nas vendas de modelos acima de 16 toneladas, o que será insuficiente para recuperar as perdas do ano passado.
“Foi o segmento mais golpeado pela pandemia e atuamos justamente com os modelos que mais sofreram esse impacto, não temos produtos aplicados no Caminho da Escola (programa federal para compra de ônibus escolares), que foi o segmento que sustentou os negócios em 2020”, explica Fabiano Todeschini, presidente da Volvo Bus América Latina. Com esse perfil, as vendas de chassis da marca no Brasil de 444 unidades representaram forte queda 40,3% em 2020 sobre 2019 – acima da retração média do mercado de 33%.
A queda só não foi maior porque a Volvo comercializou 216 modelos semipesados, segmento em que obteve crescimento de 34% sobre 2019, graças à expansão das compras de ônibus para fretamento, mais utilizados pelas empresas para reduzir os riscos de contágio ela Covid-19. Além destes, foram vendidos 157 chassis rodoviários pesados e 71 urbanos pesados.
A exportações, embora também em queda, ajudaram a suavizar a retração no Brasil. A Volvo Bus negociou 257 chassis no Chile e 323 na Colômbia, também embarcou 746 unidades para a África, 440 para o Congo e 153 para Angola.
Entre os poucos grandes negócios fechados em 2020, alguns com entregas que serão feitas este ano, Todeschini destaca a venda de 321 ônibus para o sistema de transporte de Bogotá, capital da Colômbia; 200 modelos articulados para a Transantiago, na capital chilena; 61 chassis padron para a cidade de São Paulo; e 40 unidades para Curitiba (PR), envolvendo articulados, biartibulados e padron.
Para este ano Todeschini afirma que a Volvo Bus tem boas condições de fornecer mais ônibus para Santiago, no Chile, pois apresentou a primeira e segunda melhores propostas (respectivamente com os encarroçadores Marcopolo e Caio) na licitação realizada no fim do ano passado, que deverá ser definida nas próximas semanas. Seerá um novo modelo de negócio, em que a propriedade dos veículos será da Volvo Financial Services, que arrendará os modelos aos operadores.
A expectativa de alta de 13% nas vendas de 2021, segundo o executivo, está lastreada na recuperação gradual do emprego formal, que aumenta a demanda por transporte público, e na continuação da expansão da procura por modelos para fretamento nos setores da economia que estão em crescimento, como mineração, indústria, construção civil e agronegócio.