Por Vitor Matsubara
A Nissan passa pela fase mais delicada de sua história. Os maus resultados obtidos em alguns mercados importantes fizeram a empresa mergulhar em uma grave crise.
Mesmo assim, a Nissan ainda vê o Brasil como uma das esperanças da empresa no processo de reorganização global. É o que sugeriu o chairman da Nissan nas Américas, Christian Meunier.
“Enxergamos o Brasil como uma grande oportunidade. Estamos indo bem aqui, super bem no México e em fase de recuperação na América do Norte”, afirmou, em entrevista a um pequeno grupo de jornalistas durante o lançamento do novo Kicks.
“Precisamos reduzir os custos, fixos e variáveis, a nível global para que a Nissan se adeque ao seu tamanho”, analisou Meunier.
Nissan prevê cortes na divisão Américas
Cortes substanciais de custos serão realizados na divisão Américas, que é a região mais importante da Nissan e hoje responde por 45% das vendas globais da montadora.
O objetivo é reduzir US$ 1 bilhão em custos fixos e US$ 1 bilhão em custos variáveis no ano fiscal que se iniciou em março de 2025.
Algumas medidas de reorganização da Nissan para cortar custos fixos já foram tomadas no Brasil, como o encerramento da produção da Frontier na Argentina e o fechamento do escritório no Rio de Janeiro (RJ).
Investimento bilionário para novo Kicks e futuro SUV

Por falar no Brasil, o investimento de R$ 2,8 bilhões com duração até o fim do ano fiscal de 2026 está mantido e em curso.
Parte dele, inclusive, viabilizou a modernização da fábrica de Resende (RJ), que recebeu 98 robôs para produzir o novo Kicks. A marca também contratou 400 funcionários para aumentar a capacidade produtiva diária de 24 para 32 veículos.
Esse montante também inclui a produção de um outro SUV, que será feito no Brasil e vendido em 20 países. O novo produto deve ocupar o lugar do atual Kicks Play – nome dado à primeira geração do Kicks que virou modelo de entrada com a estreia da segunda geração.
Guy Rodriguez, presidente da Nissan América Latina, afirmou que o plano de ampliação só se encerra após a chegada deste carro. Isso deve ocorrer antes do fim do atual ano fiscal, que termina em março de 2026.
México não será prejudicado por tarifas dos EUA
Meunier, que foi CEO da Jeep antes de voltar à Nissan, comentou sobre as frequentes mudanças nas tarifas aplicadas pelo atual governo de Donald Trump nos Estados Unidos.
O executivo foi bem humorado ao lembrar de sua passagem pelo Brasil, onde comandou as operações da Nissan entre 2010 e 2012.
“Sou bem treinado quando o assunto é tarifas porque já estive no Brasil (risos), onde aprendi a gerir esse tipo de situação. No período em que estive aqui falei muito com o governo brasileiro sobre investimentos. A situação é a mesma agora nos Estados Unidos”.
O chairman da Nissan Américas garantiu que a situação do México, onde a marca é líder de vendas com confortável folga, praticamente não será afetada.
“Meu trabalho é assegurar que as operações continuem normais no México e que (o país) não perca capacidade (produtiva). Não alteramos o volume de produção por lá por conta do custo de produção. Como produzimos modelos de entrada, como Versa e Sentra, ainda conseguimos ter uma boa margem de lucro mesmo com as tarifas mais altas”.
Meunier assegurou que, independentemente do cenário no México, o Brasil não será afetado “de maneira alguma” com as mudanças tarifárias.
Parcerias podem surgir
Apesar da fracassada tentativa de fusão com a Honda, Meunier revelou que a Nissan ainda não desistiu de possíveis parcerias.
“Estamos conversando com parceiros potenciais para compartilhar plataformas, tecnologias e produtos. Pensamos sempre em ganhos de eficiência com diferentes empresas”, concluiu.