A frota brasileira segue envelhecendo, com destaque para os segmentos de automóveis e caminhões. Praticamente estável em 2024, a idade média dos autoveículos alcançou 10 anos e 11 meses, o que representa um mês a mais, comparativamente ao ano anterior.
Em direção contrária, houve rejuvenescimento do acervo de motocicletas, cuja idade média atingiu 8 anos em 2024, exprimindo redução de 4 meses em comparação ao que fora apurado em 2023. Reflexo do ritmo aquecido de produção e vendas dos últimos anos, conforme mencionamos anteriormente, as motocicletas levam vantagem quando comparadas ao elevado valor dos veículos de passeio.
Considerando-se a faixa de autoveículos de 0 a 5 anos, é notório o recuo dessa parcela na frota circulante, com a participação encolhendo de 38,5% para 22,3% entre 2015 e 2024. Em termos absolutos, a quantidade de veículos passou de 16,5 milhões em 2015 para 10,7 milhões em 2024 — redução de aproximadamente 35,2%. A queda reflete a desaceleração da produção e vendas de veículos 0Km até 2023, causada pelas incertezas econômicas, menor confiança do consumidor, aumento dos preços e mudanças nas preferências de mobilidade
A redução da faixa de veículos entre 6 e 10 anos — a participação regrediu de 28,7% para 22,6% nos últimos 10 anos — reforça a hipótese de envelhecimento da frota, constatando-se, adicionalmente, que houve avanço da faixa seguinte (11 a 15 anos). Esse grupo observou maior variação relativa (131,0%), com os volumes passando de 6,5 milhões, em 2015, para 15,0 milhões em 2024. A representatividade foi de 15,2% para 31,3% na última década, reafirmando a ideia de que os veículos estão sendo mantidos em circulação por mais tempo.
O envelhecimento está estampado também nas faixas acima de 16 anos de uso. Houve incremento de aproximadamente 4,0 milhões de unidades no estoque de veículos nessas condições. Em conjunto, a representatividade dessas faixas avançou de 17,6% em 2015 para 23,8% em 2024. O aumento das faixas que representam veículos com mais tempo de uso e, portanto, renovação mais lenta, confirmam que o caminho para a descarbonização é complexo. A menor adesão aos veículos elétricos e a persistência de uma frota circulante antiga, em que pesem os estímulos gerados pelo Programa Mover, tendem a impactar a eficiência energética e as emissões de poluentes.
Como segmento mais representativo da frota, os automóveis refletem simbioticamente o panorama geral de autoveículos. No caso dos veículos mais novos (0 a 5 anos), registrou-se queda de 13,4 milhões em 2015 para 8,0 milhões em 2024, representando redução de aproximadamente 40%. A faixa de 6 a 10 anos cresceu de 10,2 milhões em 2015 para o pico de 13,1 milhões em 2019. A partir daí sofreu retração contínua atingindo 8,9 milhões em 2024. Essa redução encontrou movimento distinto para a faixa de 11 a 15 anos, que trouxe maior variação no período, com incremento de mais de 120%. Para as faixas de 16 a 20 anos, o crescimento nos últimos 10 anos foi de aproximadamente 59% e, para mais de 20 anos, avanço de 30%. A última sugere limite natural para a vida útil dos automóveis. Conclui-se que a frota circulante de automóveis exibiu crescimento moderado, porém, com envelhecimento perceptível ao longo da década.
Fonte: Novo Varejo