Embaixadores das marcas junto aos clientes do varejo, principais elos de comunicação entre as lojas de autopeças e os reparadores e, claro, protagonistas na finalização das vendas. Profissionais multifacetados, os balconistas têm importância inegável para o funcionamento da cadeia do Aftermarket Automotivo.
Essa relevância histórica tem sido elevada a novos patamares nos últimos anos. Com o surgimento do grupo Balconistas do Brasil — que hoje reúne mais de dois mil seguidores no Instagram — profissionais do país e de outros cantos do mundo, como Portugal e Venezuela, passaram a contar com um espaço de empoderamento, troca de experiências e até mesmo autocapacitação.
Nós, da Novomeio Hub de Mídia, acompanhamos esse momento com entusiasmo. Afinal, temos uma ligação histórica com os balconistas, como comprova nosso envolvimento direto na criação do Dia do Balconista de Autopeças, em 2001, tornando inclusive a data Lei municipal na capital paulista.
Pensando em escrever mais um capítulo dessa trajetória, iniciamos nesta edição uma série de reportagens dedicada a dar voz aos Balconistas do Brasil, convidando-os a compartilhar suas vivências, origens e também os desafios que enfrentam no dia a dia do varejo de autopeças.
Nesta primeira reportagem, perguntamos a profissionais de diferentes regiões do Brasil: “Como você chegou até aqui?”, questão que deve interessar os gestores do varejo por motivos que vão além da curiosidade. Isso porque, sabendo que contratar bons balconistas ainda é um desafio e grande parte das empresas, conhecer aquilo que atrai os destaques para o Aftermarket Automotivo é um passo importante para garantir mão de obra qualificada.
Agora, é hora de conhecer as histórias de André Keppe, Jean George da Silva Ferreira, Luiz Cloni Pagani Garcia e Yago Leite, Balconistas do Brasil que uniram a paixão pelo setor com uma entrega de excelência para adicionarem um novo título às suas funções: agora, eles são ‘balconistas-proprietários’.
André Keppe
Képecas Auto Peças – Curitiba (PR)
Trabalho com autopeças desde os 13 anos, quando ganhei de presente de aniversário um emprego temporário. Hoje estou com 43 e continuo vendendo peças. Passei por várias lojas, atuei em todos os setores possíveis dentro de uma autopeças, até abrir minha própria loja. Em 2021, saí da empresa onde trabalhava e minha esposa, Keilla Keppe, deixou o setor bancário depois de 15 anos. Com muita coragem, compramos uma loja em Curitiba, onde, além de proprietário, eu sigo ainda desempenhando a função de balconista em diversos momentos.

Jean George da Silva Ferreira
Jahu Auto Peças Nacionais e Importados – Jaú (SP)
Minha história é um tanto curiosa, porque até hoje eu nunca fui oficialmente contratado pela empresa. Eu estava fazendo um curso no Senac, depois de ter sido demitido de uma outra empresa da cidade. Foi quando apareceu uma oportunidade na loja. Fui conversar com um dos sócios, mas nunca me deram retorno. Mesmo assim, apareci lá – em um momento em que a loja ainda estava sendo montada – e fui ficando. Comecei nas entregas, depois estoque, cobrança, atendimento telefônico, anotações de cotações, caixa… Aí comecei a vender, criei minha clientela e, de repente, me destaquei. Ganhei confiança. Aprendi a observar o giro da loja e passei a fazer compras. Um dia, os sócios tiveram um problema e desfizeram a sociedade. Com isso, surgiu a oportunidade de me tornar um dos sócios. E aqui estamos, mantendo uma empresa sólida na cidade e na região.

Luiz Cloni Pagani Garcia
Garcia Peças Diesel – Viamão (RS)
Desde pequeno eu sempre gostei de comprar peças com meu pai, que era agricultor e plantava arroz. Aos 16 anos, comecei a trabalhar com ele na lavoura e, aos 18, assumi a parte de compras de peças para nossos tratores. Sempre sonhei em ter uma autopeças, mas nunca fui adiante. A gente tinha um caminhão grande, e eu dizia: “Se tudo der errado, viro caminhoneiro”. No fim, a palavra tem força e tudo deu errado. Virei caminhoneiro por um dia. Isso porque precisei de peças para o meu caminhão e não encontrei. Tive que ir três vezes até a cidade vizinha para conseguir. Foi aí que decidi: as pessoas da minha cidade não precisavam passar por isso. Abri minha autopeças sozinho, sem entender quase nada de peças de caminhão, sem dinheiro, só com balcão e prateleiras, aceitando encomendas e atuando como balconista. Hoje, seis anos depois, sigo vendendo. Mas temos duas lojas, nove funcionários e mais de um milhão em estoque!

Yago Leite
Peça.com – Maceió (AL)
Comecei ajudando meu tio em uma oficina mecânica e, de tanto ir comprar peças a mando dele, acabei conhecendo todo mundo na autopeças — até o patrão. Logo ele me deu um emprego de estoquista. Como a maioria das promoções para estoquista acaba sendo para o balcão, eu não deixei a oportunidade passar. Quando surgiu uma vaga, fui promovido.
Depois de alguns anos, me tornei proprietário de autopeças. Mas a função mais gostosa até hoje, para mim, é a de balconista. Eu amo vender peças.

Fonte: Novo Varejo