Com o SUV elétrico Tan de até R$ 500 mil, BYD inicia nova fase no Brasil

Após investir em fábricas de ônibus elétrico, painéis solares e baterias, marca chinesa busca lugar de prestígio no mercado de carros (Pedro Kutney, AB)
Com o SUV elétrico Tan de até R$ 500 mil, BYD inicia nova fase no Brasil
BYD Tan EV, primeiro SUV elétrico de sete assentos no mercado brasileiro

A chinesa BYD, terceira maior montadora do mundo em valor de mercado avaliada em US$ 133 bilhões (atrás de Tesla e Toyota) e especializada na produção de veículos eletrificados, baterias e painéis fotovoltaicos, instalou seu escritório no Brasil em 2013, mas só agora anuncia oficialmente sua entrada no ainda incipiente mercado brasileiro de carros elétricos. E vai começar no topo da pirâmide social veicular, em busca de prestígio para a empresa com o sofisticado Tan, primeiro SUV de sete assentos 100% elétrico lançado por aqui. As primeiras 200 unidades começam a ser distribuídas às novas concessionárias da marca a partir de março e o preço vai girar entre R$ 400 mil e R$ 500 mil, a depender principalmente da volátil desvalorização cambial. 


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A chegada do Tan foi precedida pela inauguração, em 2015, da fábrica de chassis de ônibus elétricos em Campinas (SP) – desde então já foram vendidas 150 unidades no País – e dois anos depois, na mesma cidade, foi iniciada a produção de painéis solares fotovoltaicos. No ano passado foi inaugurada a planta de montagem de baterias de lítio-ferro-fosfato (LFP) em Manaus (AM), com investimento de R$ 35 milhões. Paralelamente, também já foram importados cerca de 200 veículos leves elétricos, principalmente furgões. 

Segundo Tyler Li, presidente da subsidiária brasileira, a BYD está iniciando uma nova fase no Brasil com o lançamento do Tan em 2022, mas o plano é seguir crescendo e investindo na produção local em todas as áreas de atuação da empresa, que já tem 500 empregados no País. 

Mercado premium

Com o Tan, a BYD entra sem escalas no mercado de automóveis de alto luxo, competindo em pé de igualdade em sofisticação, desempenho e preço com modelos elétricos e híbridos como Audi e-Tron, Porsche Cayenne, Mercedes-Benz EQC 400 e Jaguar i-Pace. Pelo preço, ainda estimado, também poderá concorrer com SUVs topo de linha com motor a combustão como Chevrolet Trailblazer, Toyota SW4 e Mitsubishi Pajero Sport. 

A rede da BYD está em construção, a empresa está em negociação com alguns grupos de concessionários, mas segundo o diretor comercial Henrique Antunes o plano é até o fim de 2022 ter 35 concessionárias plenas, com showroom, oficina, venda de peças e, para aproveitar a outra especialidade da empresa, também vão comercializar as placas produzidas em Campinas para projetos de geração solar de energia. 

O primeiro contrato de representação fechado é um bom indicativo das pretensões premium da BYD. A primeira concessionária da marca no País, a ser aberta em endereço nobre de São Paulo, é do grupo Eurobike, que já tem lojas de marcas de luxo como Audi, Volvo e BMW. “Nossa intenção é compartilhar a mesma reputação de outras premium em um mesmo grupo”, destaca Antunes.

Adalberto Maluf, diretor de marketing da BYD, afirma que é grande a receptividade de grupos de concessionários que já representam marcas premium. “Fizemos um plano conservador. Nossa intenção era inicialmente importar 50 unidades do Tan, mas aumentamos para 200 depois dos pedidos que recebemos antecipadamente dos concessionários com quem estamos conversando. Alguns deles nos dizem que o carro pode vender muito mais para o público de alta renda”, afirma.

Depois de começar a vender o Tan (pré-reservas já podes ser feitas com preenchimento de um cadastro no site da marca, mas a pré-venda com pagamento de sinal só começa em janeiro), o plano da BYD é trazer o sedã Han no segundo trimestre de 2022 e, no segundo semestre, chegam modelos mais baratos híbridos plug-in, que rodam até 50 km em modo elétrico, com baterias que podem ser recarregadas pelo motor a combustão ou na tomada.

Tan combina sofisticação e esportividade

Produzido na matriz da BYD na China, em Shenzhen, o Tan será vendido em versão única topo de gama no Brasil. Não há opcionais e o carro tem tudo que seu preço pode comprar, incluindo os mais modernos sistemas de conectividade e assistência ao motorista. Com tração integral nas quatro rodas e dois motores elétricos, sobra estabilidade e potência ao SUV: são exagerados 517 cavalos e torque máximo de 680 Nm, que cola aos bancos as costas dos ocupantes, levando o carro de 0 a 100 km/h em 4,6 segundos.

O interior tem acabamento de luxo, com revestimentos de couro e emborrachados. O quadro de instrumentos é 100% digital, em uma tela de 12,3 polegadas. No centro do painel fica a enorme tela de 15,6 polegadas, que pode ser posicionada na horizontal ou vertical ao toque de um botão. O sistema de som tem 12 alto-falantes. A partida e travamento/destravamento das portas pode ser feita com um fino cartão no bolsou ou dentro da carteira do motorista, que também pode fazer os mesmos acionamentos pelo smartphone. 

Os sistemas avançados de auxílio à condução não ficam devendo a nenhum outro modelo premium, incluem controle eletrônico de estabilidade (ESC) e tração (TCA), frenagem automática de emergência (AEB), assistência de permanência em faixa (LKA), câmeras com visão 360 graus ao redor do carro, gravação do interior do veículo. 

Segundo medições da BYD no Brasil, o Tan tem autonomia para 472 km rodando na cidade e até 395 km na estrada. A recarga rápida em corrente direta de 30% a 80% da capacidade das baterias pode ser feita em 30 minutos. No carregador de 110 kW, dura uma hora e meia. Em casa, com carregador de 7 kW, o recarregamento completo dua 15 horas. 

O Tan usa baterias Blade de lítio-ferro-fosfato (LFP), que foram desenvolvidas pela própria BYD com maior densidade e segurança. Além de 50% mais compactas do que os bancos de baterias que vêm sendo usados pela indústria, a grande vantagem é que a Blade não pega fogo mesmo se for perfurada, como acontece com outras baterias de lítio que em contato com o ar entram em combustão. Em tese, a Blade não precisa de sistema de arrefecimento, sua temperatura máxima é de 60 ͦC, mas tem resfriamento para aumentar sua durabilidade.

Fonte: Automotive Business

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