Mesmo com avanços tecnológicos e maior profissionalização do Transporte Rodoviário de Cargas (TRC), a manutenção preventiva segue sendo uma falha crítica no setor. Em 2024, a Polícia Rodoviária Federal (PRF) fiscalizou mais de 1,67 milhão de veículos de caga e 79 mil ônibus nas rodovias federais. O resultado é alarmante: mais de 23 mil caminhões, 13 mil semirreboques e 1,2 mil ônibus foram recolhidos por apresentarem condições inadequadas de circulação.
Essas falhas não são somente administrativas, elas geram impactos reais na segurança viária. No mesmo ano, desafios com o sistema de freios ocasionaram 282 acidentes, com 266 pessoas feridas e 19 mortes, segundo a própria PRF. A negligência com inspeções técnicas básicas continua sendo um dos principais fatores por trás de acidentes envolvendo veículos pesados.
Para Marcel Zorzin, CEO da Zorzin Logística e presidente do SETRANS, tratar a manutenção como uma prática estratégica é essencial não apenas para evitar acidentes, mas também para garantir a eficiência, reduzir custos e proteger a imagem da transportadora.
“A manutenção preventiva deve ser encarada como um elemento de gestão. Uma falha mecânica na estrada compromete a segurança do motorista, gera atrasos nas entregas, impacta o cliente e pode trazer prejuízos à reputação da empresa”, afirma o executivo.
Na Zorzin Logística, a gestão preventiva da frota vem de muitos anos e envolve protocolos rígidos de inspeção, monitoramento de componentes críticos, capacitação contínua das equipes e participação ativa dos motoristas em rotinas de checklists.
A manutenção corretiva, além de mais cara, geralmente ocorre em situações de urgência que comprometem o desempenho operacional e elevam o risco de acidentes. Já a preventiva, estruturada com base em dados como quilometragem, rotas e histórico técnico, aumenta a vida útil dos ativos, melhora o desempenho e reduz os custos totais de operação.
“Manutenção preventiva é mais do que uma exigência técnica: é governança, segurança e compromisso com a sociedade.”, alerta Marcel para a urgência de uma mudança cultural do setor.
Executivos defendem que a profissionalização da gestão da manutenção deve passar por três pilares: cultura organizacional, tecnologia aplicada e capacitação técnica contínua. As experiências relatadas por transportadores destacam que uma abordagem estruturada nesse quesito traz ganhos diretos em segurança, previsibilidade e qualidade do serviço prestado.
Sobre Marcel Zorzin
Marcel Zorzin é diretor operacional da Zorzin Logística. Formado em Administração de Empresas pelo Colégio Modelo e em Gestão de Transporte e Logística pela Universidade Corporativa de Logística e Transporte (ULT).
Sua jornada no Transporte Rodoviário de Cargas (TRC) começou com o primeiro registro na Zorzin Logística, aos 17 anos, e desde então tem atuado na empresa. Em 2008, tornou-se membro do Sindicato das Empresas de Transporte de Cargas do ABC (SETRANS) e foi convidado a integrar o grupo de empresários do setor, do qual é diretor desde 2015.
Além disso, atuou como coordenador do núcleo da Comissão de Jovens Empresários (COMJOVEM) do ABC, idealizada pela NTC&Logística. Atualmente, divide suas atenções entre o cargo na transportadora e as atividades na entidade de classe, sendo o atual presidente do SETRANS para o triênio 2025-2027.