Após anos de desenvolvimento, solução começa a ganhar escala, diz diretor da Accenture (GIOVANNA RIATO, AB)
O carro autônomo não é uma aspiração tecnológica distante. Os veículos que rodam sem a participação ativa de um condutor vão começar a ganhar escala. Quem avisa é David Dias, diretor associado da Accenture Technology e um dos palestrantes do Simpósio Internacional de Engenharia Automotiva (Simea) 2021, promovido pela AEA (Associação Brasileira de Engenharia Automotiva) nos dias 17 e 18 de março.
O especialista diz que o mercado de carros autônomos vai dobrar até 2025, alcançando o valor de US$ 40 bilhões. Cabe a ressalva de que o aumento acontece sobre um volume ainda muito pequeno de veículos com a tecnologia vendidos no mundo, mas Dias entende que este é o começo de uma aceleração.
O CARRO DO GOOGLE JÁ NÃO VAI SER MAIS UM VÍDEO NO WHATSAPP
Semanas atrás, vários grupos de WhatsApp foram invadidos por um vídeo do serviço de carros autônomos da Waymo (empresa controlada pela Alphabet, a holding que comanda o Google). O viral trazia o ponto de vista de um passageiro brasileiro que fez uma corrida com a solução na Califórnia, nos Estados Unidos – e a impressionante e um tanto curiosa experiência de rodar em um veículo que não tem condutor. Para Dias, nos próximos anos a cena será cada vez mais comum globalmente.
“Teremos um aumento importante destes veículos, com o epicentro nos Estados Unidos, seguido da Europa e da China. Pode demorar um pouco mais para chegar em países em desenvolvimento, como o Brasil, porque dependemos também de um investimento na infraestrutura das vias”, observa o diretor da Accenture Technology.
Segundo ele, no primeiro momento, a maior expansão do mercado de carros autônomos será concentrada em modelos com nível 3 da tecnologia – aquele que demanda uma cooperação maior entre homem e máquina. O carro roda sozinho na maioria das situações, mas o motorista precisa estar preparado para assumir a direção em alguns momentos.
INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL VAI DESBLOQUEAR NOVAS POSSIBILIDADES
Entre tantas mudanças impostas pela automação à indústria automotiva, Dias aponta como uma das mais relevantes o crescimento exponencial do uso de Inteligência Artificial (IA, da sigla em inglês).
O especialista calcula que hoje qualquer projeto de empresas do segmento tem penetração de 20% a 30% de inteligência artificial. Esta é a parcela de processos e soluções que usam algoritmos para fazer julgamentos e tomar decisões a partir de dados. Isso vai desde as fábricas até o produto final. Em 10 anos essa participação vai saltar para entre 95% e 98%, estima Dias.
“O carro autônomo impulsiona a inteligência artificial, que será responsável por enorme disrupção no setor automotivo. Um veículo com a tecnologia gera entre 50 e 60 terabytes de dados em apenas um dia”, calcula.
Assim, antes de dar um salto para os veículos que dirigem sozinhos, ele sugere que a indústria automotiva pavimente esse caminho com muito conhecimento sobre inteligência artificial e o uso eficiente de dados. Segundo ele, é o melhor atalho para desbloquear todo o potencial de negócios e novas soluções que o carro autônomo tem a oferecer.
Fonte: Automotive Business