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Iveco e Octa unem-se em projeto para criar rede homologada para peças de economia circular

Iniciativa em fase de estudo de viabilidade projeta que a partir do ano que vem em torno de vinte componentes remanufaturados cheguem ao mercado

25/07/2025

Por Soraia Abreu Pedrozo

Com base na premissa da sustentabilidade a Iveco uniu-se à Octa, empresa que faz a ponte dos proprietários de veículos depreciados com desmanches legalizados, para criar rede homologada para peças de economia circular. Por meio da Nexpro, marca de serviços do guarda chuva do Grupo Iveco, o plano é conectar desmontes e frotistas até oficinas, concessionárias e fornecedores e remanufaturar componentes sensíveis de caminhões e ônibus acima de seis anos, que já estão fora do período de garantia e que, diante dos altos custos de itens novos, recorrem ao mercado paralelo.

De acordo com Bernardo Brandão, diretor geral de atendimento ao cliente da Iveco para a América Latina, este modelo de negócio busca sanar algo que a companhia não encontra nos fornecedores tradicionais, aos quais, nas palavras do executivo, falta flexibilidade: “Queríamos alguém que pudesse trabalhar as necessidades da Iveco de forma ampla, entendendo as prioridades e as maiores dores”.

Bernardo Brandão: “Daremos destino a peças que antes ficavam jogadam em pátios. Este processo, portanto, também promove a descarbonização”. Foto: Divulgação.

Foi então que, pesquisando no mercado, deram início à parceria com a Octa, especialista em economia circular automotiva, que conta com a chancela do governo para trabalhar a partir da busca por veículos que estão fora de circulação. O objetivo é oferecer componentes focados na segunda vida de veículos comerciais que desejam fazer manutenção e buscam componentes de procedência mas não querem desembolsar pela peça genuína na concessionária.

“A economia circular tem papel importante nisto e já há algum tempo estávamos buscando uma forma de ampliar nosso portfólio de remanufaturados, de componentes que tenham reutilização de carcaças.”

A Iveco entrará com a demanda e a oferta de carcaças e a Octa com a rede credenciada e com todo o meio digital para tornar viável o processo de remanufatura, venda e gestão. A empresa se propôs, ainda, a, se necessário, desenvolver novos fornecedores.

Componentes remanufaturados estarão disponíveis em 2026

Brandão contou que está sendo finalizado estudo de viabilidade de todos os componentes com os quais trabalharão, seguida de prova de conceito e piloto em mercados e concessionários selecionados. O passo seguinte será expandir o projeto, o que deverá acontecer no início de 2026.

“Daremos destino a peças que antes ficavam jogadas em pátios. Este processo, portanto, também promove a descarbonização”, disse o executivo. “A iniciativa ajudará tanto veículos que já estão fora da garantia quanto em casos em que os componentes internos têm uma falha e a carcaça, além de ser muito cara, está perfeita.”

A remanufatura dá a possibilidade de só trocar o item que apresenta o problema, enquanto que na ausência disto é necessário realizar a troca completa do equipamento. E as peças serão chanceladas pela montadora.

Brandão estimou que, neste primeiro momento, a parceria se aplicará a pouco mais de vinte componentes, geralmente de maior valor agregado, e que sofrem com desgaste natural e, inevitavelmente, precisarão de manutenção após o quinto ou sexto ano.

São exemplos kits de reparo de turbos e de cuícas de freio: “É comum, ao longo da vida útil, precisar de certa intervenção e requerer a troca de um turbo inteiro, o que é algo terrível para o cliente por se tratar de peça muito cara. Às vezes há uma pequena folga em algum rolamento em que o desgaste é natural aos 700 mil quilômetros rodados, mas que um simples processo de remanufatura resolve”.  

Enquanto que para trocar um turbo inteiro o proprietário do veículo gastaria em torno de R$ 15 mil o executivo estimou que o problema possa ser solucionado com valor de um quinto a um terço dele, ou seja, de R$ 3 mil a R$ 5 mil. A economia, portanto, poderá chegar a até 70%.

Octa entrará com a rede credenciada de desmanches, além da expertise digital. Foto: Divulgação.

O investimento na parceria não foi citado mas Brandão disse que existe a expectativa de ampliar em 10% a penetração na frota Iveco. Hoje, dependendo do componente, a marca tem de 20% a 30% de participação na fatia em que consegue atrair o dono do caminhão de sua marca a consumir peça sua e não do mercado paralelo.

O tamanho da frota que pode ser atendida pela parceria, de veículos acima de seis anos, gira em torno de 70 mil caminhões e ônibus, uma vez que as linhas Tector e Daily e as de ônibus compartilham muitos componentes, principalmente de motor.

Dentro da Nexpro, criada em 2016, já é oferecido portfólio de peças para o período pós-garantia com preços mais atrativos mas, segundo o executivo, faltavam componentes de grande complexidade. É aí que entram os que serão trabalhados em conjunto com a Octa.

Com 50 mil part numbers a marca de serviços da Iveco representa 10% das vendas de peças. Com a entrada dos remanufaturados, por terem alto valor agregado, é estimado que o porcentual chegue a 15% no primeiro ano da atividade.

Fonte: AutoData

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