O CEO da Eve Urban Air Mobility, André Stein, deu uma entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo em que confirma o potencial da cidade de São Paulo para receber os carros voadores que sua empresa desenvolve. Segundo ele, a capital é capaz de receber de 400 a 500 eVTOLs nos próximos 15 anos.
De acordo com a reportagem, a Eve, empresa da Embraer, está desenvolvendo suas aeronaves de decolagem e pouso vertical para serem capazes de operar nos helipontos que já existem. No entanto, o ideal seria que a cadeia de vertiportos (áreas específicas para carregamento, pouso e decolagem dos veículos) fosse dedicada, não só pela infraestrutura específica, mas também pela necessidade de acessar pontos mais frequentados das cidades.
Stein argumenta que os helicópteros não se popularizaram por serem custosos demais, mas que será diferente com os eVTOLS. “Nos últimos anos, a aviação comercial vem sendo democratizada e a ideia é que o eVTOL chegue bem próximo (do custo) do transporte terrestre. A viagem vai ser acessível”, disse ele ao Estadão. “Queremos dar uma opção de mobilidade e não necessariamente substituir alguma delas”, afirmou.
Expectativa elevada para a abertura de capital
Na entrevista, o executivo também disse estar otimista para a entrada da Eve na bolsa norte-americana, o que está previsto para acontecer no segundo trimestre. Assim como tem sido a tendência no mercado de startups, a abertura de capital está sendo feita por meio da fusão com uma SPAC – uma empresa “casca” que não produz nada e é fundada com o objetivo único de levantar fundos para uma fusão. Quando uma SPAC é criada, geralmente não se sabe com qual companhia ela irá se fundir. Mas isso não é problema para os investidores, pois os profissionais que criam essas empresas geralmente são veteranos do mercado de ações, considerados de confiança. Por isso, uma SPAC é vista como a “empresa do cheque em branco”.
O valor implícito da fusão será de US$ 2,4 bilhões, dinheiro que a Eve precisa para poder continuar investindo no desenvolvimento da tecnologia. Mesmo após a abertura de capital, entretanto, a Embraer permanecerá como acionista majoritária, possuindo 82% da participação na Eve Holding.
“Nosso mercado não está caindo mais que os outros, o segmento continua proporcionalmente aquecido. Mas vai começar a acontecer uma separação natural entre as empresas com bom e mau desempenho”, disse Stein quando confrontado com o fato de que algumas rivais da Eve, como Archer e Joby, tiveram quedas acentuadas de suas ações após abrirem o capital em 2021. “Temos uma história sólida e continuaremos com prioridade no desenvolvimento de soluções”, diz ele. A Eve é atualmente uma das maiores empresas de eVTOLs do mundo e possui mais de 1.800 aeronaves encomendadas.
Operações internacionais
Stein também comentou a notícia da semana passada sobre a participação da Eve em um Conceito de Operações (Conops) de mobilidade urbana aérea para a cidade de Miami. “Em Miami, chegamos a 88 rotas e 32 vertiportos. Estimamos que São Paulo tenha quase o dobro desse potencial de mercado. Estamos mapeando diversas cidades para criar uma planta baixa de como seria a operação e podemos aplicar esse conceito para várias comunidades”, disse ele.
Hoje, em notícia não relacionada à entrevista, a Eve anunciou a conclusão de outro Conops do qual participava, no Reino Unido. Lá, o objetivo era definir projetos, procedimentos e infraestrutura do espaço aéreo de baixo nível, mas com foco em uma rede de vertiportos do Aeroporto de Heathrow (LHR) para o Aeroporto London City (LCY). “O estudo de Londres e o Conceito de Operação fornecem um exemplo tangível para a autoridade aeronáutica britânica entender melhor os objetivos da mobilidade aérea urbana e apoiar o desenvolvimento de regulamentações futuras”, disse Stein em nota.
Fonte: Automotive Business