Por André Barros
Os dois veículos chineses que serão vendidos no mercado brasileiro com o emblema Chevrolet, Spark e Captiva EV, são, para Santiago Chamorro, perfeitos para serem produzidos em alguma fábrica local da General Motors. “Veja bem, é um SUV B e um SUV C, dois segmentos bem aquecidos do mercado”, disse o presidente da General Motors América do Sul a jornalistas, após uma cerimônia em que a marca apresentou cinco lançamentos – os dois chineses e os novos Onix e Onix Plus, que saem de Gravataí, RS, e o SUV Tracker, montado em São Caetano do Sul, SP.
O que não bate é a equação para a fabricação local: “Os chineses possuem custo muito inferior ao nosso e mesmo com os 25% de imposto de importação [atualmente aplicados para veículos elétricos importados] compensa trazer de lá”.
Chamorro disse que a competitividade chinesa é justificada por dois fatores: o primeiro é a larga escala de produção. “As fábricas de lá podem produzir 45 milhões de veículos. As nossas, 4 milhões. Eles produzem 1 bilhão de toneladas de aço por ano, em boa parte com minério de ferro exportado do Brasil. As siderúrgicas locais produzem pouco mais de 30 milhões de toneladas”.
O outro fator, segundo ele, são os subsídios que as fabricantes chinesas têm e que, no Brasil, é justamente o oposto, com uma pesada carga tributária. O presidente da GM América do Sul disse que a Anfavea prepara um estudo para apresentar estes fatores ao governo e debater, em conjunto, medidas para uma “verdadeira política industrial”.
“Os mais de R$ 130 bilhões em investimentos anunciados recentemente pela indústria estão em risco com os carros chineses chegando tão facilmente ao nosso mercado”.
Então por que a GM importa os carros elétricos da China? A resposta, segundo o executivo, está no ditado “se não consegue vencer o inimigo, junte-se a ele”. Mas ele deixa claro que a sua vontade é reforçar a industrialização, trazendo veículos tecnológicos como o Spark e a Captiva para as fábricas locais.
“Meu sonho é poder produzir esses veículos aqui. O Brasil possui fonte de energia limpa, é perfeito para o carro elétrico. Mas precisamos resolver a equação”.
Liderança é bem-vinda, mas não o objetivo
Os cinco lançamentos simultâneos, considerados por Chamorro “a maior ofensiva de produtos da história da Chevrolet no Brasil”, chegam em um momento em que a rede de concessionárias ansiava por novidades. As vendas caíram 15% no primeiro semestre, para cerca de 120 mil unidades. A renovação de três dos campeões de vendas, Onix, Onix Plus e Tracker, pode ajudar a reverter os números negativos. Mas esta não é a grande preocupação do presidente:
“Participação de mercado é a estatística da vaidade, não paga a conta no fim. O mercado brasileiro é complicado, é difícil combinar bom resultado comercial com o financeiro”.
Tanto que a Chevrolet equipou seus modelos com tecnologia, oferecendo, de série, itens como faróis full-Led, painel digital integrado ao multimídia formando uma tela de 11 polegadas, wi-fi nativo e chave presencial. O preço do Onix parte de R$ 103 mil, acima de seus concorrentes, como Volkswagen Polo e Hyundai HB20.
“O brasileiro quer carro com tecnologia, segurança e qualidade”, justificou Chamorro. Mas houve a preocupação em adequar o modelo aos requisitos do programa do Carro Sustentável, que será apresentado pelo governo federal na quinta-feira, 10. “Nossa engenharia trabalhou para que o Onix se enquadrasse. Ele perdeu um cavalo de potência, algo que nossos consumidores não sentirão falta”.
Fonte: AutoData