Às vezes, por força do hábito ou intencionalmente, alguns líderes ainda utilizam frases nada motivadoras, que são consideradas assédio moral. Se antes era comum um relacionamento trabalhista ser pautado por agressões verbais e ofensas morais, hoje esse tipo de atitude passou a ser totalmente descabida e passível de judicialização.
Frases como – Manda quem pode, obedece quem tem juízo. Você não fez mais que sua obrigação. Já vai embora? Está desmotivado? Eu sou assim e o time que se adapte a mim. Você é pago pra trabalhar e não pra dar opinião! Aqui, funcionário tem hora pra entrar, mas não tem hora pra sair! – estão fora do contexto corporativo atual e não importa o tamanho da empresa.
Ainda que enraizada na empresa essa forma de lidar com os colaboradores, Rodrigo Casado, CEO da Localfrio, uma das maiores empresas de logística integrada do País, explica que a mudança de cultura é feita de forma top-down e precisa começar pela alta gestão da empresa.
“Mais do que quadros nas paredes com missão e valores, os líderes das empresas precisam atuar de forma ativa sendo exemplo. Ou seja, para trabalhar a cultura e saúde organizacional é fundamental engajar as lideranças e garantir que todos estão de fato entendendo a importância de ter um ambiente bacana e saudável”, afirma.
E se o gestor for o dono da empresa?
Para Casado, se o gestor for o dono da empresa ou executivo é importante o mesmo entender que a liderança pelo exemplo molda um ambiente mais saudável. “Empresas com ambientes saudáveis prosperam mais do que empresas com ambientes tóxicos. Hoje é possível enxergar muitas “empresas de dono” trabalhando no caminho da profissionalização de gestão e não é incomum termos donos de empresa sendo mentorados para melhorar sua capacidade de liderança”.
Lideranças jovens
O que se vê hoje, que chamamos de “pequeno poder”, não é só por parte de lideranças antigas, tem gestores jovens que erram no tratamento com a sua equipe. Segundo o executivo, não se trata de uma questão de idade e sim de entendimento da real função de um líder. “Percebemos hoje, cada vez de forma mais clara, a necessidade de uma liderança mais humanizada e acredito que quanto mais pudermos desmistificar a ideia de que uma liderança humanizada gera menos resultado do que uma liderança dura e antiquada, mais fácil será para novos líderes se comportarem de forma mais adequada”.
Casado acrescenta que por muitos anos o modelo de gestão dura e o contexto de “resultado a qualquer custo” tomou conta do mercado e muitas empresas inclusive tiveram sucesso de curto prazo com esses modelos. “Talvez, por isso, ainda há uma impressão de que estes modelos geram mais resultados. Com a pandemia e um aumento da atenção de todos, a qualidade do ambiente de trabalho e saúde mental dos colaboradores, não há dúvidas de que os líderes precisarão adotar uma postura muito mais empática com seus colaboradores”.
Soft Skills
Em português, o termo soft skills significa as habilidades interpessoais, referentes à relação entre as pessoas. Questionado sobre como desenvolvê-las, Casado respondeu. “Este é um ótimo ponto e certamente muito importante para formação de bons líderes. O desenvolvimento pode ser feito através de programas formais de coaching ou mentoria das lideranças, mas também acredito muito na necessidade de as empresas reforçarem o processo de feedback e avaliação de performance fazendo com que os mesmos sejam cada vez mais frequentes e não apenas uma “obrigação” anual para cumprir tabela”.
O lado do colaborador
E se o colaborador se sentir agredido, a quem ele pode recorrer? De acordo com Casado, “dependendo da empresa, existem canais oficiais para que o colaborador possa recorrer como um canal de denúncia ou departamento de RH, porém é fundamental que as empresas criem processos robustos e confiáveis para tratamento dessas situações para que os colaboradores sintam-se à vontade para utilizá-las”, conclui.
Fonte: Balcão Automotivo