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Inadimplência de pessoas físicas acelera e atinge 71,37 milhões de devedores em julho

Ritmo de crescimento anual da inadimplência se intensificou em julho, o que é um sinal de alerta, aponta CNDL

15/08/2025

O cenário da inadimplência no Brasil continua a se agravar, com o país registrando um aumento no ritmo de crescimento anual de devedores e dívidas. Em julho de 2025, o Indicador de Inadimplência de Pessoas Físicas, apurado pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo SPC Brasil (Serviço de Proteção ao Crédito) estima que 71,37 milhões de brasileiros estão com o nome negativado, representando 42,91% da população adulta do país.

A variação anual observada em julho de 2025 foi de 7,98% no número de inadimplentes em relação a julho de 2024. Na passagem de junho para julho, o número de devedores cresceu 0,23%.

Inadimplência de pessoas físicas no brasil acelera e atinge 71,37 milhões de devedores em julho, aponta CNDL/SPC Brasil

José César da Costa, presidente da CNDL, comenta a persistência do cenário. “Ainda que a variação mensal tenha mostrado uma desaceleração, o ritmo de crescimento anual da inadimplência se intensificou em julho, o que é um sinal de alerta. Isso significa que, apesar de algumas variações pontuais, o cenário de endividamento dos brasileiros continua complexo, com mais pessoas entrando para a lista de devedores ao longo do último ano. A alta persistente dos juros e a inflação ainda impactam o custo de vida, e a dificuldade de acesso a crédito seguem corroendo o poder de compra e a capacidade de honrar compromissos. O desafio não é só limpar o nome, mas romper com o ciclo da inadimplência crônica, o que exige mais do que acordos pontuais — requer planejamento, acesso a renegociações justas, educação financeira e ações do mercado e do Estado para evitar o endividamento constante e repetido”.

PERFIL DOS DEVEDORES: DÍVIDAS ANTIGAS E FAIXA ETÁRIA MANTÊM RELEVÂNCIA

A análise detalhada dos dados de julho de 2025 revela que o crescimento do indicador anual de devedores se concentrou no aumento de inclusões de consumidores com tempo de inadimplência de 3 a 4 anos, com uma variação de 44,32%. Embora ligeiramente menor que os 46,54% observados em junho para esse grupo, o dado reafirma a dificuldade de quitação de dívidas de longo prazo. O tempo médio de atraso das dívidas no Brasil atingiu 28,3 meses (aproximadamente 2,4 anos) em julho, um leve aumento em relação aos 28,1 meses de junho.

Inadimplência de pessoas físicas no brasil acelera e atinge 71,37 milhões de devedores em julho, aponta CNDL/SPC Brasil

Em relação à faixa etária, o grupo de 30 a 39 anos manteve a maior participação no total de devedores em julho, com 23,67%. São 17,62 milhões de pessoas nesta faixa etária registrada em cadastro de devedores. Tal montante equivale a 51,93% da população nesta faixa etária.

A distribuição por sexo permanece estável, com 51,13% de mulheres e 48,87% de homens entre os devedores, com a idade média dos inadimplentes permanecendo em 44,8 anos.

Inadimplência de pessoas físicas no brasil acelera e atinge 71,37 milhões de devedores em julho, aponta CNDL/SPC Brasil

DÍVIDAS MÉDIAS E SETORES CREDORES: BANCOS IMPULSIONAM AUMENTO GERAL

Em julho de 2025, cada consumidor negativado devia, em média, R$ 4.777,28 na soma de todas as suas dívidas. Cada inadimplente possuía, em média, dívidas com 2,21 empresas credoras, mantendo a média de junho.

A distribuição das dívidas por valor mostra que quase três em cada dez consumidores (30,21%) tinham dívidas de até R$ 500. Esse percentual atinge 43,42% quando consideradas dívidas de até R$ 1.000, indicando que grande parte da inadimplência ainda se concentra em valores menores.

O número de dívidas em atraso no Brasil também registrou um crescimento expressivo em julho de 2025, com um aumento de 13,81% em relação ao mesmo período de 2024. Na comparação mensal (junho para julho), o número de dívidas em atraso subiu 0,31%.

Ao analisar a evolução por setor credor, o segmento de Bancos continuou a se destacar, com o maior crescimento no número de dívidas em atraso, registrando um aumento de 17,01% na comparação anual de julho. Os setores de Água e Luz (9,97%) e Comunicação (3,68%) também apresentaram crescimento. Em contrapartida, as dívidas com o setor de Comércio (-0,24%) apresentaram uma leve queda no total de dívidas em atraso, em linha com a tendência de junho (-0,22%).

Em termos de participação no total de dívidas, o setor bancário segue predominante, com 66,65% do total, reiterando a forte influência das operações de crédito financeiro na inadimplência. Água e Luz aparece na sequência com 9,95%, seguido pelo Comércio com 9,43% e Outros com 8,23%.

INADIMPLÊNCIA POR REGIÃO: CENTRO-OESTE LIDERA ACELERAÇÃO

A análise regional da inadimplência de pessoas físicas revela que o Centro-Oeste apresentou a alta mais expressiva no número de inadimplentes na comparação anual em julho, com crescimento de 9,82%. Em termos de percentual da população adulta, a região também lidera, com 46,55% de seus habitantes incluídos em cadastros de devedores, consolidando-se como a região com a maior proporção de negativados. As demais regiões seguiram com aumentos anuais significativos: Sudeste (7,23%), Norte (6,42%), Nordeste (6,21%) e Sul (4,45%).

Quando se observa o número de dívidas em atraso por região, a maior alta anual em julho também veio do Centro-Oeste (17,05%), seguido por Sudeste (13,80%), Norte (13,19%), Nordeste (11,18%) e Sul (10,73%). A região Sul, por sua vez, continua com a menor proporção de negativados em relação à sua população adulta, com 37,71%.
“Os dados mostram que o número de dívidas cresceu em um ritmo superior ao crescimento no número de inadimplentes. Isso significa que as pessoas não apenas continuam devendo, como estão acumulando novas dívidas, criando um ciclo de endividamento contínuo”, alerta o presidente do SPC Brasil, Rique Pellizzaro Júnior.

“O indicador mostra que a média de atraso nas dívidas é superior a 28 meses e que 44,32% do crescimento da inadimplência vem de dívidas com mais de 3 anos de atraso, o que aponta que muitos consumidores estão paralisados financeiramente e não conseguem retomar o controle das suas contas. Além disso, é possível perceber que não são dívidas grandes que estão sufocando os brasileiros, mas sim pequenas dívidas que se acumulam ao longo do tempo. Muitas vezes, essas pendências vêm de contas básicas como água, luz, celular ou compras parceladas em valores baixos — e quando não são resolvidas logo, acabam virando uma bola de neve, com juros altos e impactos sérios para o crédito do consumidor”, afirma o presidente do SPC Brasil.

Sobre a CNDL – Criada em 1960, a Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) é formada por Federações de Câmaras de Dirigentes Lojistas nos estados (FCDLs), Câmaras de Dirigentes Lojistas nos municípios (CDLs), SPC Brasil e CDL Jovem, entidades que, em conjunto, compõem o Sistema CNDL. É a principal rede representativa do varejo no país e tem como missão a defesa e o fortalecimento da livre iniciativa. Atua institucionalmente em nome de mais de 500 mil empresas, que juntas representam 9% do PIB brasileiro e 17% do PIB do setor, geram 7 milhões de empregos e movimentam R$ 600 bilhões por ano.

Sobre o SPC Brasil – Há mais de 60 anos no mercado, o SPC Brasil é um dos mais tradicionais bureaux de crédito da América Latina, com uma robusta base de dados com informações de crédito de pessoas físicas e jurídicas. É a plataforma de inovação do Sistema CNDL para apoiar empresas em conhecimento e inteligência para crédito, identidade digital e soluções de negócios. Possui 232 milhões de CPFs no seu banco de dados, 57 milhões de CNPJs cadastrados e 120 milhões de consultas por mês. Oferece serviços que geram benefícios compartilhados para sociedade, ao auxiliar na tomada de decisão e fomentar o acesso ao crédito. É também referência em pesquisas, análises e indicadores que mapeiam o comportamento do mercado, de consumidores e empresários brasileiros, contribuindo para o desenvolvimento da economia do país.

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